quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Trilha Antirracista / Sociologia: PEQUENO MANUAL ANTIRRACISTA, de Djamila Ribeiro

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Leitura essencial para quem deseja desconstruir preconceitos e compreender um pouco a história do racismo no Brasil e suas vertentes, "Pequeno Manual Antirracista" é uma dica de leitura para os dias de isolamento social

Você se considera antirracista? No livro “Pequeno manual antirracista”, Djamila Ribeiro propõe questionamentos que envolvem a sociedade e o racismo nela intrínsecos. De acordo com dados da Pesquisa Datafolha de 1995, a mais recente publicada sobre o assunto, a cada 23 minutos um negro morre no Brasil. Após os países da África, o Brasil é o local que mais tem negros em sua população, que soma cerca de 56%. Além disto, em pesquisa de campo, o Datafolha registrou que 89% das pessoas afirmam que existe racismo no Brasil, mas que 90% se identifica como não racista. Como diz a escritora e ativista norte-americana Angela Davies: não basta não ser racista, é necessário levantar a bandeira do antirracismo.

No começo do livro, Djamila escreve sobre a nossa história corrompida. Será que pode-se mesmo dizer que o Brasil foi "descoberto" pelos europeus? Como assim "descoberto", se já havia povos que viviam no País? Como foi o início da perseguição aos negros e a escravidão? Será mesmo que a escravidão terminou? É com estes questionamentos a escritora introduz o começo do livro e o conceito do racismo estrutural, no qual diz que, mesmo que você não se considere racista no pensamento, desenvolve discursos e atitudes que são racistas, em ações ações pertencentes à sociedade de forma estrutural.

Djamila, ao decorrer do livro, também questiona o porquê de o negro ser considerado diferente. A cor da pele não interfere no intelecto e nem em habilidades físicas, então, porque a sociedade age como se tal especificidade acontecesse? Além disto, ela também conta um pouco da sua própria história. Como mulher negra, muitas vezes, as pessoas não a aceitavam dentro da universidade, como mãe, mulher, negra e filósofa. “Você tem cara de que dança samba”, essa e outras frases relacionadas ao estereótipo da mulher negra foram ditas a ela, como se aquele não fosse o lugar dela. A autora também ressalta a importância urgente de a  população branca reconhecer seus privilégios.

Djamila finaliza o livro enaltecendo autores negros que, na maioria das vezes, não recebem o mesmo destaque e reconhecimento que autores brancos. Quem melhor para falar sobre racismo e suas vertentes se não aqueles que sentem na pele a dificuldade de enfrentar diariamente a desigualdade racial da sociedade?

Sua fala é racista?

Djamila ressalta a importância de se auto-perceber racista em falas e ações. É um exercício diário. Você sabia que muitos termos comumente usados em nossas falas no dia a dia têm origem racista? Conheça alguns deles:

Criado Mudo: a origem do nome veio de da época da escravidão, quando os negros eram chamados de criados e alguns passavam dia e noite imóveis ao lado da cama do “senhor” com um copo de água. Na época, eles tinham que ficar calados, mudos, porque alguns “senhores” achavam incômodo o fato de eles falarem. Muitos chegavam até a perder a língua;

Lista Negra: usar negro para descrever algo que é ruim tem peso negativo, tornando-o pejorativo.

Inveja branca: a ideia do branco como algo positivo é impregnada nessa expressão.

Denegrir: segundo o dicionário Aurélio, a palavra denegrir é definida por "tornar negro, escurecer". Substitua por difamar;

Mulata: a palavra vem de mula, um ser híbrido originado pela reprodução de burro com égua. Correspondia ao filho do homem branco com a mulher negra. Esqueça palavras como mulato, moreno (pele) e pardo. Se refira como negro já que dentro da população negra existem diversos tons de pele.

Não sou tuas negas: associa a mulher negra como objeto, como um ser que deve servir outro, ou que "faz tudo";

Mercado negro: o termo refere-se ao mercado paralelo, ilegal.

A coisa tá preta: você já ouviu alguém dizer isso quando as coisas começam a ficar ruins, certo? E novamente traz a imagem do negro como desagradável.

Cabelo ruim: não existe cabelo ruim. Existem cabelos afro, liso, crespo, cacheado, ondulado;

Tem um pé na cozinha: a expressão se refere à negra escravizada, que vivia para servir a família branca;

Da cor do pecado: normalmente usada como elogio, refere-se a uma pele branca queimada do sol. É uma objetificação do corpo negro. Não é um pecado ter a pele negra;

Meia tigela: os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam como punição apenas metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de “meia tigela”, que hoje é usado para se referir a algo sem valor e medíocre.

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(Fonte: GRILLO, Lígia. Dica de leitura para a quarentena, confira a resenha do livro "Pequeno Manual Antirracista". Disponível em: opovo.com.br / https://bit.ly/2XPehrh)

Resenhas desta obra:

Pequeno Manual Antirracista – Djamila Ribeiro | T3#018, 21 set/2020. Disponível em: resumocast.com.br / https://bit.ly/3Atn5RI

- AIZAWA, Andreia G. P. PEQUENO MANUAL ANTIRRACISTA: AS ORIGENS DO RACISMO E COMO COMBATÊ-LO – DJAMILA RIBEIRO (2019) – RESENHA, em jan 11/2021. Disponível em: Revista Relações Exteriores / https://bit.ly/3u41Kf6

- GIRARDELLI, Stéfano B. Resenha do livro "O pequeno manual antirracista", em Ago 2/2020. Dispónível em: stefanobg.medium.com / https://bit.ly/39zDiZD

VÍDEO-RESENHAS SOBRE O LIVRO:

Pequeno Manual Antirracista

(Fonte: canal Impressões de Maria - YouTube / https://bit.ly/39t1Ljr)

Impressões de Leitura #1: Pequeno Manual Antirracista
(Fonte: canal Caio Faiad - YouTube /https://bit.ly/3zyoFAC)

5 Propostas do Pequeno Manual Antirracista

  (Fonte: canal Jeniffer Geraldine - YouTube / https://bit.ly/3lRZqUU)

Pequeno Manual Antirracista

(Fonte: canal Acrópole Revisitada - YouTube / https://bit.ly/3ESht6i)

Pequeno Manual Antirracista

(Fonte: canal Sacada de Livro - YouTube / https://bit.ly/3AywrM9)

Todo mundo sabe que o racismo existe no Brasil, mas ninguém se acha racista, diz Djamila Ribeiro


(Fonte: canal BBC News Brasil - YouTube / https://bityli.com/keXBqD)

QUEM É DJAMILA RIBEIRO?

Djamila Taís Ribeiro dos Santos, nasceu em 01 de agosto de 1980, em Santos, São Paulo. Ela iniciou o contato com a militância ainda na infância. Uma das grandes influências foi o pai, estivador, militante e comunista, um homem que mesmo com pouco estudo formal, era culto. “Desde muito cedo, eu e meus dois irmãos vivemos nesse meio. Com seis anos, já íamos para atos. A gente debatia esses temas em casa, e meu pai nos fazia estudar a história do nosso povo”, relembra.

O movimento feminista entrou na vida da filósofa aos 19 anos, quando conheceu a ONG Casa de Cultura da Mulher Negra, em Santos, onde trabalhou por cerca de quatro anos. Lá teve contato com obras de feministas e de mulheres negras e passou a estudar temas relacionados a gênero e raça.[2] Graduou-se em Filosofia pela Unifesp, em 2012, e tornou-se mestre em Filosofia Política na mesma instituição, em 2015, com ênfase em teoria feminista. Em 2005, interrompeu uma graduação em Jornalismo. Suas principais atuações são nos seguintes temas: relações raciais e de gênero e feminismo.

É colunista online da CartaCapital, Blogueiras Negras e Revista Azmina e possui forte presença no ambiente digital, pois acredita que é importante apropriar a internet como uma ferramenta na militância das mulheres negras, já que, segundo Djamila, a “mídia hegemônica” costuma invisibilizá-las.

Em maio de 2016, foi nomeada secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo durante a gestão do prefeito Fernando Haddad. Escreveu o prefácio do livro “Mulheres, raça e classe” da filósofa negra e feminista Angela Davis, obra inédita no Brasil e que foi traduzida e lançada em setembro de 2015. Participa constantemente de eventos, documentários e outras ações que envolvam debates de raça e gênero. Escreveu os livros: “O que é um lugar de fala?”( o livro aborda a urgência pela quebra dos silêncios instituídos, trazendo também ao conhecimento do público produções intelectuais de mulheres negras ao longo da história), “Quem tem medo do feminismo negro?. E também a “revista observatório itaú cultural”.

(Fonte: ABREU, Carolina. MULHERES EM TODAS AS CORES – DJAMILA RIBEIRO. Disponível em: mulheresnaciencia.com.br / https://bit.ly/3Ab57TY)

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