(Fonte: DOMINGOS, Mariane. [Resenha] Dois Irmãos. Disponível em: achadoselidos.com.br / https://bit.ly/3lRSjtK)
[...] A narrativa avança e recua no tempo, cabendo ao leitor estabelecer uma cronologia linear. Os problemas vão sendo revelados aos poucos, encadeados para solucionar ou suspender os enigmas da história.
Isto ocorre porque quem narra a história, como se verá, também é um personagem que participa dela muito de perto. Aos poucos o livro nos revela quem é este personagem e o que o motivou a contar esta história da qual ele é testemunha (e quando os eventos ocorreram antes de seu nascimento, os responsáveis por lhe contar as histórias da família são Halim e Domingas). [...]
(Fonte: DUARTE, Pedro. Resenha do livro Dois Irmãos. Disponível em: medium.com / https://bit.ly/33T3zjg)
Milton Hatoum (Manaus, Amazonas, 1952). Romancista, contista, professor e tradutor. Destaca-se por retratar conflitos pessoais e familiares no contexto geográfico, histórico e sociocultural da Amazônia, inspirando-se em sua vivência como descendente de libaneses e como migrante pelo Brasil.
Muda-se para Brasília em 1967 e lá permanece até 1970, quando vai para São Paulo. Diploma-se arquiteto pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e, ainda nesta cidade, trabalha como jornalista e professor.
No início da década de 1980, viaja para a Europa e estuda literatura comparada na Sorbonne Université. De volta ao Brasil, leciona literatura francesa na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), entre 1984 e 1999.
Um dos procedimentos centrais na construção dos romances de Hatoum é a fusão entre o social e o existencial: trata das histórias particulares de certos personagens sem descuidar da observação do contexto social e histórico em que eles vivem. Esse contexto envolve quase sempre o processo de integração dos imigrantes originários do Oriente Médio no Norte do Brasil e as repercussões da ditadura militar brasileira naquela região.
A tendência a incluir acontecimentos históricos na ficção decorre do fato de Hatoum ser um escritor de uma minoria (como os libaneses no Brasil), o que o impele a registrar "a voz dos esquecidos: vozes do passado soterradas em um espaço problemático marcado por tentativas de assimilação".
Estilisticamente, a prosa de Hatoum varia pouco de livro a livro (o que denota a unidade interna de sua obra), sendo construída com base em narradores que optam sempre por um tom informal, fluente e coloquial. Além de "econômico", o estilo de Hatoum é "ao mesmo tempo poético, cheio de figurações e estranhamentos”.
O real e o fantasiado se emaranham na escrita devido à abundância e detalhamento das descrições. Para o autor, "ninguém escreve do nada. As coisas que escrevemos são resultado das nossas experiências. A vivência é importante para a voz do escritor. Não dá para escrever sem a experiência de vida. É por meio dela que os autores encontram sua voz", diz, na mesa da qual participa na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), em 2016.
Mesclando elementos de suas memórias e experiências pessoais com o contexto sociocultural amazônico, Hatoum constrói narrativas complexas, que promovem reflexão sobre relações familiares e seus conflitos, miscigenação e relação entre culturas, colocando em discussão, por consequência, a tolerância ou intolerância ao outro.
(Fonte: https://enciclopedia.itaucultural.org.br / https://bit.ly/3qH76v1)
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