sexta-feira, 13 de maio de 2022

Gêneros FICÇÃO CIENTÍFICA e DISTOPIA: A Máquina do Tempo, de H. G. Wells

A Máquina do Tempo (1895), de H. G. Wells

Esta obra literária escrita pelo inglês H. G. Wells, surge, coincidentemente, na mesma época em que os irmãos Lumière davam os primeiros passos na França com sua invenção genial, o cinema. Estávamos, então, no final do século XIX, num momento em que se apresentava um panorama histórico no qual se percebia o desejo dos seres humanos por poder manipular o Tempo para frente e para trás, aumentando ou diminuindo sua velocidade; enfim, manipulá-lo a seu bel prazer.

“(...) A história da ficção científica considera ao livro de Wells um marco pelo fato de pela primeira vez a viagem no Tempo deixar de depender dos recursos fantasistas clássicos (um sonho, uma visão, uma poção mágica, uma hibernação prolongada, um transporte involuntário por meios desconhecidos para instituir, modernistamente, a possibilidade de um mecanismo controlado pelo passageiro, que pode assim deslocar-se na direção que quiser, parando onde bem entender, e retornando ao ponto de partida quando lhe for conveniente. Um automóvel para viajar no Tempo, em outras palavras. Relendo a obra, no entanto, constatamos que seu caráter inovador repousa menos no hardware (a máquina em si, cujo modo de funcionamento não é explicado em momento algum) do que no software: a cuidadosa (e em certa medida falaciosa) argumentação do Viajante no Tempo sobre as quatro dimensões e a possibilidade de alguém se deslocar na quarta com a mesma facilidade com que se desloca nas outra três. (...)”

“(...) A literatura utópica do século XIX geralmente projetava um indivíduo numa sociedade futura ou distante, e lhe apresentava um habitante local para servir-lhe de guia. Este recurso conferia à obra um caráter didático, explicativo. A aventura que havia era uma aventura peripatética, uma aula de História ao longo de um passeio ilustrativo. Wells despreza esse recurso e joga seu Viajante num futuro desconhecido e cheio de ameaças, entregue aos seus próprios recursos e contando apenas consigo mesmo para interpretar o que vê. Com A Máquina do Tempo, a literatura utópica e futurista foi se transferindo do âmbito dos diálogos filosóficos para o dos romances de aventuras. (...)”

(Fonte: TAVARES, Bráulio. Prefácio de “A Máquina do Tempo”, de H. G. Wells. Editora Alfaguara, 2010, Rio de Janeiro)

RESENHAS SOBRE A OBRA:

(...)
Não sei vocês, mas eu gosto muito de ler livros antigos e perceber coisas desse tipo: H. G. Wells colocou o espaço quadridimensional (comprimento, largura, altura e tempo) em sua história, quando Einstein ainda era adolescente. Somente dez anos depois da publicação de A Máquina do Tempo, o físico publicou seus trabalhos sobre a teoria da relatividade, em que é utilizada a ideia das quatro dimensões na geometria do espaço-tempo, substituindo os dois conceitos utilizados de forma independente na teoria de Newton.
(...)

(Fonte: MANTOVANI, Michelle. A Máquina do Tempo – Resenha. Disponível em: deviante.com.br, em 25/09/2020 - https://bit.ly/3FI3j8k)

A Máquina do Tempo foi a primeira obra de ficção científica a retratar a viagem do tempo na ficção. Depois de tantas obras já utilizarem este recurso na narrativa, saiba qual a utilidade de conhecer o livro pioneiro nesta resenha. (...)
(Fonte: ARAUJO, Diego. Resenha: "A Máquina do Tempo" de H.G. Wells. Disponível em: ficcoeshumanas.com.br, https://bit.ly/3waJHH7


VÍDEO-RESENHAS SOBRE A OBRA:

A MÁQUINA DO TEMPO do H. G. WELLS: RESENHA E EXPLICAÇÃO | Darwinismo político e social
(Fonte: canal Projeto Nocente / YouTube / https://bit.ly/3l64qW0)

A MÁQUINA DO TEMPO, de H. G. WELLS
(Fonte: canal Abstração Coletiva / YouTube / https://bit.ly/3Mcwbbw)

A MÁQUINA DO TEMPO, de H. G. WELLS, um precursor do gênero
(Fonte: canal Duda Menezes / YouTube / https://bit.ly/3LaxYw8)

QUEM FOI H. G. WELLS?

Herbert George Wells
, mais conhecido como H. G. Wells, nasceu em um distrito da grande Londres, a 21 de setembro de 1866.
Na juventude foi
aprendiz de negociante de panos, porém esta experiência só foi bem-sucedida no sentido de colher experiências para uma de suas futuras obras.
Em 1883 começou a lecionar na
Midhurst Grammar School, até conseguir uma bolsa para estudar biologia com T. H. Huxley, na Escola Normal de Ciências em Londres.
Wells tornou-se conhecido por seus
“romances de ficção”, carregados de suas visões políticas e que antecipavam inúmeras situações vividas pela sociedade posteriormente.
Mesmo escrevendo sobre outros tempos, lugares, e até mesmo formas de vida, jamais deixou de se referir à própria realidade. Escreveu sobre luta de classes, questionou a ética da ciência, e anteviu bombardeios.
Em seus romances que não possuíam cunho científico, menos conhecidos pelo grande público, fazia
críticas sociais ainda mais consistentes. Os costumes, dilemas e a ruína da baixa burguesia vitoriana, por exemplo, estiveram em várias de suas obras. Chegou a escrever, até mesmo, sobre os direitos das mulheres.
Suas narrativas abordavam, com fascínio e desconfiança, a aplicação de
tecnologias, sejam elas do futuro real ou ficcional. Alguns estudiosos atribuem a qualidade científica de suas ficções aos oito anos em que foi professor de ciências e zoologia.
Sua carreira de escritor teve início com artigos científicos, que na realidade não alcançaram tanta repercussão.
Fez parte da
Sociedade Fabiana, que tinha como propósito transformar, de forma gradual, a sociedade da Inglaterra, orientada pelo socialismo. Passa, então, a enxergar o nacionalismo como causa principal das catástrofes que acometiam a humanidade. Acaba por deixar a sociedade, e passa a dedicar-se a ideia de um Estado Universal, descrito em uma de suas obras.
Com o avançar da idade, seu
pessimismo em relação ao futuro da humanidade foi aumentando, e esse sentimento pode ser claramente identificado em seu último livro, onde mais do que contar uma história, Wells pregava acontecimentos posteriores. Não mais utilizava de sua inicial capacidade inventiva, apenas fazia constatações sobre um futuro não muito distante.
H. G. Wells faleceu no dia 13 de agosto de 1946, em Londres.
 
Principais obras:
A Guerra dos Mundos
A Máquina do Tempo
A Porta no Muro
Kipps
Ann Veronica

(Fonte: RAMOS, Thaciane Rollemberg. H. G. Wells. Disponível em infoescola.com / https://bit.ly/3xO5YKa)

quinta-feira, 5 de maio de 2022

DISTOPIA - QUE GÊNERO LITERÁRIO É ESSE?

Gênero literário: Distopia

A distopia é uma temática presente principalmente na filosofia, no cinema e na literatura que, ao lado da utopia, discute a natureza humana insatisfeita e sempre em busca de um lugar melhor.

Baseando-se nas estruturas sociais, a utopia apresenta uma civilização ideal, perfeita (e, consequentemente, inalcançável). Por sua vez, a distopia mostra e reforça o lado negativo desse processo, tanto com os excluídos do “paraíso” quanto com o processo opressor, totalitário e autoritário adotado para alcançar e/ou manter esse modelo social.

Nas distopias, as relações de poder são sempre de cima para baixo. Por trás da aparência de sociedade organizada e feliz existe a manipulação, a alienação e a censura, seja pelos órgãos do Estado ou pelas corporações. Qualquer discordância é sumariamente destruída, tanto pela tortura quanto pela morte. A individualidade não existe e as pessoas são consideradas apenas uma peça dentro de uma estrutura maior.

Segundo a teoria literária, o tema tem suas raízes em A Utopia (1516), de Thomas Morus. A obra narra a história de uma sociedade que, numa ilha, aboliu a propriedade privada e a intolerância religiosa e estabeleceu uma ordem justa e igualitária. Apesar disso, algumas considerações remontam a discussão ao ano de 380 a.C., quando Platão discutia a criação de uma sociedade ideal em A República, sem utilizar a palavra utopia.

No caso da distopia, o primeiro romance foi Nós, escrito pelo russo Ievguêni Zamiátin no começo da década de 1920. Censurado, o autor apresentou um governo totalitário sob o nome de Estado Único que privou a população de direitos fundamentais, como livre-arbítrio e a imaginação, para melhorar o bem-estar da sociedade. O mundo, completamente mecanizado, lógico e controlado pelo Estado, serviu como inspiração para as distopias mais famosas, como 1984 (1949) e o seu Grande Irmão, Admirável Mundo Novo (1932) e Fahrenheit 451 (1953). Essas influências são sentidas até hoje em livros como Jogos Vorazes (2008).

Estrutura de uma distopia na literatura:

O lugar utópico, que guia a história dos livros, pode surgir de dois caminhos: um passado mítico, romantizado e repleto de abundância ou um futuro modificado por revoluções sociais e tecnológicas. No texto distópico, as organizações e o Estado são corruptos, as tecnologias ão utilizadas como ferramentas de controle e o discurso da obra é, geralmente, pessimista.

Nesse contexto, é possível destacar alguns elementos recorrentes nessas obras. O primeiro deles é o herói deslocado, que passa por uma tomada de consciência e se solta da estrutura social, que conta com o auxílio de alguns ajudantes. Além disso, o cenário autoritário é frequentemente o antagonista da aventura, e tem apoio de instituições e agentes, ligados a uma tecnologia cerebral e totalitária. Esses elementos acentuam a miudeza do protagonista em relação ao sistema e a falta da individualidade.

Os elementos se estruturam numa narrativa composta pela introdução, onde a relação do protagonista com o mundo é descrita; a tomada de consciência vem em seguida, quando o herói percebe problemas no mundo a sua volta e, em geral, descobre que não está sozinho; Em seguida, temos a luta contra o sistema e seu respectivo desfecho – que é, em sua maioria, o exílio ou a morte do protagonista e seus ajudantes.

Algumas distopias brasileiras:

1 - Não Verás País Nenhum, de Ignácio Loyola de Brandão¹: Provavelmente a mais lembrada das distopias brasileiras, o livro é de uma aridez e de uma opressão que impactam seus leitores. No universo da trama um país entregue às multinacionais e desertificado, sem água e sem alimento. Para comandar isso tudo a hierarquia onipresente e invisível do Estado, que no caso é O Esquema, movido por corrupção e jeitinhos. Uma leitura indispensável.

2 - Admirável Brasil Novo, de Ruy Tapioca: O romance se ambienta num Brasil de 2045 e segundo Cristovão Tezza "é a representação de um imaginário poderoso sobre o Brasil, que não pode ser desprezado. Nessa imagem, o que assusta de fato não são os engarrafamentos gigantescos, a pestilência do ar ou a vulgaridade da televisão; o que realmente mete medo é a idéia de que a democracia é um regime fracassado e incapaz, de que "os brasileiros" (com os quais não temos nada a ver) votam mal, e que "nós" não dispomos de meios de salvá-los senão os imaginados há 50 anos, para, então, começar de novo".

3 - Cyber Brasiliana, de Richard Diegues: Nesta obra de 2010 e de sucesso entre geeks e nerds temos uma distopia que inverte o eixo de poder do mundo com relevância do Brasil, mas que acima de tudo penetra o universo cyberpunk com seu Hipermundo possibilitando uma realidade alternativa.

4 - Sombras de Reis Barbudos, de Jose J. Veiga: É provável que seja quase um exagero colocá-la aqui por causa de um único fator: a obra não olha para o futuro, como em geral das distopias, contudo neste romance de Veiga as estruturas de poder são intrinsecamente as estruturas de poder das distopias, só que aqui ao invés de flertar com a ficção científica o autor parte para o realismo fantástico e o insólito.

5 - Rio - Zona de Guerra, de Leo Lopes: A obra traz um elemento recorrente à realidade carioca e que também é abordada no filme Uma História de Amor e Fúria em que o controle se dá por megacorporações criadas por milícias.

(Fonte: Editora Bookmarks - Equipe de Marketing, 17/03/2020. Disponível em: https://bit.ly/3LKxaPS)

Notas:
1. Ignácio de Loyola Brandão é um escritor araraquarense, consagrado e reconhecido em âmbito nacional e internacional.

TÍTULOS DO GÊNERO DISTOPIA PRESENTES NO ACERVO DE NOSSA SALA DE LEITURA (até o momento):

  • Viagens de Gulliver (1726), de Jonathan Swift (02 exemplares)
  • Viagem ao Centro da Terra (1864), de Júlio Verne (01 exemplar)
  • Vinte Mil Léguas Submarinas (1870), de Júlio Verne (01 exemplar)
  • A Ilha Misteriosa (1875), de Júlio Verne (01 exemplar)
  • A Máquina do Tempo (1895), de H. G. Wells (44 exemplares)
  • Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley (16 exemplares)
  • A Revolução dos Bichos (1945), de George Orwell (03 exemplares)
  • Fahrenheit 451 (1953), de Ray Bradbury (04 exemplares)

  • Uma Dobra no Tempo (1962), Madeleine L’Engle (trilogia)
                 Livro 1: Uma Dobra No Tempo (01 exemplar)    
               Livro 2: Um Vento À Porta (01 exemplar)
             
      Livro 3: Um Planeta Em Seu Giro Veloz (01 exemplar)

  • Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? (1968), de Philip K. Dick, também conhecido como Blade Runner - O Caçador de Andróides, nome dado à adaptação da obra para o cinema (16 exemplares)
  • O Conto da Aia (1985), Margaret Atwood (01 exemplar)
  • Trilogia da Saga "Divergente" (2011-2013), Veronica Roth

              Livro 1: Divergente (16 exemplares)
              Livro 1: Insurgente (16 exemplares)
              Livro 3: Convergente (16 exemplares)

  • Quatro (2014) - histórias da série Divergente, Veronica Roth (01 exemplar) 

Outras artigos sobre o gênero literário DISTOPIA

MELO, Caroline. Vivendo um gênero literário: distopia. Disponível em: labdicasjornalismo.com,10/07/2020 (https://bit.ly/3MJSwgk)

- LIMA, Helder. Futuro sem perspectiva? Distopia atual é achar que o autoritarismo é normal, diz escritor de ficção científica. Disponível em: redebrasilatual.com.br, 22/10/2017 (https://bit.ly/3yehzEg)
Alexey Dodsworth, pesquisador do transumanismo, avalia o momento presente no Brasil e no mundo frente às obras clássicas do gênero que projetavam uma vida de regressões e opressão

- COLETTO, Sérgio. A Literatura da Distopia. Disponível em: obviousmag.org/artes e ideias (https://bit.ly/3MRxRXH)
Foram necessários romances que mostravam bárbaros regimes totalitários, fábulas com porcos, gangues violentas, controle biológico, uso indiscriminado de drogas e queima de livros para finalmente entendermos como era impraticável o modelo de utopia construído há alguns séculos atrás. Por isso são tão importantes os autores de "1984", "Laranja Mecânica", "Admirável Mundo Novo" e "Farenheit 451".

Vídeo-resenhas sobre o gênero literário DISTOPIA 

Qual a diferença: distopia x ficção científica

(Fonte: canal Bruna Miranda - YouTube / https://bit.ly/3OYA0mk)

O que é distopia?

(Fonte: canal Mundos Possíveis - YouTube / https://bit.ly/3OWiYFs)

Para você escrever Utopia, Distopia, Eutopia e Antiutopia

(Fonte: canal fantasticursos - YouTube / https://bit.ly/3OYb3Yc)

ANO 2024 - Bem-vindos!

CARDÁPIO DO MÊS - Abril 2024

O projeto CARDÁPIO DO MÊS tem por objetivo chamar a atenção dos usuários da Sala de Leitura para determinadas obras que a cada mês são sel...