Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, mais conhecido pelo
pseudômino de Pepetela, publicou o romance Mayombe em 1971, retratando a
história dos guerrilheiros do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola)
numa guerra que durou de 1961 a 1974.Se conhecer e se reconhecer. Essa é a experiência
principal pelas quais passam os personagens de Mayombe. Aliás, Mayombe é o nome
da selva onde os guerrilheiros do MPLA empreitam sua luta contra o domínio português, para sair da condição de
colonizados. Esse espaço, a selva, tem uma importância muito grande no que diz
respeito à conscientização desses homens, não mais como pertencentes a
etnias/tribos diferentes, desarticulados na luta pela independência, mas agora,
se reconhecendo como um só povo lutando por uma só nação! É enfrentando as condições
totalmente inóspitas da selva que surge esse reconhecimento de si mesmo como
cidadão de um país e o sentimento de nacionalidade, independente das origens
étnicas/tribais de cada um.Um aspecto interessante dessa obra é que embora haja um
narrador onisciente que conduz a trama, os outros personagens também ganham voz
para contar suas experiências e para que possamos ver vários lados de uma mesma
verdade.Para saber mais sobre essa
obra, seu enredo e contexto histórico acesse:- Em “Mayombe”, selva faz
surgir o “homem novo” angolano”/site Jornal da USP/ https://bit.ly/30Juw7s- Mayombe
(romance)/wikipedia.org/ https://bit.ly/36LciWU
Assista aos vídeos abaixo sobre esse romance angolano e suas características.
(Fonte: canal Ler Antes de Morrer - Isabella Lubrano/YouTube/https://bit.ly/34FWp1g) (Fonte: canal Pandora Vestibulares/YouTube/https://bit.ly/3dcF2cE) (Fonte: canal Leio, Logo Escrevo/YouTube/https://bit.ly/2GuXzFa) UM POUCO DE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-SOCIAL
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Mapa da África no início do século XX (Fonte: mercadopopular.org/https://bit.ly/30P68Bz) |
A GUERRA COLONIAL
O tema central do romance é a guerra pela independência da Angola. O conflito entre diversos grupos angolanos com as tropas portugueses durou mais de 13 anos. A luta armada teve diversas frentes e elementos. Os grupos que defendiam a independência da Angola tinham características muito diferentes entre si.
Além de visões políticas opostas, os grupos que lutavam pela independência também tinham suas bases fundadas em diferentes regiões e eram apoiados por grupos étnicos diversos.
O MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) foi um dos primeiros grupos. Formado por maioria Mbundu, tinha laços com o Partido Comunista português e pregava o marxismo-leninismo. O FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) era outro grupo importante, com forte apoio dos Bakongos e dos Estados Unidos.
Após a independência, o MPLA assumiu o poder e, pouco tempo depois, o país entrou em guerra civil. Boa parte desse entrave se deu porque o FNLA não aceitava o regime comunista. Mesmo tendo uma união tácita durante a guerra da independência, a luta na Angola foi complexa, com diversas nuances e conflitos internos.
O romance do Pepetela trata sobre uma frente do MPLA na região da Cabinda, de maioria bantus, e que também busca a independência de forma paralela à Angola. Isso gera certa desconfiança por conta dos guerrilheiros, dentre eles, só um é da etnia bantu.
O TRIBALISMO
Um dos principais aspectos do
Mayombe é o tribalismo. A Angola era composta por inúmeras tribos que foram
subjugadas e unidas sobre o mando de Portugal em um único país.
Diversas línguas compunham o
leque linguístico de Angola. O português era a língua oficial que, de certo
modo, unia todos, porém, ela não era a língua materna dos falantes e nem todos
falavam português fluentemente.
A unificação de diversas
tribos sobre o país da Angola gerou um processo chamado tribalismo. Antes de
serem angolanos, os cidadãos eram de determinadas tribos. A herança étnica gera
desconfiança entre membros de diferentes tribos.
"Somos nós, com a nossa
fraqueza, o nosso tribalismo, que impedimos a aplicação da disciplina. Assim
nunca mudará nada."
Em Mayombe os conflitos
gerados pelo tribalismo se misturam aos próprios conflitos gerados pela
organização do MPLA. Os guerrilheiros desconfiam entre si por conta das tribos
de origem uns dos outros e as relações políticas e de poder dentro da
organização também se misturam com essa desconfiança.
Apesar de alguns guerrilheiros
serem "destribalizados" (seja por terem passado muito tempo na Europa
ou terem crescido em Luanda ou terem país de tribos diferentes). A maioria
deles sente-se pertencente à determinadas tribos e as relações entre si acabam
passando por uma espécie de filtro tribal.
Pepetela
(Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em 29 de outubro de 1941, em Benguela, cidade angolana.
Com 15 anos de idade, foi para a cidade de Lubango, onde iniciou seu
engajamento político.
Em
1958, mudou-se para Portugal, onde estudou no Instituto Superior Técnico e na
Universidade de Lisboa. Durante os quatro anos que viveu nesse país, participou de discussões na Casa dos Estudantes do Império, uma
espécie de albergue para estudantes das colônias portuguesas, onde grupos de estudantes anticolonialistas e antifascistas refletiam sobre política e cultura.
O
escritor não aceitou a obrigação de alistar-se no exército português e, por
isso, exilou-se em Paris, na França, onde viveu por seis meses. Depois,
foi para a Argélia e, ali, formou-se
em sociologia.
Também
fez parte do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), além de ter sido
um dos fundadores do Centro de Estudos Angolanos. Assim, de 1969 a 1974, tomou
parte na luta armada. Como guerrilheiro,
era chamado de Pepetela (“pestana”, em
umbundo, uma língua bantu), nome de guerra que se transformou em seu pseudônimo
literário.
Durante
a guerrilha,
Pepetela também foi responsável pela propaganda a favor da luta armada pela independência, ocorrida em novembro de 1975, quando se tornou o
vice-ministro da Educação (cargo que ocupou até 1982) e participou da fundação
da União dos Escritores Angolanos (UEA). Então, passou a trabalhar como
professor de Sociologia na Universidade de Luanda, além de dedicar-se à escrita
literária e tornar-se o primeiro
escritor angolano a receber o Prêmio Camões. (Fonte: brasilescola.uol.br /
Para ler uma biografia mais completa acesse https://bit.ly/34Egpl1 (wikipedia.org)
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