quinta-feira, 29 de outubro de 2020

LIVRO DA SEMANA: LAÇOS DE FAMÍLIA, de Clarice Lispector

Essa poderia ser mais uma coletânea de contos de um escritor qualquer, como tantas outras, mas, em se tratando de Clarice Lispector, isso está longe de acontecer. Esta escritora é conhecida pela intensidade que coloca nas palavras, pelos inúmeros momentos de epifania[i] que ocorrem com seus personagens, e por suscitar discussões dos mais variados temas, como a família, o papel da mulher na sociedade e os relacionamentos, em decorrência do aprofundamento psicológico imposto a seus personagens. Segundo alguns críticos, este é o melhor livro para começarmos a ler, gostar e entender a obra de Clarice Lispector. É uma coletânea de treze contos que relatam momentos do cotidiano, aparentemente banais, mas só aparentemente! E, embora muitos desses contos tenham sido escritos há oitenta anos atrás (1940), isso não faz a menor diferença, pois continuam perfeitamente plausíveis para o nosso tempo atual. Isso se chama “atemporalidade” e é uma característica de uma obra clássica, aquela que o tempo não consegue destruir ou torna-la inadequada, fora da realidade. Também é interessante notar que dos treze contos reunidos nessa coletânea, apenas um (O Jantar) é narrado em primeira pessoa, enquanto todos os outros são narrados em terceira pessoa. Oito, dos treze contos (Devaneio e Embriaguez de uma Rapariga, Amor, A Imitação da Rosa, Os Laços de Família, Feliz Aniversário, Preciosidade, Mistério em São Cristóvão e O Bufálo) tratam da condição feminina no contexto familiar. Nos quatro restantes (Uma Galinha, A Menor Mulher do Mundo, Começos de uma Fortuna e O Crime do Professor de Matemática) estão também relacionados ao universo familiar, porém agora privilegiando outros membros da família.

[i] Epifania é um sentimento que expressa uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo. Também pode ser um termo usado para a realização de um sonho com difícil realização.

Relatos de Leitura de "Laços de Família" 

(...) Confesso que senti medo antes de começar. Pensei ser um daqueles livros curtos que passamos meses lendo, por ser cansativo ou muito rebuscado. Eu não poderia estar mais errado. A leitura de “Laços de Família”, exceto pelo primeiro conto (“Devaneio e embriaguez duma rapariga“) que é deveras complicado de ler, é simples.

A dificuldade vem simplesmente da profundidade das emoções exploradas no texto.

Existem partes em que é preciso ler e reler para entender exatamente o que a autora queria dizer, mas uma vez que você está imerso na história e conhece os personagens, tudo fica mais fácil. Sério. Sensibilidade é a palavra de ordem.

Aliás, algo que devo apontar: li o livro de ontem para hoje. Alguns podem dizer que não absorvi a leitura, ou que fui superficial. Garanto que não é o caso. Essa ressaca literária vai me acompanhar por semanas.

Melhores partes: Eu sofro de ansiedade, então foi fácil ter empatia com os personagens de Clarice. Todos eles sofrem desse mal, de uma forma ou de outra. Isso tornou todos os contos muito importantes para mim. Talvez por isso eu tenha conseguido fazer uma leitura tão rápida.(...)

HENDRICK, Alvaro. Resenha: “Laços de Família”, de Clarice Lispector. Disponível em: Portal Gatilho / https://bit.ly/2HO93U8

Assista a alguns vídeos com mais informações sobre Laços de Família

(Fonte: canal Ler Antes de Morrer - Isabela Lubrano / YouTube - https://bit.ly/3oJGoB1) 

(Fonte: canal Literatura Fora da Escola - Prof. Lucas Limberti / YouTube / https://bit.ly/37KVyjg)

                       (Fonte: canal Ana Lis Soares / YouTube / https://bit.ly/34CAkSP) 
 
            (Fonte: canal TV Oficina - Prof. André / YouTube / https://bit.ly/35HRMEG) 

Outras resenhas de Laços de Família para você ler:
- MANS, Matheus. Resenha: "Laços de Família" é livro poderoso de Clarice Lispector. Disponível em: Esquina da Cultura / https://bit.ly/37WcuU9 
- ZAMBONI, Isabela. Resenha: Laços de Família - Clarice Lispector. Disponível em: Resenhas à la Carte / https://bit.ly/3mBrz19 

QUEM FOI CLARICE LISPECTOR?

Clarice Lispector foi uma das mais destacadas escritoras da terceira fase do modernismo brasileiro, chamada de "Geração de 45".

Haya Pinkhasovna Lispector nasceu no dia 10 de dezembro de 1920 na cidade ucraniana de Tchetchelnik.
Descendente de judeus, seus pais Pinkhas Lispector e Mania Krimgold Lispector, passaram os primeiros momentos de vida de Clarice fugindo da perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa (1918-1920).
Diante disso, chegam ao Brasil em 1921 e vivem nas cidades de Maceió, Recife e Rio de Janeiro onde passaram algumas dificuldades financeiras.
Desde pequena, Clarice estudou várias línguas (português, francês, hebraico, inglês, iídiche) e teve aulas de piano. Era boa aluna na escola e gostava de escrever poemas.
Após a morte de sua mãe em 1930, Clarice termina o terceiro ano primário no Collegio Hebreo-Idisch-Brasileiro.
Mais tarde, sua família vai viver no Rio de Janeiro. Em 1939, com 19 anos, ingressa na Escola de Direito da Universidade do Brasil e começa a dedicar-se totalmente à sua grande paixão: a literatura.
Fez cursos de antropologia e psicologia e, em 1940, publica seu primeiro conto, intitulado “Triunfo”.
Após a morte de seu pai, em 1940, Clarice começa sua carreira de jornalista. Nos anos seguintes, trabalha como redatora e repórter na Agência Nacional, no Correio da Manhã e no Diário da Noite.
Em 1943, casa-se com o Diplomata Maury Gurgel Valente, com quem teve dois filhos. Seu primogênito, Pedro, foi diagnosticado com esquizofrenia. Seu segundo filho, Paulo, foi afilhado do escritor Érico Veríssimo.
Devido à profissão de seu marido, Clarice viveu em muitos países do mundo, desde Itália, Inglaterra, Suíça e Estados Unidos. O relacionamento durou até 1959, e quando resolveram se separar, Clarice retornou ao Rio com seus filhos.
A escritora foi naturalizada brasileira e se declarava pernambucana. Seu nome, Clarice, foi uma das formas que seu pai encontrou de esconder toda sua família quando chegaram ao Brasil.
Clarice falece no dia 09 de dezembro de 1977, véspera de seu aniversário de 57 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de câncer de ovário.

  • Clarice se apaixonou por quem viria a ser seu grande amigo confidente, o escritor Lúcio Cardoso (1912-1968), contudo, não ficaram juntos porque Lúcio era homossexual.
  • Um episódio marcante de sua vida foi o incêndio que ocorreu em sua casa, em 1966, provocado por um cigarro. Como consequência, ficou hospitalizada durantes meses e quase teve de amputar sua mão. 
(Fonte: todamateria.com.br / https://bit.ly/3myjsmg) 






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