sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

LIVRO DA SEMANA 2: W, de Roger Mello

"O estudo das relações entre a literatura e a cartografia merece uma análise além das formas convencionais de investigação diante das discussões recentes sobre espacialidade e mapas na literatura e da influência de novas abordagens nos debates cartográficos que convidam a repensar os mapas. Enquanto escritores mostram um interesse cada vez maior no potencial metafórico do mapa, cartógrafos começaram a investigar a natureza performativa e processual dos mapas e utilizar ferramentas cartográficas para revelar tramas e enredos. Apresento diversas abordagens para fortalecer esse diálogo interdisciplinar entre obras literárias e representações cartográficas. Inspirado em publicações recentes no campo da geografia cultural, argumento que conceitos como “evento”, “narrativa” e “história” podem abrir novos caminhos para o estudo da interface entre estudos literários e a cartografia como práticas socioculturais. Para realizar essa revisão bibliográfica uso uma estratégia inusitada através da qual pretendo questionar e quebrar a estrutura rígida das narrativas em obras literárias e aproximar as produções textuais mais da natureza simultânea e relacional dos mapas. O corpo do texto tem o caráter de um resumo e consiste em menos do que duas páginas, enquanto as notas de fim servem como verdadeiras seções de um artigo que não precisam ser lidas em ordem sequencial."

SEERMANN, Jörn. Entre mapas e narrativas: reflexões sobre as cartografias da literatura, a literatura da cartografia e a ordem das coisas. Disponível em: revistas.ufpr.br / Biblioteca Digital de Periódicos / https://bit.ly/37A64If)


O ilustrador Roger Mello tornou-se, em 2014, o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio Hans Christian Andersen, a maior honraria do mundo para autores de livros infantojuvenis. Em 2017, estreou na ficção adulta como escritor – mas, ao mesmo tempo, sem abandonar por inteiro o universo do desenho. Ainda que não tenha um único rabisco, é na obsessão por cores e linhas que sua história toma corpo – uma história, aliás, nada comum na literatura contemporânea, seja pelo tema, seja pela atmosfera que cria.


Abaixo há trechos de uma das melhores resenhas sobre esse livro inusitado e belo.

[...] W é o personagem-narrador, um copista de mapas adotado ainda jovem por um cartógrafo. Embora não haja indicação direta, intui-se que a narrativa se passa principalmente no século XV, quando as grandes navegações estavam a todo o vapor e os mapas que assinalavam terras recém descobertas eram verdadeiros segredos de estado. Quando a história começa, o cartógrafo acaba de ser morto, executado. W permanece no ateliê com Egon, filho dele e seu irmão de criação, cartógrafo como o pai.[..]
[..]Como copista, W ameaça trocar nomes de cidades e deixa brechas imperceptíveis nas muralhas das vilas que desenha, para possibilitar invasões imaginárias – um pouco como o revisor em História do cerco de Lisboa, que acaba mudando o passado ao acrescentar propositalmente um não ao texto sobre a reconquista da Península Ibérica pelos europeus. Haveria um desejo íntimo de influir sobre a interpretação do passado por parte de quem escreve (ou desenha)? Afinal, o que fica de um fato a não ser a forma como o registramos? [...]
[...] A certa altura, Egon parece acusar W por sua dissimulação, e ele se defende: “você fala como seu eu gostasse de esconder coisas entre as palavras”.  Não é o que fazem todos os bons escritores? O cartógrafo é o viajante que não sai do lugar, diz em certo ponto. Idem o escritor, um expedicionário imóvel de questões mais amplas e profundas.[...] 
(Fonte: lombadaquadrada.com / https://bit.ly/33Gu8bd) 

    QUEM É ROGER MELLO?

Roger Mello nasceu em Brasília, em 20 de novembro de 1965, e atualmente mora no Rio de Janeiro. É formado pela Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. No início de sua carreira, trabalhou ao lado de Ziraldo, na Zappin, e também se dedicou ao desenho animado.

Vem se destacando como ilustrador e autor de livros infantis, sendo um dos nomes mais aclamados pela crítica e pelo público. Suas cores fortes e quentes preenchem traços carregados de dramaticidade e espírito lúdico, emprestando às obras de outros escritores um clima marcadamente brasileiro e alegre.

Esse também é o tempero essencial de muitos de seus livros, escrevendo principalmente recontos de lendas e histórias do folclore, revelando nuanças da alma e dos feitos do povo.

Conquistou diversos prêmios por seus trabalhos como ilustrador, autor de livros de imagem e livros para criança, dramaturgo e produtor visual.  Recebeu da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil os prêmios Malba Tahan, Luís Jardim, Ofélia Fontes, Melhor Ilustração e 15 prêmios Altamente Recomendável.

Outros prêmios conquistados foram: Prêmio Jabuti de Ilustração e de Melhor Livro Juvenil; Prêmio Especial Adolfo Aizen; Prêmio pelo Conjunto da Obra da UBE; Prêmio Monteiro Lobato; Prêmio Adolfo Bloch e da Fondation Espace Enfants (Suíça) o Grande Prêmio Internacional. Conquistou duas vezes o selo White Ravens da Biblioteca Internacional de Munique. Em razão dos seus vários trabalhos premiados, tornou-se hors-concours dos prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Em 2014, ganhou o Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante prêmio infantojuvenil do mundo.

(Fonte: globaleditora.com.br / https://bit.ly/33HMlFs) 

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