O músico e escritor
luso-angolano Kalaf Epalanga, em seu empolgante romance musical, nos conta
sobre a cena da música eletrônica produzida por comunidades pobres através do
mundo e disseminada, pelo fluxo migratório, principalmente na Europa
O Kuduro está para Portugal e
os países lusófonos em geral, sobretudo Angola, mais ou menos como o funk
carioca está para as comunidades do Brasil. O ritmo surgiu, pasmem, a partir de
um trecho do filme “Kickboxer”, particularmente uma cena em que Jean Claude Van
Damme dança de maneira um tanto incomum e desengonçada em um bar.
Tony Amado criou o gênero a
partir de seus pads eletrônicos ao imaginar a dança do astro que, segundo ele,
tinha a “bunda dura”. A piada virou febre mundial, derrubou barreiras e se
alastrou pelo mundo. No Brasil, o ritmo virou abertura da novela Avenida
Brasil, de 2012, onde o hit “Vem dançar Kuduro” se transformou no ingênuo “Vem
dançar com tudo”.
Quem conta esta e outras
tantas histórias a respeito do Kuduro, é o escritor e músico angolano Kalaf
Epalanga, em seu romance musical “Também os brancos sabem dançar”. No livro, em
linguagem fluida e divertida, ele fala, a partir de uma enrascada, quando se
encontrou sem passaporte na fronteira entre a Suécia e a Noruega, sobre a cena
da música eletrônica produzida por comunidades pobres através do mundo e
disseminada, pelo fluxo migratório, principalmente na Europa.
Epalanga nos dá, como poucos,
uma visão da amplidão e responsabilidade que os sequenciamentos eletrônicos,
DJs e músicos especializados passaram a ter no intercâmbio entre artistas e
países mundo afora.
Lançado há cerca de um ano,
mas que ganhou maior projeção no Brasil graças à participação de seu autor na
Flip deste ano, “Também os brancos sabem dançar” é repleto de detalhes e
histórias. Serve como um guia para o ouvinte que pretende aprender, não só
sobre o Kuduro, mas também sobre tendências que dominam as pistas, redes
sociais e plataformas de música por demanda mundo afora.
Epalanga, junto com a sua
banda Baraka Som Sistema, tem vários álbuns lançados e conta também com
participações de diversos músicos do planeta, inclusive a brasileira Karol
Conka, com quem gravou “Bota”, uma das faixas mais executadas da sua página no
Spotify.
O que parece menos interessar
ao autor, no entanto, é divulgar a sua banda, que está em recesso e ninguém
sabe quando ou se volta. O músico, apaixonado por artistas do mundo, se mostra
muito mais voltado a mostrar transformações surgidas através e pela música. No
livro, por exemplo, é possível conhecer uma Lisboa muito além daquela cantada
por nossos patrícios. Uma outra cidade incendiada pela música dos
afrodescendentes, que ajudaram a transformar e modernizar a capital lusitana.
“Também os brancos sabem
dançar” é um livro e tanto, que quebra paradigmas e preconceitos, nos abre de
maneira generosa e apaixonada o universo da música eletrônica e nos ajuda a
entender com muito mais clareza este bravo novo mundo.
Leia mais sobre esse livro:
- OLIVEIRA, Joana. Kalaf Epalanga, o estrangeiro que conquistou o mundo. Disponível em: brasil.elpais.com / https://bit.ly/3yOTjpJ
- EPALANGA, Kalaf. Kalaf Epalanga, Músico e Escritor. Disponível em: Goethe-Institute Brasilien / https://bit.ly/2VQK9Ln)
- DUARTE, Rafael. A língua é a primeira ferramenta de opressão. Disponível em: jornalistaslivres.org / https://bit.ly/3AGuo8c)
Vídeo-resenhas:
Entrevista com Kalaf Epalanga sobre seu livro
(Fonte: canal Litera Tamy - YouTube / https://bit.ly/2UdJgvi)
(Fonte: canal Ler e Ver - YouTube / https://bit.ly/3yNRAkt)
A origem do Kuduro e da Kizomba
![]() |
Foto: Duarte Roriz |
(Fonte: EPALANGA, Kalaf. Kalaf Epalanga, Músico e Escritor. Disponível em: Goethe-Institute Brasilien / https://bit.ly/2VQK9Ln)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados neste blog são MODERADOS. Portanto, só serão publicados os comentários que estiverem de acordo com nossos termos. Por favor, antes de publicar, leia nossos TERMOS DE USO, abaixo listados.
1. Publique somente comentários relacionados ao conteúdo do artigo.
2. Comentários anônimos não serão publicados bem como aqueles que apresentem palavras e/ou expressões de baixo-calão, ofensas ou qualquer outro tipo de falta de decoro.
3. Os comentários postados não refletem a opinião do autor deste blog.