segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Trilha Antirracista / Literatura: TAMBÉM OS BRANCOS SABEM DANÇAR, de Kalaf Epalanga

“Também os brancos sabem dançar” nos faz entender o mundo ao som do Kuduro

O músico e escritor luso-angolano Kalaf Epalanga, em seu empolgante romance musical, nos conta sobre a cena da música eletrônica produzida por comunidades pobres através do mundo e disseminada, pelo fluxo migratório, principalmente na Europa

O Kuduro está para Portugal e os países lusófonos em geral, sobretudo Angola, mais ou menos como o funk carioca está para as comunidades do Brasil. O ritmo surgiu, pasmem, a partir de um trecho do filme “Kickboxer”, particularmente uma cena em que Jean Claude Van Damme dança de maneira um tanto incomum e desengonçada em um bar.

Tony Amado criou o gênero a partir de seus pads eletrônicos ao imaginar a dança do astro que, segundo ele, tinha a “bunda dura”. A piada virou febre mundial, derrubou barreiras e se alastrou pelo mundo. No Brasil, o ritmo virou abertura da novela Avenida Brasil, de 2012, onde o hit “Vem dançar Kuduro” se transformou no ingênuo “Vem dançar com tudo”.

Quem conta esta e outras tantas histórias a respeito do Kuduro, é o escritor e músico angolano Kalaf Epalanga, em seu romance musical “Também os brancos sabem dançar”. No livro, em linguagem fluida e divertida, ele fala, a partir de uma enrascada, quando se encontrou sem passaporte na fronteira entre a Suécia e a Noruega, sobre a cena da música eletrônica produzida por comunidades pobres através do mundo e disseminada, pelo fluxo migratório, principalmente na Europa.

Epalanga nos dá, como poucos, uma visão da amplidão e responsabilidade que os sequenciamentos eletrônicos, DJs e músicos especializados passaram a ter no intercâmbio entre artistas e países mundo afora.

Lançado há cerca de um ano, mas que ganhou maior projeção no Brasil graças à participação de seu autor na Flip deste ano, “Também os brancos sabem dançar” é repleto de detalhes e histórias. Serve como um guia para o ouvinte que pretende aprender, não só sobre o Kuduro, mas também sobre tendências que dominam as pistas, redes sociais e plataformas de música por demanda mundo afora.

Epalanga, junto com a sua banda Baraka Som Sistema, tem vários álbuns lançados e conta também com participações de diversos músicos do planeta, inclusive a brasileira Karol Conka, com quem gravou “Bota”, uma das faixas mais executadas da sua página no Spotify.

O que parece menos interessar ao autor, no entanto, é divulgar a sua banda, que está em recesso e ninguém sabe quando ou se volta. O músico, apaixonado por artistas do mundo, se mostra muito mais voltado a mostrar transformações surgidas através e pela música. No livro, por exemplo, é possível conhecer uma Lisboa muito além daquela cantada por nossos patrícios. Uma outra cidade incendiada pela música dos afrodescendentes, que ajudaram a transformar e modernizar a capital lusitana.

“Também os brancos sabem dançar” é um livro e tanto, que quebra paradigmas e preconceitos, nos abre de maneira generosa e apaixonada o universo da música eletrônica e nos ajuda a entender com muito mais clareza este bravo novo mundo.

Leia mais sobre esse livro:

- OLIVEIRA, Acauam. No Passinho do Kuduro. Disponível em: Quatro Cinco Um - A Revista dos Livros / https://bit.ly/3xFIzbL
- OLIVEIRA, Joana. Kalaf Epalanga, o estrangeiro que conquistou o mundo. Disponível em: brasil.elpais.com / https://bit.ly/3yOTjpJ
- EPALANGA, Kalaf. Kalaf Epalanga, Músico e Escritor. Disponível em: Goethe-Institute Brasilien / https://bit.ly/2VQK9Ln)
- DUARTE, Rafael. A língua é a primeira ferramenta de opressão. Disponível em: jornalistaslivres.org / https://bit.ly/3AGuo8c)

Vídeo-resenhas:

Entrevista com Kalaf Epalanga sobre seu livro

(Fonte: canal Litera Tamy - YouTube / https://bit.ly/2UdJgvi)

(Fonte: canal Ler e Ver - YouTube / https://bit.ly/3yNRAkt)

A origem do Kuduro e da Kizomba

(Fonte: canal Leia - YouTube / https://bit.ly/3sjlquH)

Kalaf Epalanga & Noemia Colonna @ African Book Festival Berlin 2021 (entrevista em inglês)

(Fonte: canal African Book Festival Berlin - YouTube / https://bit.ly/3lXAr4l)

Quem é Kalaf Epalanga?

Foto: Duarte Roriz
Kalaf Epalanga nasceu em Benguela, em 1978. É também conhecido como Kalaf Ângelo. Foi criado no seio de uma família de funcionários públicos. A música e os palcos sempre fizeram sentido na sua vida. A partir dos anos 90, quando em Portugal se começam a ouvir novas sonoridades e linguagens rítmicas, foi quando deu os primeiros passos na música. Em conjunto com João Barbosa funda o grupo Buraka Som Sistema, em 2006, que obtém grande sucesso até à atualidade. Participou como letrista no Festival da Canção 2007, com o tema Será Cedo, para as vozes de Melo D e Elaisa. Para além de músico também é escritor, tendo já publicado vários livros: Estórias de Amor para Meninos de Cor (2011) e O Angolano que comprou Lisboa (por metade do preço) (2014). Voltou ao Festival da Canção 2015 como co-letrista do tema Lisboa, Lisboa, numa parceria com Sara Tavares, para a voz de Rita Seidi. Tem colaborado frequentemente com Sara Tavares, entre outros artistas para os quais também é letrista. Mais recentemente, em 2017 publicou o livro Também Os Brancos Sabem Dançar, e é um dos maiores divulgadores da lusofonia nas suas várias vertentes no nosso país. [...].

(Fonte: EPALANGA, Kalaf. Kalaf Epalanga, Músico e Escritor. Disponível em: Goethe-Institute Brasilien / https://bit.ly/2VQK9Ln)

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