"O
correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí
afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas
Considerado não somente sua obra-prima, mas também um dos melhores romances da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas até hoje desafia a crítica, os leitores e os estudiosos de literatura. A história se assemelha a um monólogo (embora não o seja) do começo ao fim, cujo narrador é o personagem principal, o jagunço Riobaldo. Publicado em 1956, o romance chama atenção não somente pelas suas mais de 600 páginas (um "tour de force"¹ para leitores menos experientes) como também por não ser dividido em capítulos. Nesse romance, Guimarães Rosa utilizou elementos do experimentalismo linguístico característico da primeira fase do Modernismo juntamente com a temática regionalista da segunda fase do movimento, criando uma obra única e diferente de todas as outras.
1. "tour de force" é uma expressão francesa utilizada em português que significa "grande esforço"
(Texto: André Luiz Gattás)
Leia abaixo alguns trechos de resenhas sobre Grande Sertão: Veredas (se quiser ler a resenha na íntegra, clique no link em destaque)
[...] Acredito
que quase tudo já tenha sido falado e pesquisado sobre “Grande Sertão Veredas”
e sobre seu autor, João Guimarães Rosa. Confesso que quando resolvi ler “Grande
Sertão: Veredas” me senti entrando em um tipo de atmosfera literária em que eu
teria uma imensa dificuldade em ler. A obra traz uma linguagem da qual não sou muito
íntimo - a linguagem de Guimarães Rosa não é convencional, é irregular,
intimida. Mas tudo isso é passado. Posso dizer, com toda a segurança, que me
senti muito envolvido, muito confortável com a história de Riobaldo, e fascinado com a poesia e a erudição do autor. “Grande
Sertão Veredas” é realmente uma obra fantástica.
Meu único contato com a obra de Guimarães Rosa havia sido através de “A
Terceira Margem”, um conto magistral de seu livro “Primeiras Estórias”, e
só. Mas foi graças a esse conto que resolvi tomar coragem e encarar “Grande
Sertão Veredas”.
Guimarães Rosa, desde criança, era um ouvinte das histórias que lhe eram
contadas. Buscou na fala regional do centro norte de Minas Gerais a matriz do
seu estilo. Como médico, antes de ser diplomata, percorreu toda a região,
atendendo a doentes e ouvindo histórias no reino dos bois, no reino dos
vaqueiros e dos contadores. Seu contato e convívio com os narradores orais,
traz a marca desse universo dos mestres da narração. [...]
(Fonte:
bonslivrosparaler.com.br / https://cutt.ly/alwN302)
[...] Aos 9 anos, João se
mudou para Belo Horizonte com seus avós maternos, apesar de sempre voltar para
Cordisburgo nas férias com a intenção de rever sua cidade-natal, seus amigos e
outros familiares. Seu avô, de quem recebeu muita influência, foi professor, médico,
escritor e filósofo, inclusive envolvendo João em saraus literários semanais
que recebiam em sua residência grandes nomes das letras mineiras.
Desde cedo, João Guimarães
Rosa foi leitor assíduo: frequentava a biblioteca pública de Belo Horizonte por
horas a fio e alguns dizem que ele até levava lanches para não “perder tempo
almoçando”. [...]
(Fonte:
luizacipriani.medium.com / https://cutt.ly/SlqYNd4)
Tem livros para os
quais a gente precisa voltar de vez em quando e Grande sertão: veredas certamente é um deles. Terminei a
primeira releitura nas últimas semanas, mais de 10 anos depois da primeira
jornada, e o resultado? Gostei ainda mais do romance de Guimarães Rosa,
que já era um dos meus preferidos da vida. [...]
O trecho acima é da resenha 5 coisas marcantes em “Grande Sertão: Veredas” que está dividia
assim:
1.
Aquele
começo desconcertante
2.
É
a história de amor mais dolorida da literatura brasileira – quiça, do mundo
3.
Um
sertão bem diferente daquele que você acha que conhece
4.
...
mas também muito parecido em outras coisas.
5.
É
um livro sobre ética e justiça, numa perspectiva filosófica
(Fonte: lombadaquadrada.com / https://cutt.ly/SlqUT7A)
[...] É em meio ao bando de
pistoleiros que o protagonista reencontra Reinaldo, também jagunço do grupo. Riobaldo desenvolve um afeto diferente
por Reinaldo, que posteriormente
revela que seu nome verdadeiro era Diadorim.
[...]
[...] Assim, com a
convivência, Riobaldo e Diadorim se tornam mais próximos e o sentimento em
Riobaldo cresce ainda mais, até que ele aceite e admita que nutre um “amor torto” pelo colega, algo
impossível de se concretizar.
E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais
do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu
tinha gostado. Amor que amei – daí então acreditei.
(Fonte: culturagenial.com / https://cutt.ly/dlqIVRc)
[...] Nesse romance totalmente
ambíguo, lidamos com os conflitos de um jagunço
reflexivo que: apesar de ter uma noiva, se apaixona por um homem; é
religioso, mas faz um pacto com o diabo. Os conflitos de Riobaldo podem ser
resumidos na disputa entre o bem e o mal. Embora esses valores sejam relativos,
a depender de quem os julga.
Esse é um livro que fica
melhor a partir da segunda leitura,
pois há tantos detalhes para perceber, interpretar e se deliciar que uma
leitura apenas não basta. [...]
(Fonte: oquevidomundo.com / https://cutt.ly/KlqOd8p)
[...] Guimarães Rosa era
mestre das palavras, transitava como poucos entre a prosa e a poesia. Empregou
elementos nunca antes utilizados na prosa brasileira, elementos como metáforas,
aliterações, onomatopeias e ritmo. A força criadora de Rosa inventou uma nova
linguagem, permeada por neologismos e empréstimos linguísticos, resgatou termos
em desuso e explorou novas estruturas sintáticas para recriar a linguagem do
homem simples do interior. Por esse e outros tantos motivos, Grande
Sertão: Veredas é um daqueles livros inesquecíveis, que fazem parte da
bibliografia básica de todo apaixonado pela literatura. [...]
(Fonte: brasilescola.com.br / https://cutt.ly/alwBOHv)
[...] Como já dito, Riobaldo,
o narrador em primeira pessoa do livro, é um jagunço que se dispõe a relatar
sua história de vida para um “doutor” que vem da cidade e resolve o
entrevistar. Em primeira vista, se assemelha muito a um monólogo, apesar de não
o ser, devido à presença de sinais sutis de que há um interlocutor, ainda que
este não se manifeste diretamente. Somente nos é possibilitado conhecer que há
alguém mais ali através de comentários do próprio Riobaldo, já que não há
nenhuma fala direta além das suas. [...]
(Fonte:
luizacipriani.medium.com / https://cutt.ly/blwNUvF)
Em entrevista à TV alemã, em
1962, Guimarães Rosa explica 'Grande Sertão Veredas'. As imagens foram
retiradas do documentário “Outro Sertão”, dirigido por Adriana Jacobsen e
Soraia Vilela e é uma coprodução Galpão Produções/Instituto Marlin Azul.
(Fonte: canal Estadão - YouTube / https://cutt.ly/wlrpVMu)
Nascido em 27 de junho de 1908, na cidade mineira de Cordisburgo que, em uma mistura de latim e alemão significa algo próximo de “a cidade do coração”, de fato assim a foi para João Guimarães Rosa. A paixão pela sua terra natal é ainda hoje preservada através da transformação de sua casa em museu, com o nome do autor, em cuja entrada se lê:
O pai de Guimarães Rosa era
juiz de paz, vereador e comerciante na região. Por isso, seu armazém era um
ponto de encontro de tropeiros e viajantes, que desde cedo entusiasmavam o
menino com suas aventuras e, mesmo sem saber, semeavam o cerne do que viria a
se tornar obras de destaque da literatura nacional.
Aos 9 anos, João se mudou para
Belo Horizonte com seus avós maternos, apesar de sempre voltar para Cordisburgo
nas férias com a intenção de rever sua cidade-natal, seus amigos e outros
familiares. Seu avô, de quem recebeu muita influência, foi professor, médico,
escritor e filósofo, inclusive envolvendo João em saraus literários semanais
que recebiam em sua residência grandes nomes das letras mineiras.
Desde cedo, João Guimarães
Rosa foi leitor assíduo: frequentava a biblioteca pública de Belo Horizonte por
horas a fio e alguns dizem que ele até levava lanches para não “perder tempo
almoçando”.
“O homem nasceu para aprender,
aprender tanto quanto a vida lhe permita.” — João Guimarães Rosa
Mais adiante, Guimarães Rosa
estudou línguas estrangeiras e acabou optando por tomar o rumo da diplomacia.
Para isso, foi morar no Rio de Janeiro e em seguida foi nomeado vice-cônsul em
Hamburgo, na Alemanha. Conta-se que o escritor ajudou inúmeras vítimas do
nazismo a fugirem do Brasil, assinando o visto em seus passaportes.
Desde menino, porém, Joãozito
nutriu verdadeira paixão pelas histórias de jagunços. Apesar de nunca ter
morado no sertão (apenas o visitou 2 vezes), pedia ao seu pai detalhes da vida
nessa região e dizia que “o sertão está na cabeça”, ou seja, ele mesmo o
inventava e o tornava cenário e personagem se suas obras.
“ O sertão é dentro da gente” — João Guimarães Rosa, Grande Sertão:
Veredas
Suas grandiosas obras o levaram a ser escolhido, por unanimidade, para a Academia Brasileira de Letras. Anos depois de ser convocado, decidiu tomar posse em 16 de novembro de 1967, exatos 3 dias antes de falecer subitamente por causa de um infarto.
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