Curiosamente, após a publicação do livro, Lee se tornou reclusa, por opção, diante de tanto sucesso em seu romance de estreia. A escritora sempre foi muito próxima de Truman Capote, autor de clássicos como “Bonequinha de Luxo” e “A Sangue Frio”, e que serviu de inspiração para alguns de seus personagens, como o personagem Dill e sua mente extremamente fértil, neste livro.
O enredo que traz uma dura crítica à sociedade americana nos anos 1930, período em que se passa a história, também é válida para os dias de hoje, pois trata injustiças em um julgamento de um negro, acusado de estuprar uma jovem branca, e que vê sua condenação ser levada pelo clamor público e o preconceito enraizado na sociedade.
Quem narra a história é a garota Scout, uma menina de apenas 10 anos, mas muito inteligente e questionadora. Ela é filha de Atticus Finch, o advogado que defende o réu e sofre com o preconceito da população da pequena cidade de Maycomb, por buscar provar a inocência de um negro, diante de provas claras, mas que são desconsideradas principalmente pela cor da pele do acusado. A menina acompanha de perto todos os desdobramentos desse caso que vai impactar diretamente na vida de sua família, mas sem deixar abalar ou perder os princípios que seu pai sempre ensinou aos filhos.
“O rouxinol não faz nada além de cantar para o nosso deleite. Não destrói jardins, não faz ninho nos milharais, ele só canta. Por isso é um pecado matar um rouxinol”. Um ponto forte do livro é a metáfora do rouxinol, que ao final chega para amarrar a história e tocar o leitor de forma profunda nesse romance que nos questiona e nos faz refletir sobre a sociedade atual e suas diversas injustiças, diante da inocência das crianças que muitas vezes incorporam o preconceito de seus pais e mantém ainda de forma presente, esse grande mal da humanidade.
Aliás, Atticus tenta criar seus filhos sempre de forma diferente, com princípios morais e de maneira descomplicada, o que em certo momento da história incomoda a pequena garota, que vê seu pai muito diferente dos demais, mas que ao longo do tempo vai aprendendo e percebendo o grande valor desse homem, que planta a semente da bondade e igualdade na alma de todos que o rodeiam.
A história conta com a pureza de uma criança, sem preconceitos, que acredita que o Sol realmente deve ser para todos, e se vê indignada quando percebe que somente alguns têm o direito à essa luz, julgados por conta de sua raça ou posição social.
QUEM FOI HARPER LEE?

(Foto: Diário de Notícias, Portugal)
Harper Lee (1926-2016) foi uma
escritora norte-americana, autora do livro “O Sol É Para Todos”, Prêmio
Pulitzer de Ficção em 1961.Nelle Harper Lee nasceu em
Monroeville, Estado do Alabama, Estados Unidos, no dia 28 de abril de 1926,
onde passou a infância e a adolescência.Harper Lee chegou a cursar
Direito para agradar a família, mas em 1949, com 23 anos, mudou-se para Nova
Iorque, onde trabalhou em uma companhia aérea, época em que já escrevia os seus
textos. Em 1957, Lee apresentou o
manuscrito de um romance sobre o racismo no sul dos Estados Unidos para a
editora americana J.B. Lippincott & Co., mas foi aconselhada a refazer
aquela história.Lee trabalhou por dois anos na
mudança e em 1960 foi lançado “O Sol é Para Todos” que logo conquistou um
sucesso comercial e de crítica. Vendeu mais de 40 milhões de cópias.A obra é narrada por uma
menina de 6 anos, “Scout”, filha de “Atticus Finch”, um advogado de 52 anos que
desafia o racismo visceral de sua cidadezinha no Alabama na década de 30 ao
defender um negro falsamente acusado de estuprar uma menina branca.Atticus é um homem
irretocável: íntegro, corajoso, sábio e tolerante e foi adorado desde o
primeiro momento. O livro recebeu o Prêmio Pulitzer de Ficção em 1961. FilmeEm 1962, o livro foi adaptado
para o cinema. O filme “O Sol é Para Todos” também foi um sucesso, com Gregory
Peck no papel do advogado engajado Atticus Finch.Harper LeeCena do filme "O Sol É
Para Todos"Nomeado a oito estatuetas do
Oscar, levou três: Melhor Ator para Gregory Peck, Melhor Roteiro e Melhor
Direção de Arte. Foi também adaptado para o teatro em várias cidades e em
Londres ganhou uma versão na Broadway. Ao longo da vida, a escritora
deu poucas entrevistas e apareceu publicamente em raras ocasiões. Optou pela
vida simples em sua cidade natal.Quando perguntada sobre a
razão de não escrever mais, Lee dizia: “Eu não encararia a pressão e o desgaste
da divulgação que tive de aguentar com O Sol é Para Todos. Além disso, o que eu
tinha para falar eu já disse e não direi de novo”.Avessa à fama e ao assédio da
imprensa, a escritora vivia longe dos holofotes em seu apartamento em Nova
Iorque até sofrer um derrama cerebral em 2007, desde então, passou a viver em
uma casa de idosos perto de sua cidade natal, Monroeville, no Alabama.Em 2007, Harper Lee recebeu a
Medalha Presidencial da Liberdade e em 2010 recebeu a Medalha Nacional de
Artes.[...](Fonte: ebiografia.com.br / https://bit.ly/3HNlQ46)
(Foto: Diário de Notícias, Portugal) |
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