(André Luiz Gattás)
Mas é preciso frisar, antes de tudo que, apesar da intensificação das distopias, a crença na possibilidade da ciência e da tecnologia produzirem uma sociedade utópica, na verdade, nunca desaparece. Desse modo, o que temos aqui é um cruzamento das representações literárias opostas da ciência e da tecnologia a partir do século XIX. Como dito, na medida em que a defesa de soluções tecnológicas para problemas sociais era representada pelas utopias, havia também quem delas duvidasse.
Podemos apontar como distopia científica produzida nessa época, a obra The Age of Science, A Newspaper of the Twentieth Century (1877) de Frances Power Cobbe (1822-1904) que representa uma ciência levada aos extremos, em que pessoas são executadas como hereges por ir contra seus princípios industriais e econômicos. E. M. Forster (1879-1970), em seu famoso The Machine Stops (1909), também apresenta os perigos que há se a humanidade se tornar completamente dependente da ciência. O seu conto é uma distopia científica em que uma civilização inteira morre porque perde sua originalidade de existir entre as máquinas.
Portanto, enquanto a utopia científica demanda uma atitude de maravilhamento através da ciência e seus cientistas, os escritores das distopias mostram uma crescente ambivalência em relação a sua disseminação através do estranhamento de um ser humano em um mundo desumano, tomado completamente pela industrialização e suas relações mecanicistas. Essa característica é frequentemente suprimida na leitura comum realizada de muitas ficções científicas produzidas durante o século XIX e XX. Desde Wells até Huxley essa ambivalência é dificilmente captada pela crítica. Ela fica, talvez, mais clara na obra de H. G Wells, erroneamente considerado um cego defensor do avanço científico. Em seus escritos, os problemas, na maioria dos casos, surgem do medo de que a ciência possa ser usada de forma abusiva.
Para muitos escritores de ficção científica como Wells ou Júlio Verne, a máquina é uma força irracional que reflete uma realidade artificial, ou seja, provoca uma teia de relações mecânicas que deteriora seus artistas e pensadores distintos: (...).
(...)
(Fonte: livrosefuxicos.com / https://bit.ly/3udvqbb)
Em meados dos anos 1863, o
renomado professor de mineralogia Otto Lindenbrock faz uma descoberta
surpreendente entre alguns livros velhos: um mapa exploratório descrevendo o
que parecia um paraíso intocável dentro do globo. Convencido de que as runas
antigas do mapa e que a história possa ser verdadeira, ele e o seu temeroso
sobrinho Axel partem para a extraordinária aventura.
“A ciência, meu rapaz, é feita
de erros, mas de erros que é bom cometer, pois conduzem à verdade.”
Acompanhados de um guia de
pouca conversa, Hans, eles adentram o globo através de uma caverna e vão
tomando notas de tudo o que vão encontrando pela frente, desde temperatura,
geologia, química e biologia. Mas logo a aventura se mostrará mais desafiadora
do que jamais puderam imaginar.
Em meio a túneis sem fins e
precipícios mortais, os aventureiros passarão por grandes momentos de aperto e
desespero, desde falta de recursos e mantimentos, bem como riscos mortais por
todos os lados. Mas tudo valerá a pena para contemplar uma das mais belas
vistas de toda a história e um mundo preservado da ação destrutiva do ser
humano.
Inicia
sua carreira literária logo após a desilusão de seu pai com a carreira de
advogado. Assim, tenta ingressar no teatro, escrevendo peças e poemas, além de
tentar a sorte com a música, sem sucesso. Em 1848, compõe, em parceria com
Michel Carré, dois libretos para operetas, e, dois anos depois, uma comédia
versificada, junto com o posteriormente célebre Alexandre Dumas Filho.
Entretanto, só descobriu sua verdadeira vocação ao escrever narrativas de
viagens.
Alguns
biógrafos afirmam que a infância em Nantes, cidade portuária, pode ter
estimulado esse pendor, já que o garoto adorava ficar olhando os navios
chegarem e partirem. Durante sua vida, nunca viajou muito, tendo feito apenas
viagens curtas no seu iate Saint-Michel, visitas rápidas à Inglaterra, Escócia
e outros destinos próximos, e uma viagem de navio aos EUA. Todavia, em seus
livros, percorreu o mundo, indo da África à Antártida.
O início
da carreira, como costuma ocorrer com todos os grandes escritores,
é marcado por dificuldades. Seu livro Cinco Semanas no Balão é
recusado por 15 editores, com acusações de tentativa ingênua de previsão do
futuro, até ser publicado na revista Magazin d'Éducation,
resultando em gigantesco sucesso de público e crítica.
Por
intermédio do amigo Alexandre Dumas Filho, Verne conhece Pierre Jules Hetzel, o
editor mais influente de Paris, que lhe propõe escrever, pelo menos, um livro
por ano. Entre as mais célebres, destacam-se Viagem ao Centro da Terra (1865), Da
Terra à Lua (1865), Vinte mil léguas submarinas (1869), Os
Ingleses no Polo Norte (1870), A Volta ao Mundo em Oitenta
Dias (1872), Miguel Strogof (1876) e Um
Capitão de 15 Anos (1878).
Além
disso, é um dos pioneiros do gênero “Ficção Científica”, tal como o conhecemos
atualmente, e, sobretudo, um visionário, tendo previsto inventos como o
condicionador de ar, o cinema falado, a iluminação, a televisão, etc.
Suas
influências passeiam por Jonathan Swift, com seu livro Viagens de
Gulliver, Daniel Defoe e seu Robinson Crusoé, e Edgar Allan Poe e seus contos macabros.
Verne compreendia perfeitamente as preferências dos leitores de todas as
idades, conseguindo, como poucos, prender sua atenção.
Em 24 de
março de 1905, Verne pediu a um criado um exemplar do livro Vinte Mil
Léguas Submarinas, perguntou pela mulher e os filhos, cerrou os olhos e
faleceu. A atualidade de suas obras, tal como sua popularidade, mantém-se
intactas, sendo um dos autores mais conhecidos e apreciados da História da
Literatura.