quarta-feira, 19 de agosto de 2020

LIVRO DA SEMANA: O CORTIÇO, de Aluísio de Azevedo


Muitas pessoas ao lerem esse livro pela primeira vez não gostam, alegando várias razões para isso, como a feiura e pobreza nele descritos, o vocabulário, muitas vezes de mal gosto, e até mesmo baixo, os instintos dos personagens predominando sobre a razão, a força da influência genética agindo tanto sobre o comportamento como sobre a personalidade das pessoas e a influência do meio ambiente ao redor. Aluísio de Azevedo seguiu à risca as regras pregadas por Émile Zola para se construir um romance naturalista, e foi muito bem-sucedido nessa tarefa em seus romances com essa estética literária importada da França.

Alguns Relatos Sobre a Leitura de "O Cortiço"

"A primeira vez que li “O Cortiço”, assim como muitas pessoas que leram a obra, foi por ser um dos livros da lista de leitura para o vestibular. Ou seja, li por livre e espontânea pressão.

Confesso que não me identifiquei em nada com a história, não gostei da maioria dos personagens e muito menos das atitudes e decisões tomadas por muitos deles. Porém, entretanto e todavia, alguns anos depois, tomada por um desejo sadomasoquista, resolvi reler o livro e gostaria muitíssimo de dizer que algo em mim bateu mais forte e que percebi o quanto me enganei por não ter gostado da leitura na primeira vez, mas isso não aconteceu. 

Porém, ao reler o livro, e dessa vez sem a pressão do vestibular, pude me concentrar nas inúmeras mensagens indiretas e críticas feitas por Aluísio Azevedo.” (Genice Santos in “Resenha: O Cortiço, de Aluísio Azevedo”, no site Arena Literária, publicado em 23/09/2018 -  https://bit.ly/2FC7SGF)

“O que me fez ler O Cortiço, já adulta, foi a insistência do meu filho Isaac, que ama ler clássicos (ama mesmo!!). Eu li a versão digital, que pode ser encontrada disponível gratuitamente em vários sites.

Foi uma leitura difícil confesso, como li pelo Kindle recorri ao dicionário em diversos trechos, pois algumas palavras e expressões no livro já não são tão utilizadas nos dias de hoje.

No começo a narrativa é lenta, pois tudo é muito detalhado. O enredo da história envolve muitos personagens, então às vezes pode ser difícil ligar um nome a um personagem que já foi descrito anteriormente, mas no decorrer da história vamos nos apegando aos personagens, e logo identificando cada qual com seu lugar e trejeitos. Os personagens são estereotipados, com alguns exageros em suas características - um dos pontos do naturalismo.

Demorei para me acostumar com a narrativa, mas depois de um tempo a leitura passou a fluir bem, e passei a gostar da história, (acho que poder discutir com o Isaac durante a leitura ajudou bastante).

Não sei porque temos tanto medo de nos aventurar com livros clássicos, talvez seja o medo de não entender e se sentir menos inteligente, ou por sempre ouvir que é chato, mas seja qual for o motivo, deixe de lado e leia sem medo.

Eu adorei O Cortiço de um jeito que não achei que gostaria; acabei me divertindo com a história depois de insistir bastante na leitura.” (Bel Líbera in “Resenha: O Cortiço - Aluísio Azevedo”, no site livrosdeelite.com.br, publicado em 06/01/2020 - https://bit.ly/2CB3wON)

Para ler resenhas completas sobre O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, clique em:

- https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Corti%C3%A7o (wikipedia.org)

- https://bit.ly/31YoOhS (estantedajosy.com.br)

Assista ao vídeo abaixo com mais informações sobre o contexto socioeconômico em que se desenvolve a trama de "O Cortiço"

(Fonte: canal Ler Antes de Morrer/YouTube, produzido, editado e apresentado por Isabella Lubrano - https://bit.ly/34bzooB)

Abaixo você pode assistir ao filme baseado nesta obra literária
(Fonte: canal Joel Gonçalves/YouTube / https://bit.ly/3aD403k)

QUEM FOI ALUÍSIO DE AZEVEDO

Aluísio Azevedo (Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo), caricaturista, jornalista, romancista e diplomata, nasceu em São Luís, MA, em 14 de abril de 1857, e faleceu em Buenos Aires, Argentina, em 21 de janeiro de 1913.

Era filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo e de D. Emília Amália Pinto de Magalhães e irmão mais moço do comediógrafo Artur Azevedo. Sua mãe havia casado, aos 17 anos, com um comerciante português. O temperamento brutal do marido determinou o fim do casamento. Emília refugiou-se em casa de amigos, até conhecer o vice-cônsul de Portugal, o jovem viúvo David. Os dois passaram a viver juntos, sem contraírem segundas núpcias, o que à época foi considerado um escândalo na sociedade maranhense.

Da infância à adolescência, Aluísio estudou em São Luís e trabalhou como caixeiro e guarda-livros. Desde cedo revelou grande interesse pelo desenho e pela pintura, o que certamente o auxiliou na aquisição da técnica que empregará mais tarde ao caracterizar os personagens de seus romances. Em 1876, embarcou para o Rio de Janeiro, onde já se encontrava o irmão mais velho, Artur. Matriculou-se na Imperial Academia de Belas Artes, hoje Escola Nacional de Belas Artes. Para manter-se fazia caricaturas para os jornais da época, como O FígaroO MequetrefeZig-Zag e A Semana Ilustrada. A partir desses “bonecos”, que conservava sobre a mesa de trabalho, escrevia cenas de romances.

A morte do pai, em 1878, obrigou-o a voltar a São Luís, para tomar conta da família. Ali começou a carreira de escritor, com a publicação, em 1879, do romance Uma lágrima de mulher, típico dramalhão romântico. Ajuda a lançar e colabora com o jornal anticlerical O Pensador, que defendia a abolição da escravatura, enquanto os padres mostravam-se contrários a ela. Em 1881, Aluísio lança O mulato, romance que causou escândalo entre a sociedade maranhense pela crua linguagem naturalista e pelo assunto tratado: o preconceito racial. O romance teve grande sucesso, foi bem recebido na Corte como exemplo de Naturalismo, e Aluísio pôde retornar para o Rio de Janeiro, embarcando em 7 de setembro de 1881, decidido a ganhar a vida como escritor.

Quase todos os jornais da época tinham folhetins, e foi num deles que Aluísio passou a publicar seus romances. A princípio, eram obras menores, escritas apenas para garantir a sua sobrevivência. Depois, surgiu nova preocupação no universo de Aluísio: a observação e análise dos agrupamentos humanos, a degradação das casas de pensão e sua exploração pelo imigrante, principalmente o português. Dessa preocupação resultariam duas de suas melhores obras: Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890). De 1882 a 1895 escreveu sem interrupção romances, contos e crônicas, além de peças de teatro em colaboração com Artur de Azevedo e Emílio Rouède.

Em 1895 ingressou na diplomacia, momento em que praticamente cessa sua atividade literária. O primeiro posto foi em Vigo, na Espanha. Depois serviu no Japão, na Argentina, na Inglaterra e na Itália. Passara a viver em companhia de D. Pastora Luquez, de nacionalidade argentina, junto com os dois filhos, Pastor e Zulema, por ele adotados. Em 1910, foi nomeado cônsul de 1ª. classe, sendo removido para Assunção. Buenos Aires foi seu último posto. Ali faleceu, aos 56 anos. Foi enterrado naquela cidade. Seis anos depois, por uma iniciativa de Coelho Neto, a urna funerária de Aluísio Azevedo chegou a São Luís, onde o escritor foi sepultado. (Fonte: academia.org.br / https://bit.ly/2Q8uXCB) 

Outras fontes para biografia completa: wikipedia.org / https://bit.ly/329W1XB

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