segunda-feira, 7 de junho de 2021

LIVRO DA SEMANA: MACUNAÍMA, de Mário de Andrade

"Este livro, afinal, não passa de uma antologia¹ do folclore brasileiro." (
Mário de Andrade)
O termo rapsódia pode ser utilizado tanto na música quanto na literatura e significa uma obra composta com trechos de outras obras literárias ou musicais, alinhavados entre e si e que formam uma colagem, uma unidade. Foi assim que Mário de Andrade criou seu romance mais famoso, Macunaíma, pois ele queria expressar a pluralidade da realidade brasileira em todos os seus aspectos e através dessa colagem criar uma única identidade nacional. Para isso, o escritor criou uma narrativa seguindo os preceitos da produção literária modernista. 
O livro, que tem um caráter épico², é considerado um dos romances mais importantes do modernismo brasileiro, foi escrito em 1926 e publicado em 1928.
1. conjunto/coletânea de trechos seletos de diferentes obras; coleção de várias obras ou coisas.
2. que relata, em versos, uma ação heroica; relativo a ou próprio de epopeia ou de heróis.

[...] Assim ele faz de Macunaíma uma rapsódia: uma colagem das lendas, mitos, tradições, religiões, falares, hábitos, comidas, lugares, fauna e flora do Brasil. A grande genialidade da obra foi conseguir unir esses muitos elementos em uma narrativa coesa.
Para isso, Mário de Andrade lança mão de algumas características da composição modernista. O espaço em Macunaíma não segue as regras da verossimilhança dos romances realistas. O herói passa de um lugar distante para o outro em poucos passos [...]  O que dá unidade ao espaço no romance não é a distância física entre os lugares e sim suas características. [...]
(Fonte: culturagenial.com / https://bit.ly/2S6R7tL)

Enfrentar o desafio de construir uma obra dessas, com tamanho volume de informações só foi possível graças ao grande conhecimento de Mário de Andrade sobre a cultura e a diversidade do Brasil, que sempre foi um país continental que apresenta uma vasta gama de regionalismos, de uma pluralidade cultural imensa. 
Nessa colagem, o autor insere personagens históricos em contextos inusitados, ressignifica símbolos nacionais e mistura lendas indígenas com inovações tecnólogicas da época. 

Um aspecto importante desta obra é o emprego que o escritor faz de uma linguagem muito próxima da oralidade e que é um mix de falares regionais, estrangeirismos e termos indígenas. Portanto, "Macunaíma, o herói sem caráter" representa essa o povo brasileiro que está em busca dessa unidade nacional e vai se adaptando a cada situação diferente conforme elas surgem pelo caminho.  

[...] Mas quando falamos de Macunaíma, a linguagem encontrada e o estilo de escrita é ainda mais excêntrico. Isso porque Mário de Andrade quis romper barreiras, trazendo exclusivamente o brasileirismo em seus escritos. Assim sendo, nos deparamos com um estilo poético, com termos indígenas estampados em todos os cantos (pois vejam só, não existe mais brasileiro que o tupi).
E isso é assustador de imediato. Eu me lembro da primeira vez que li, por obrigatoriedade essa obra. Quis chorar, pois era adepta ao “politicamente correto”, com o português formal, com termos provindos de países europeus. Conhecia a mitologia grega de cabo a rabo, mas nada sabia sobre nosso folclore. [...]
(Fonte: cladoslivros.com.br / https://bit.ly/3x3LvPD)

(Texto: André Luiz Gattás)

CURIOSIDADES SOBRE MACUNAÍMA

  • Mário de Andrade disse que escreveu Macunaíma em 6 dias, deitado na rede de uma chácara em Araraquara, São Paulo. 

  • Nos dicionários, “macunaíma” significa: 1. entidade mitológica ameríndia criadora de de todas as coisas; 2. indivíduo preguiçoso e que tenta enganar os outros

  • Em 1969, foi lançado um filme de nome Macunaíma, baseado na obra de Mário de Andrade. Trata-se de uma comédia escrita e dirigida pelo cineasta brasileiro Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988). 

(Fonte: todamateria.com.br / https://bit.ly/2Rt91Gy)

Mário de Andrade e Araraquara

Macunaíma, o herói sem nenhum caráter
foi escrito na chácara de Pio Lourenço Correa, benfeitor de Araraquara, em uma semana de rede e muito cigarro, de 16 a 23 de dezembro de 1926. Nascido em 1893, Mário na infância juntava-se periodicamente na capital aos seus primos araraquarenses, da família de Cândido Lourenço Corrêa da Rocha, marido de sua tia Isabel.
O escritor esteve várias vezes na Chácara Sapucaia que hoje abriga o centro cultural. Em algumas, para se recuperar de crises emocionais, como a perda de seu irmão Renato em 1913, e em outras, para passar férias, como em 1926, quando redigiu a rapsódia transformada no livro Macunaíma. Ao completar 40 anos, Mário sofreu séria crise de depressão. Com fases mais brandas ou profundas, a doença acompanhou-o até o fim de sua vida. Enfermo, sempre recorreu às temporadas em Sapucaia.
Foi membro ativo de uma renovação estética e ideológica, buscava na mudança e na transição argumentos destacáveis para sua eterna luta: a da recuperação do sentido de ‘ser brasileiro’. Sua figura representa, até hoje, o grande questionador da cultura e da arte que estavam alimentando o Brasil do início do século 20. Com Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, Mário foi um dos mais fortes defensores da cultura do povo brasileiro e de seu resgate, enfatizando o retorno às origens, sem perder de vista as influências estrangeiras.

(Fonte: UNESP: Berço de Macunaíma é preservado como Centro Cultural em Araraquara, publicado em 21/01/2004. Disponível em: saopaulo.sp.gov.br / https://bit.ly/3v1LTwF)

"Macunaíma" foi escrito por Mário de Andrade em 1926, quando ele "refugiou-se" na fazenda Sapucaia do "tio Pio". Mário de Andrade teria escrito a obra em uma semana.
Pio Lourenço Corrêa foi, além de parente, amigo e correspondente de Mário de Andrade durante muitos anos.
A fazenda Sapucaia, que era o antigo nome do local onde hoje fica a chácara doada por Heleieth Saffioti à Unesp no dia 7 de dezembro, pertencia a Pio Lourenço Corrêa, um intelectual autodidata, que, entre outras coisas, estudou tupi para buscar a origem da palavra "Araraquara", comprando uma briga com os filólogos da época. Pio contestou a vertente que defendia, como muitos defendem até hoje, que "Araraquara" significava algo próximo a "ninho das araras". Para Pio Lourenço Corrêa, a palavra que dá nome à cidade do interior paulista deveria ser traduzida como "morada do sol". É uma das histórias que Renato Corrêa Rocha conta a respeito de Pio Lourenço Corrêa. Rocha é fazendeiro, vive em Araraquara e herdou a propriedade de Lourenço Corrêa, de quem é sobrinho, em 1961, e a vendeu para o casal Saffioti em 1973.
(Fonte: jornal Folha de São Paulo / caderno Ribeirão/ publicado em 17/12/2000. Disponível em: www1.folhauol.com.br / https://bit.ly/3uY0YPN)

- Acesse o site da UNESP e faça o tour virtual para conhecer o Centro Cultural Professores Waldemar e Heleieth Saffioti - Chácara Sapucaia, espaço onde Mário de Andrade escreveu Macunaíma aqui em Araraquara: fclar.unesp.br / https://bit.ly/3za2gdF

Abaixo você pode ler boas resenhas sobre Macunaíma e sobre o Modernismo no Brasil
Vídeo-resenhas sobre o livro Macunaíma e sobre a estética modernista

Macunaíma - Mário de Andrade
(Fonte: canal Cultebook - YouTube / https://bit.ly/34YAl2O)

Macunaíma e o Enigma do Herói às Avessas / José Miguel Wisnik
(Fonte: canal Café Filosófico CPFL - YouTube / https://bit.ly/3x2MI9L)

Karnal: Macunaíma é leitura essencial para entender o Brasil
(Fonte: canal Band Jornalismo - YouTube / https://bit.ly/3cq9CQK)

Resumo e análise crítica do livro Macunaíma, de Mário de Andrade
(Fonte: canal Instituto Realitas - YouTube / https://bit.ly/3gktfe0)

Macunaíma - Resumão #3
(Fonte: canal Lítera Brasil - YouTube / https://bit.ly/3x7sWdc)

Macunaíma: o herói sem nenhum caráter - resenha completa
(Fonte: canal Emily Larissa - YouTube / https://bit.ly/3zcWHez)

Análise concisa sobre Macunaíma e sua importância literária
(Fonte: canal Mundos Impressos - YouTube / https://bit.ly/34UGooL)

Assista ao filme Macunaíma (lançado em 1969, com direção de Joaquim Pedro de Andrade)
(Fonte: canal Bortao - YouTube / https://bit.ly/3x8Wasv)

QUEM FOI MÁRIO DE ANDRADE?

Mário de Andrade foi um dos intelectuais brasileiros mais importantes do século 20. Era poeta, romancista, cronista, musicólogo, fotógrafo e pesquisador do folclore brasileiro.

Teve contato pela primeira vez com o modernismo na exposição de arte de Anita Malfatti. Ao conhecer Oswald de Andrade, passou a ser influenciado pelo movimento modernista.

Mário de Andrade se juntou ao "grupo dos cinco" e passou a fazer parte da vanguarda da arte brasileira. O ano chave para Mário de Andrade e para a cultura brasileira foi 1922. Naquele ano, ele colaborou com a revista Klaxon, participou da Semana de Arte Moderna e lançou um dos seus principais livros, o Paulicéia Desvairada, que se tornou um marco para a literatura brasileira moderna.

Enquanto na Europa nasciam diversas vanguardas artísticas que defendiam a liberdade de criação, no Brasil o parnasianismo era a escola literária mais influente. Os parnasianos pregavam uma poesia metrificada, com rimas ricas e temas que contemplassem o belo.

Mário de Andrade, que era influenciado pelas vanguardas, se tornou um grande crítico do movimento parnasiano. Ele não queria apenas copiar o que era feito na Europa, e sim usar os conceitos das vanguardas europeias para criar uma literatura nacional.

Ele defendeu esta posição no Prefácio Interessantíssimo, uma espécie de manifesto onde reafirma o uso de versos sem métrica, sem rima, e uma linguagem mais simples e próxima do português falado no Brasil. Neste texto, Mário de Andrade também critica as regras rígidas e a linguagem difícil do parnasianismo.

Macunaíma foi o principal livro de Mário de Andrade. Nele estão todos os preceitos que defende. A narrativa é fluída e com muita liberdade, está cheia de elementos nacionais e de palavras originárias do Brasil. Mário conseguiu usar de fato as vanguardas europeias para criar uma literatura nacional.
(Fonte: culturagenial.com / https://bit.ly/3giIRia)

Biografia

- FRAZÃO, Dilva. Mário de Andrade, escritor brasileiro. Disponível em: ebiografia.com / https://bit.ly/2SizrLx

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