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AS NOVELAS QUE TEMOS EM NOSSO ACERVO
Livro de João Guimarães Rosa composto de duas novelas: 'Dão-Lalalão' e 'Buriti', que têm em comum a sensualidade se sobrepondo a convenções e preconceitos e dominando totalmente o homem e a mulher.
A MORTE E A MORTE DE
QUINCAS BERRO D’ÁGUA
Antes de se tornar o boêmio e
cachaceiro Quincas Berro d’Água, festejado por malandros e prostitutas
das velhas ladeiras de Salvador, Joaquim Soares da Cunha foi um pai de família
respeitável, “exemplar funcionário da Mesa de Rendas Estadual, de passo medido,
barba escanhoada, paletó negro de alpaca, pasta sob o braço”. A virada
existencial, que levou a família a renegá-lo, deu-se aos cinquenta anos de
idade.
Se um homem teve duas vidas
tão contrastadas, nada mais justo que tenha também duas mortes. É esse o duplo
óbito que Jorge Amado narra nesta novela deliciosa, que tangencia o
fantástico sem perder o olhar aguçado para as particularidades da sociedade
baiana.
Publicada originalmente na
revista Senhor, em 1959, a novela A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO DÁGUA
se destaca pela prosa inebriante, que ganha uma atmosfera onírica, sem ser
possível distinguir o que é fato e o que é delírio etílico.
A HORA DA ESTRELA
Trata-se de uma novela escrita
por Clarice Lispector, publicada em 1977 e escrita na forma de
contraponto. De um lado, a história da ingênua Macabéa, migrante nordestina
pobre em luta pela sobrevivência na cidade grande; de outro, o drama do
escritor e seu processo de criação ao retratar uma pessoa distante de seu
universo socioeconômico e ser capaz de se comunicar com ela: “Tentarei tirar
ouro do carvão”, diz ele. A moça alagoana, sem recursos para lidar com os
códigos urbanos numa cidade do porte do Rio de Janeiro, despreparada para
enfrentar a competição capitalista, sem atributos que lhe garantam sucesso no
mercado do amor e do trabalho, enfrenta a hipocrisia de pessoas próximas. O
namoro com o operário Olímpico de Jesus Moreira Chaves, nordestino como ela,
não progride. Rude e vaidoso, ele afinal de contas não vê no relacionamento
chances de ascensão social. A colega Glória, por sua vez, espelho invertido da
protagonista – carioca “safadinha e esperta”, confiante nas próprias
sexualidade e feminilidade –, não hesita em ser desleal. O tom do livro oscila
entre a compaixão por um ser tão frágil, a angústia diante de uma forma de
escrita incompetente para se comunicar com os miseráveis, e a ironia, anunciada
no nome dos personagens.
É uma novela de Liev Tolstói, publicada pela primeira vez em 1886. Considerada uma das obras-primas da literatura, foi escrita logo após sua conversão religiosa do final da década de 1870, em que o velho escritor critica as convenções familistas e as aparências sociais, a superficialidade e a hipocrisia da alta sociedade.
Geralmente classificado entre os melhores exemplos de novela, A MORTE DE IVAN ILITCH conta a história de um juiz de alta corte e seus sofrimentos e morte por uma doença terminal na Rússia do século XIX.
Nesta obra-prima da literatura mundial, o genial Fiódor Dostoiévski, um dos maiores autores de todos os tempos, nos apresenta em sua novela MEMÓRIAS DO SUBSOLO uma narrativa intensa que nos convida a embarcar em uma viagem pelas memórias de um ex-funcionário público que, no auge de seus quarenta anos e vivendo no subsolo da repartição em que trabalhava, expõe suas confissões mentais, revelando seus pensamentos mais íntimos e sua visão sobre si mesmo e de alguns episódios de sua juventude, em muitos dos quais se sentiu humilhado, revelando-se decisivos para a formação de sua personalidade mordaz. Tais características o tornam incapaz de tomar decisões ou agir com confiança, imerso em dúvidas e questões mal resolvidas sobre si mesmo e sobre o ambiente ao seu redor.
Durante uma longa viagem de charrete pela estepe russa, o escritor Anton Tchékhov vai apresentando, em sua obra A ESTEPE, os personagens da região: mujiques (camponeses), negociantes, carroceiros, senhores de terra, nobres e religiosos. Personagens com sentimentos, desejos e atitudes universais, que tornam o microcosmo de um bioma russo um macrocosmo universal.
O olhar sensível do menino Iégor, o personagem principal, nos leva a conhecer, além da natureza e das atitudes das pessoas, as expressões dos seus rostos e as suas emoções, mergulhando o leitor naquela vida rude e difícil, que lembra a do sertão nordestino e a de tantas outras regiões.
Nesse ambiente precário, tipos e personalidades variados vão se descobrindo aos poucos, até chegar a suas dores e alegrias mais interiorizadas. Uma narrativa poética e profunda, que desvenda o amor e o ódio, a felicidade e a solidão, e as mudanças no crescimento de um menino e na sua transformação de vida.