quinta-feira, 15 de outubro de 2020

LIVRO DA SEMANA 1: O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO, de J. D. Salinger

(...) O que faz com que um livro narrando acontecimentos quase banais, ocorridos com um adolescente que não tem nada de extraordinário, transforme-se na mais acurada e sensível crônica da juventude na história da literatura? Só os espertos que chegaram a ler O Apanhador no Campo de Centeio, do escritor americano J.D. Salinger, é que podem dizer com certeza. Prestes a completar 70 anos de publicação  —  surgiu em 1951, antes mesmo dos pais da maioria de vocês nascerem  —  a novela de Salinger é não só uma das mais marcantes obras da literatura norte-americana contemporânea; é também um marco na longa estrada que os jovens trilharam (e ainda trilham) para provar que têm direito a uma voz e uma visão de mundo próprias. (...)
(Fonte: revistabula.com / https://bit.ly/37bJY0e) 

Sempre ouvi muitos elogios sobre este livro. Uma amiga o tinha como livro de cabeceira, daqueles que a gente lê e relê várias vezes ao longo da vida. O texto tem um estilo de narrativa que agrada ao leitor desde o primeiro parágrafo. Talvez, alguns leitores se sintam incomodados quando ao se depararem com gírias e expressões antigas, mas isso só acontece com as edições mais antigas. Esse exemplar que temos em nossa Sala de Leitura faz parte da última edição e certamente o vocabulário foi atualizado. Esse livro foi um grande marco na literatura porque foi um dos primeiros livros que mostra um adolescente como protagonista de um romance e tratando dos seus dilemas psicológicos. 

Vamos conhecer as primeiras linhas do primeiro capítulo para que você possa sentir o "tom", o estilo, da narrativa.

O Apanhador do Campo de Centeio — CAPÍTULO I —
Se você está mesmo interessado nessa história, a primeira coisa que você provavelmente quer saber é onde nasci, como foi minha infância sem graça, e como meus pais eram felizes antes de eu nascer e toda essa porcaria tipo David Copperfield, mas não estou afim de falar sobre essas coisas, se você quer saber a verdade. Em primeiro lugar, eu acho esse tipo de coisa um saco, e em segundo lugar, meus pais teriam um treco se eu revelasse qualquer coisa pessoal sobre eles. Eles são bem sensíveis com essas coisas, ainda mais meu pai. Eles são legais e tal — não estou dizendo o contrário — mas eles também são sensíveis pra diabo. Além do mais, não pretendo narrar toda minha maldita autobiografia nem nada. Só vou contar sobre o que aconteceu lá pelo último natal antes de eu ficar todo acabado e ter de vir aqui relaxar. Quer dizer, isso é tudo o que eu contei ao D.B., e ele é meu irmão e tal. Ele está em Hollywood. (...)

Aqui você tem resenhas completas sobre esse livro:
- infoescola.com / https://bit.ly/33YPYY9
- jucirqueira.com /https://bit.ly/3lQmhi1  
- bonslivrosparaler.com.br / https://bit.ly/3514NZE

Assista aos vídeos com resenhas sobre este livro:

        (Fonte: canal LER ANTES DE MORRER-Isabella Lubrano/YouTube/https://bit.ly/2FxXIXP) 

                                     (Fonte: canal UNIVESP/YouTube/https://bit.ly/2H3gAi3) 
Programa sobre o livro O Apanhador no Campo de Centeio, de Jerome David Sallinger publicado inicialmente em formato de revista e posteriormente em formato de livro em 1951. A partir daí se tornou um dos livros mais lidos nos Estados Unidos. Na década de 80 ficou muito famoso ao ser encontrado com o assassino de John Lennon; com o homem que atirou no ex-presidente americano Ronald Reagan e também com o assassino da atriz Rebecca Scheaffer. Quem explica para o jornalista Ederson Granetto o que tem esse livro que inspira assassinos e mexeu com a cabeça dos jovens americanos a partir da década de 1950 é a professora Maria Elisa Cevasco, titular do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP.

QUEM FOI D. J. SALINGER?

J.D. Salinger (1919-2010) foi um escritor norte-americano. Sua grande realização foi a criação do personagem Holden Caulfield, um adolescente desajustado protagonista e narrador da obra "O Apanhador no Campo de Centeio” (1951).

Jerome David Salinger (1919-2010) conhecido como J.D. Salinger, nasceu em Nova York, nos Estados Unidos, no dia 1 de janeiro de 1919. Filho de um judeu de origem polonesa e de uma escocesa, viveu sua infância na Park Avenue, em Manhattan. Começou a escrever ainda na escola secundária. A partir de 1940 publicou diversos contos. Estudou durante três anos na Academia Militar de Valley Forge. Em 1942, serviu na Segunda Guerra Mundial. Terminado o conflito, entrou para a Universidade de Columbia.
J.D. Salinger foi um exímio contista, capaz de profunda observação social em poucos traços. Seus personagens se expressam com um coloquialismo que poucos escritores alcançaram. Ele pertence a um restrito grupo de autores cuja assinatura se imprime não só no campo literário, mas na cultura de seu tempo. Sua grande realização foi o personagem Holden Caulfield, um adolescente desajustado, protagonista e narrador da obra “O Apanhador no Campo de Centeio” (1951), do original “The Catcher in the Rye”.
O livro foi considerado um ícone da geração dos anos 60. O personagem Holden Caufied era inquieto, desconfiado da autoridade adulta, mas igualmente deslocado entre os colegas de sua idade. Não encontrava nenhum sentido na vida por viver preso a instituições tradicionais como a família e a escola. Sua inquietude e sua revolta sem objeto anteciparam a cultura jovem contestadora das décadas seguintes.
Depois do livro que o consagrou como um dos maiores escritores norte-americanos, publicou só mais três livros - “Nove Estórias” (1953), “Franny & Zooey” (1961), "Carpinteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira e Seymour: uma Apresentação" (1963). Uma das poucas declarações que fez à imprensa foi para justificar seu esforço para impedir a publicação de uma coletânea de contos não autorizada, em 1974. "Há uma paz maravilhosa em não publicar, a publicação é uma invasão da minha privacidade", disse a um repórter.
J.D. Salinger deu voz à sua geração e depois escolheu se calar. Seu isolamento teve início em 1953, quando o escritor, até então vivendo em Nova York, se mudou para Cornish. Segundo uma antiga amante, Salinger falava de dietas estranhas, de tratamentos homeopáticos e de uma confusa devoção às mais variadas religiões, da cientologia ao zen-budismo. Por mais de quarenta anos, viveu recluso, sem publicar novos livros.
J.D. Salinger faleceu em Cornish, no estado de New Hampshire, Estados Unidos, no dia 27 de janeiro de 2010.                     
(Fonte: ebiografia.com / https://bit.ly/2FAVYwY)

10 coisas que você talvez não saiba sobre J.D. Salinger (por Jack Rossen em mentalfloss.com/literature - jan 2018/https://bit.ly/31dXaOt - tradução: André Luiz de C. Gattás)

(Fonte: Wikimedia Commons)
Nas últimas décadas, se algum artista foi celebrado por apresentar um conjunto enxuto de sua obra e, posteriormente, desapareceu da vista do público, esse autor é Jerome David (J.D.) Salinger. Ele publicou apenas um romance em sua vida, O Apanhador no Campo de Centeio, em 1951 - mas que excelente romance foi esse. Uma história sobre o amadurecimento de um adulto jovem sem rumo, chamado Holden Caulfield, em uma missão para se encontrar depois de ser expulso de uma escola particular. O Apanhador no Campo de Centeio inaugurou uma nova era da literatura filosófica, tornando-se um marco nas salas de aula o país.

Para comemorar o que seria o 99º aniversário de Salinger, verifique alguns fatos sobre suas experiências na guerra, sua decepcionante aventura com Hollywood e uma curiosa escolha de bebida.


1. ELE COMEÇOU A ESCREVER O ROMANCE ENQUANTO LUTAVA COMO SOLDADO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Salinger era um estudante inquieto, frequentando sucessivamente a New York University, o Ursinus College e a Columbia University. Enquanto fazia aulas noturnas no último, ele conheceu Whit Burnett, um professor que também editava a revista Story. Sentindo o talento de Salinger para a linguagem, Burnett o encorajou a buscar sua ficção. Quando a Segunda Guerra Mundial estourou, Salinger foi convocado para o exército. Durante seu serviço de 1942 a 1944, ele trabalhou em capítulos para o que mais tarde se tornaria O Apanhador no Campo de Centeio, levando seus escritos consigo mesmo enquanto marchava para a batalha.

2. ELE TEVE UM COLAPSO NERVOSO

Após seu serviço, Salinger experimentou o que mais tarde seria denominado transtorno de estresse pós-traumático: ele foi hospitalizado após sofrer um colapso nervoso em Nuremberg em 1945, depois de ter visto algumas batalhas sangrentas no Dia D e em Luxemburgo. Escrevendo a Ernest Hemingway, que ele conheceu enquanto o último era um correspondente de guerra da revista semanal Collier’s, ele disse que seu estado de desânimo tinha sido constante e que procurava por ajuda "antes que tudo saísse de controle".

 3. ELE NÃO PERMITIU QUE O ROMANCE FOSSE REESCRITO

Fixando-se em Nova York após a guerra, Salinger continuou a escrever, contribuindo com contos para a The New Yorker e outros veículos antes de terminar O Apanhador no Campo de Centeio. No meio literário, seu nome já estava se tornando conhecido por insistir que os editores não mudassem uma única palavra de seus textos. Quando a editora Harcourt Brace concordou em publicar seu romance, Salinger rompeu o contrato depois que eles terem insistido em fazer uma reescrita do texto. O livro intocado foi finalmente lançado pela editora Little, Brown and Company.

4. A REVISTA THE NEW YORKER RECUSOU-SE A PUBLICAR UM TRECHO DE O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO

Apesar de já ter publicado histórias na The New Yorker anteriormente, Salinger ficou consternado ao descobrir que a revista não apoiava muito sua estreia no romance. Obtendo uma cópia antecipada do livro na esperança de publicar um trecho, os editores disseram que os personagens do livro eram "duvidosos" e se recusaram a publicar qualquer trecho dele.

5. ELE DEU UMA ENTREVISTA... PARA UM ALUNO DO ENSINO MÉDIO

Logo no início, ficou claro que Salinger não iria abraçar qualquer celebridade que seu livro trouxesse à sua porta. Ele insistiu que sua editora (Little, Brown and Company) não publicasse uma foto do autor na sobrecapa do livro e recusou qualquer oportunidade de publicá-la - com uma exceção. Depois de se mudar para New Hampshire, Salinger concordou em dar uma entrevista a um jornal local de uma escola secundária, The Claremont Daily Eagle. Mais tarde, Salinger ficou consternado ao descobrir que um editor acabou publicando sua foto na primeira página de um jornal local. Aborrecido e sentindo-se traído, ele ergueu uma cerca de dois metros de altura ao redor de sua propriedade, protegendo-se ainda mais de olhos curiosos. 

6. ELE ACABOU VENDENDO UMA IDEIA DE FILME

Embora seu trabalho mais famoso tenha ficado fora das telas, Salinger teve um breve namoro com Hollywood. Em 1948, o produtor Darryl Zanuck comprou os direitos de um de seus contos, “Tio Wiggily em Connecticut”. Lançado como My Foolish Heart em 1949, rendeu à atriz Susan Hayward uma indicação ao Oscar (mais uma segunda indicação como Melhor Canção Original). Porém, Salinger, segundo consta, detestou o filme.

7. ELE PROCESSOU SEU BIÓGRAFO

Escolhendo um assunto difícil para traçar o perfil, o autor Ian Hamilton insistiu em buscar uma biografia de Salinger na década de 1980. Salinger ficou tão irritado que processou Hamilton para impedi-lo de usar trechos de cartas não publicadas. Uma decisão da Suprema Corte deu-lhe a vitória, impedindo Hamilton de usar as passagens. Mais tarde, Hamilton escreveu um livro, In Search of J.D. Salinger, de 1988, um relato de seus próprios negócios jurídicos com Salinger.

8. ELE PROVAVELMENTE BEBIA SUA PRÓPRIA URINA

Os hábitos reclusos de Salinger o tornaram presa fácil para uma ladainha de boatos, mas alguns de seus hábitos mais intrigantes foram revelados por sua filha, Margaret, em um livro de memórias que descreveu seu pai falando em línguas e ocasionalmente bebendo sua própria urina. Essa prática, chamada urofagia, é considerada benéfica para a saúde, embora nenhum estudo confiável tenha sido capaz de demonstrar isso.

9. ELE SEMPRE ADOROU A IDÉIA DE SE FAZER UM FILME SOBRE SEU ÚNICO ROMANCE

Com seus monólogos interiores persistentes, O apanhador no campo de centeio pode ser quase impossível de filtrar, mas isso não impediu que diretores tão reverenciados como Billy Wilder e Steven Spielberg tentassem. Ao longo de sua vida, Salinger notoriamente rejeitou qualquer tentativa de comprar os direitos de fazer um filme de seu livro, mas deixou aberta uma pequena possibilidade de que isso poderia acontecer depois que ele morreu. “Mas me dá um prazer infinito”, escreveu ele certa vez, “saber que não terei de ver os resultados da transação”. (O espólio de Salinger ainda não divulgou se eles procurariam evitar uma adaptação.)

10. UM DESENHISTA GANHOU UMA BOLSA DE ESTUDOS RESIDENCIAL PARA MORAR EM SUA CASA

No final de 2016, o Cornish Center for Cartoon Studies Residency Fellowship (Bolsa Residencial em Estudos de Desenho Animado do Cornish Center) aceitou inscrições para cartunistas/desenhistas que desejassem morar em um apartamento de um quarto sobre a garagem da antiga residência de Salinger, na cidade de Cornish, New Hampshire. A bolsa foi concedida para que o vencedor pudesse ter um lugar para se concentrar e produzir "um trabalho excepcional". O CCS repetiu a oferta em 2017, com um hóspede se mudando para o apartamento no dia 16 de outubro. Harry Bliss, cartunista da The New Yorker, é o atual proprietário do imóvel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários publicados neste blog são MODERADOS. Portanto, só serão publicados os comentários que estiverem de acordo com nossos termos. Por favor, antes de publicar, leia nossos TERMOS DE USO, abaixo listados.
1. Publique somente comentários relacionados ao conteúdo do artigo.
2. Comentários anônimos não serão publicados bem como aqueles que apresentem palavras e/ou expressões de baixo-calão, ofensas ou qualquer outro tipo de falta de decoro.
3. Os comentários postados não refletem a opinião do autor deste blog.

ANO 2024 - Bem-vindos!

CARDÁPIO DO MÊS - Abril 2024

O projeto CARDÁPIO DO MÊS tem por objetivo chamar a atenção dos usuários da Sala de Leitura para determinadas obras que a cada mês são sel...