Na maior parte das vezes, as histórias de cordel têm como núcleo um conjunto de problemas que devem ser solucionados pela inteligência e esperteza dos personagens.
Nos romances de heroísmo e de cavalaria, ou seja, de aventura, escritos na Idade Média, os personagens eram nobres como reis, condes, duques e princesas, cujas histórias foram adaptadas pela literatura oral brasileira. Nas histórias românticas, o herói sofre, passa por dificuldades, enfrenta proibições, mas continua sempre leal ao seu amor e às suas crenças. No final, ele geralmente sai vitorioso, e seus inimigos, desacreditados ou punidos. Na Idade Média, tínhamos ainda a figura do "trovador", que saia viajando pelos vilarejos e cidades cantando suas cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer. Essa figura poderia ser comparada com o cantor popular dos tempos atuais. O livro Histórias no Varal está essencialmente ligado à tradição popular nordestina dos cordéis, à beleza da literatura oral, versada, poética. Aqui encontraremos encantamentos, incidentes, aventuras heroicas e românticas. A obra é composta por duas histórias românticas e uma de aventura, escritas pelos famosos cordelistas João Melquíades Ferreira da Silva e Francisco das Chagas Batista, ambos nascidos na Paraíba. O primeiro é reconhecido como um dos primeiros cantadores e poetas da literatura de cordel com 36 folhetos produzidos. Já o segundo fundou a Livraria Popular Editora e ficou conhecido como um dos grandes intelectuais de seu tempo. A história "O Pavão Misterioso", de João Melquíades, conta em versos como um pavão levantou voo na Grécia com um rapaz e uma condessa raptada. No segundo cordel, "Roldão no Leão de Ouro", também de Melquíades, o Duque Roldão Guarim, escondido dentro de um leão de ouro, deve resgatar uma princesa de uma prisão. No terceiro e último cordel, Na história "Júlio Abel e Esmeraldina", de Francisco das Chagas, o tema é a vida e as desventuras de Júlio Abel, um banqueiro rico que vive em Paris, e sua amada esposa Esmeraldina.
João Melquíades Ferreira da Silva nasceu em Bananeiras, no brejo da Paraíba, em 7 de julho de 1869 e faleceu em João Pessoa em 10 de dezembro de 1933. Foi cantador e poeta de bancada, segundo Francisco das Chagas Batista, seu amigo e principal editor. É considerado um dos grandes poetas da primeira geração da literatura de cordel.
Sentou praça no Exército.
Participou das campanhas de Canudos em 1897 e do Acre em 1903. Em 1904, já
promovido a sargento, deu baixa do Exército, fixando residência na capital do
Estado da Paraíba, onde se casou e teve quatro filhos. Manteve vínculo com a
região rural de sua origem e escreveu diversos poemas com descrições da
Paraíba, especialmente da Serra da Borborema. Adotou o título de cantor da
Borborema.
(Fonte: BENJAMIM, Roberto. Biografia: João Melquíades Ferreira da
Silva. Disponível em: casaruibarbosa.gov.br / https://bit.ly/2JXJ0v1)
QUEM FOI FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA?
Francisco das Chagas Batista (nasceu na Vila do Teixeira, PB, em 05/05/1882 e faleceu na capital do Estado da Paraíba em 26/01/1930). Em 1900, vendia água e lenha e estudava, em Campina Grande; seu primeiro folheto, Saudades do sertão, é de 1902; em 1905 vendeu folhetos no Recife, e em Olinda passou pouco tempo no seminário; depois, trabalhou na ferrovia de Alagoa Grande.
Em 1907, pioneiramente,
versejou o romance Quo vadis, de Henryk Sienkiewicz; em 1909, residiu em
Guarabira, onde trabalhou com o irmão, o editor Pedro Batista e casou com a
prima Hugolina Nunes - tiveram 11 filhos, dentre eles os poetas populares
Paulo, Pedro, Maria das Neves e o folclorista Sebastião Nunes Batista, que
produziu obras referenciais do cordel).
Em 1911, vivia na capital da
Paraíba e negociava com livros; em 1913 fundou a Livraria Popular Editora,
editando paródias, modinhas, novelas, contos, poesia, e se firmou como um dos
intelectuais da época. Em 1929 publica o livro Cantadores e poetas populares,
imprescindível para a pesquisa em literatura popular em verso por conter as
mais antigas e confiáveis informações sobre esta forma poética. Ele foi dos
primeiros editores de cordel e imprimiu produções de muitos poetas populares da
época, exceto de João Martins de Ataíde.
Conquanto se o tenha como dos maiores autores do cordel, o estágio atual da pesquisa não permite precisar quantos folhetos produziu. Ruth Terra identificou em coleções 45 inquestionavelmente escritos por ele, dentre os quais 19 sobre a nascente gesta do cangaço e clássicos que criou ao dar forma poética à História da Imperatriz Porcina, de Balthazar Dias, Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães e História de Esmeraldina, baseada em novela do Decameron, de Boccaccio.
(Fonte: SILVA, José Fernando Sousa e. Biografia: Francisco das Chagas Batista. Disponível em: casaruibarbosa.gov.br / https://bit.ly/35khz6O)
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