quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Livro da Semana: A RELÍQUIA, de Eça de Queiroz (Plataforma LEIA/VESTIBULAR/ENSINO MÉDIO)

Teodorico, ou Raposão, como era conhecido, era um jovem que ficou órfão de pai e mãe no primeiro ano de vida e foi criado por uma tia, D. Patrocínio das Neves, irmã de sua mãe, solteirona, muito rica e extremamente carola, uma religiosa fanática, cheia de preconceitos e aversão ao sexo e aos prazeres da vida, que em sua mente distorcida eram sinônimos de pecado e deviam ser evitados a todo custo. Raposão vivia aparentemente dentro dos princípios religiosos impostos por sua tia, mas, em verdade, também levava uma vida amoral e promíscua longe dos olhos da família, tendo inúmeras aventuras sexuais e amorosas, com prostitutas e outras mulheres - uma vida dupla, portanto. Tudo o que queria era formar-se na faculdade, receber sua herança e livrar-se de sua tia, da Igreja, de Portugal, indo viver em Paris, na “cidade luz”, considerada como o centro do mundo no século XIX. É nessa atmosfera social e familiar em que Eça de Queiroz, o representante do movimento Realista em Portugal, usa de muita ironia e sarcasmo através das falas e reflexões de Raposão, para criticar a sociedade portuguesa da época que estava totalmente manipulada pela Igreja Católica. Portugal era considerado como um país periférico, pobre e atrasado em relação aos países ricos da Europa, como França e Inglaterra, onde outros hábitos e modos de viver se desenvolviam, e onde, também, a influência da Igreja com suas prisões mentais e sociais já não se fazia tão forte e presente na vida das pessoas. Essa é uma história muito divertida que através dos recursos estilísticos da ironia e do sarcasmo levam o leitor, através do personagem principal, a refletir sobre a sociedade portuguesa daquela época e a sociedade brasileira atual. Qualquer semelhança NÃO é mera coincidência! "Mas, e a tal relíquia? Do que se trata?"  você deve estar se perguntando. Bem... Aí, você terá que ler o livro para saber tudo!  (Texto: Prof. André Luiz Gattás)

OBSERVAÇÃOIRONIA e SARCASMO são recursos estilísticos da língua.
Ironia
É uma figura de linguagem que consiste em afirmar o oposto do que se pensa, utilizando palavras com sentido oposto para dar ênfase ao discurso. Pode ser mais leve ou menos óbvia, e mais sutil no tom de deboche.
Sarcasmo
É um recurso estilístico semelhante à ironia, mas é mais agressivo e provocador, muitas vezes zombando de algo ou de alguém. Pode ser classificado como maldoso, ferino, malicioso.

A ironia e o sarcasmo são utilizados para dar maior expressividade ao discurso, em textos orais ou escritos. A diferença entre eles está no modo como cada um é utilizado, dependendo do contexto empregado.
A palavra ironia tem origem grega (euroneia) e significa dissimulação, fingimento. Já o sarcasmo vem de sarkasmós, que significa zombaria e escárnio.

RESENHAS

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Eça de Queirós mostra, através da hipocrisia de Teodorico, bem como através da própria hipocrisia de Dona Patrocínio das Neves e de outros personagens, representantes do clero católico, que o discurso irônico tem a função não só de sátira e galhofa, mas de lançar uma crítica mais profunda a determinados costumes, valores e práticas da sociedade portuguesas do século XIX. Portanto, a leitura dessa obra requer uma atenção da narração irônica que abrange a religiosidade medíocre e fanática. A teologia cristã dará passagem à teologia do riso.
Pode ficar tranquilo que você, leitor, encontrará bons motivos para dar boas risadas, mas vou logo avisando que não são risadas fáceis. Ao contrário, é o humor como uma forma de reflexão. Raposão imprime um tom sério, quase científico às suas reflexões, e, ao fazê-lo, acaba sendo cômico, burlesco. Suas representações são excessivas e o leitor só será enganado se quiser.
O final é simplesmente o máximo. Querem saber qual a relíquia santa trazida por Teodoro de Jerusalém para sua tia? Uma coroa de espinhos de Jesus Cristo para conquistar de vez o coração de sua tia? Ou alguma lembrança de Maria Madalena? Não deixem de ler essa obra-prima. Um livro que merece um lugar especial na sua estante.
(Fonte: bonslivrosparaler.com.br /  https://bit.ly/4e30i2U

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Contexto Histórico
O contexto dessa obra se dá no século XIX. Para Eça de Queirós, era fundamental utilizar a arte como forma de denunciar certos comportamentos nocivos que permeavam a sociedade.
Ou seja: essa foi a maneira encontrada pelo autor de mostrar ao mundo algumas das características da sociedade portuguesa daquele período, marcado pelo início de uma marcante crise na monarquia e no sistema colonial.
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(Fonte: blog.stoodi.com.br / https://bit.ly/3ZmYsWe

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Lançado em 1887, o livro foi publicado na cidade do Porto, em Portugal. “É sem dúvida uma obra muito importante do autor, mas gerou uma grande polêmica, quando a Academia Real de Ciências de Lisboa abriu um concurso literário no qual o texto de Eça foi preterido”, conta Garmes. “Grande parte da crítica literária considera que A Relíquia foge um pouco ao gênero do romance realista, sobretudo por conta do episódio fantástico que ocorre no meio do livro, quando Teodorico, em sua viagem para Jerusalém, vive uma espécie de retorno para o passado e assiste pessoalmente a todo o sofrimento de Jesus Cristo, descobrindo que não ressuscitou, e sim morreu de fato.”
O episódio, no entanto, instiga e passa. “O restante da trama do romance é marcado por uma linguagem e ações realistas, com críticas severas à Igreja, à corrupção, à manipulação da boa-fé dos indivíduos, à desfaçatez do homem capitalista do século 19, que não valoriza mais nada além de dinheiro e prestígio social, sem qualquer princípio ético. O autor narra em um tom muito leve e divertido, que ganha facilmente a simpatia do leitor.”.
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O professor destaca que o estudante verá a realidade brasileira refletida na história de Eça. “Tem relação direta com temas como as fakes news, os processos de corrupção que temos visto ocorrer no Brasil, onde cada um procura provar sua verdade, deixando de lado qualquer princípio ético, além do crescimento exponencial de religiões que manipulam seus fiéis da forma mais abjeta.”
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(Fonte: KIYOMURA, Leila. Livro da Fuvest, “A Relíquia” desnuda a construção de verdades. Disponível em: Jornal da USP - publicado em 25/09/2018 e atualizado em 17/01/2022 /  https://bit.ly/3MP3QtC)

VÍDEO-RESENHAS SOBRE O LIVRO "A RELÍQUIA"


(Fonte: Ler Antes de Morrer - YouTube / https://bit.ly/4dakPBe)


(Fonte: canal USP - YouTube / https://bit.ly/3TySPAi)


(Fonte: canal Leio, Logo Escrevo - YouTube / https://bit.ly/3MPU76h)


(Fonte: canal Pablo Jamilk - YouTube / https://bit.ly/3MP3YJH)


QUEM FOI EÇA DE QUEIROZ

Eça de Queirós nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim, cidade portuguesa. Ele era filho de José Maria de Almeida Teixeira de Queirós (1820–1901). O pai do escritor não era casado com sua mãe, a portuguesa Carolina Augusta Pereira de Eça (1826–1908).

Assim, sua criação foi responsabilidade de sua ama de leite e madrinha, Ana Joaquina Leal de Barros. Em 1855, Eça de Queirós passou a estudar no colégio da Lapa, na cidade do Porto. Em 1861, ingressou na faculdade de Direito, em Coimbra. Quando terminou o curso universitário, em 1866, decidiu morar em Lisboa, na casa dos pais, que se casaram quatro anos depois do nascimento do escritor.

Em 1866, passou a escrever para o jornal Gazeta de Portugal e, no fim do ano, foi para Évora, onde atuou como advogado e dirigiu o jornal Distrito de Évora. Mas, em 1867, regressou a Lisboa. Dois anos depois, conheceu a Palestina, Síria e Egito. Em 1870, recebeu nomeação para o cargo de administrador do concelho de Leiria.

No ano de 1872, tomou posse do cargo de cônsul em Havana. No ano seguinte, viajou ao Canadá, Estados Unidos e América Central, após pedir uma licença ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas, em 1874, passou a atuar no consulado de Newcastle upon Tyne, na Inglaterra, e, em 1878, no consulado de Bristol. No ano de 1880, começou a escrever para o jornal Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro.

Três anos depois, em 1883, se tornou sócio-correspondente da Academia Real das Ciências. Já em 1885, ficou noivo de Emília de Castro (1857–1934), e os dois se casaram no ano seguinte. Dois anos depois, foram morar na França, pois Eça foi nomeado cônsul em Paris.

Mas o autor continuou escrevendo e publicando seus textos. Até que, em 1897, por ordem médica, passou um tempo em Plombières. Mais tarde, em 1900, foi para o sul da França, também por motivo de saúde. O escritor morreu em 16 de agosto de 1900, em Paris.

(Fonte: portugues.com.br / https://bit.ly/3Xtazi0)

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