[...] porque o sertão é o terreno da eternidade, da solidão (...). No sertão, o homem é o EU que ainda não encontrou um TU; por ali os anjos e o diabo ainda manuseiam a língua" [...]
A
primeira versão de SAGARANA, primeira obra de João Guimarães Rosa, foi escrita em 1938 e participou do concurso
literário “Humberto de Campos” promovido pela livraria José Olympio, a mesma
que publica livros até hoje. Só oito anos depois, em 1946, veio a ser publicada
para o grande público com o título Contos
e sob pseudônimo de Viator.
Nessa
obra, constituída por nove contos (embora alguns classifiquem esse conjunto de textos como novelas), o
autor também revela elementos típicos da fala do sertanejo mineiro, no estilo
“contação de causo”, construindo narrativas bastante alegóricas. O que isso
quer dizer? Quer dizer que o escritor usa a alegoria como recurso literário
quando, ao contar uma história simples sobre qualquer coisa ou fato concreto,
na verdade o que pretende é instigar o leitor a refletir sobre ideias
abstratas, ocultas à uma primeira vista.
Como
já foi mencionado em um artigo anterior sobre este mesmo autor, é através do
emprego de uma linguagem de caráter
representativo que Guimarães Rosa também leva o leitor por um passeio
através do fluxo de sentimentos,
pensamentos, angústias e conflitos que se passam no interior dos personagens
(característica bastante evidente na estética
modernista) através de uma prosa
poética, estilo este que faz uso de todos os recursos da poesia.
(Texto: André Luiz Gattás)
Algumas observações importantes sobre o texto de Guimarães Rosa (se quiser ler o texto na íntegra, clique no link em destaque)
[...]
Voltada para as forças virtuais da
linguagem, a escritura de Guimarães Rosa procede abolindo intencionalmente
as barreiras entre narrativa e lírica, revitalizando recursos da expressão
poética: células rítmicas, aliterações, onomatopeias, rimas internas, elipses,
cortes e deslocamentos sintáticos, vocabulário insólito, com arcaísmos e
neologismos, associações raras, metáforas, anáforas, metonímias, fusão de
estilos [...]
[...] Guimarães
Rosa tinha plena consciência das dificuldades que seus textos apresentam para o
leitor: "Como escritor, não posso
seguir a receita de Hollywood, segundo a qual é preciso sempre orientar-se pelo
limite mais baixo do entendimento. Portanto, torno a repetir: não do ponto de
vista filológico¹
e sim do metafísico², no sertão fala-se a língua de Goethe,
Dostoievski e Flaubert, porque o sertão é o terreno da eternidade, da solidão
(...). No sertão, o homem é o eu que ainda não encontrou um tu; por ali os
anjos e o diabo ainda manuseiam a língua"[...]
(Fonte:
vestibular.uol.com.br - https://bit.ly/3s4Xx95)
1. Filologia:
a.
estudo rigoroso dos documentos escritos antigos e de sua transmissão, para
estabelecer, interpretar e editar esses textos.
b.
estudo científico do desenvolvimento de uma língua ou de famílias de línguas,
baseado em documentos escritos nessas línguas.
2. Metafísica:
a.
no aristotelismo, subdivisão fundamental da filosofia,
caracterizada pela investigação das realidades que transcendem a experiência
sensível, capaz de fornecer um fundamento a todas as ciências particulares, por
meio da reflexão a respeito da natureza primacial do ser; filosofia primeira.
b.
no kantismo, estudo das formas ou leis constitutivas da razão,
fundamento de toda especulação a respeito de realidades suprassensíveis (a
totalidade cósmica, Deus ou a alma humana), e fonte de princípios gerais para o
conhecimento empírico.
c.
por extensão, qualquer sistema
filosófico voltado para uma compreensão ontológica, teológica ou suprassensível
da realidade.
Veja alguns trechos de resenhas sobre SAGARANA (Para ler na íntegra, clique no link em destaque).
[...]
O título Sagarana é um neologismo, fenômeno linguístico muito
presente nas obras de Guimarães. É a junção da palavra "saga" com
"rana", de origem tupi, que significa "semelhante com".
Assim Sagarana é semelhante a uma saga. [...]
(Fonte:
culturagenial.com / https://bit.ly/2OO0DQr)
[...]
Entre as experiências vividas pelo autor estão as viagens pelo sertão brasileiro,
principalmente o mineiro, acompanhadas pelos famosos caderninhos de anotações.
Neles, Guimarães Rosa registrava palavras e expressões do povo brasileiro que,
mais tarde, transformaria em metáforas poéticas. [...]
(Fonte: vestibular.uol.com.br / https://bit.ly/3ashd0l
(Fonte: canal Vá ler um Livro - YouTube / https://cutt.ly/2k6qNu7)
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