O que devemos notar é que este romance já pertence à fase realista¹ da obra de Machado, e através de suas linhas, o autor expõe seu olhar crítico sobre a sociedade brasileira e os papéis desempenhados nela por homens e mulheres, ricos e pobres. Ele sutilmente apresenta os problemas e condições de uns e outros através de suas personagens, que são construídas meticulosamente. Se a princípio nos deparamos com aquela velha e batida narrativa da moça pobre que casa com um homem rico para ascender socialmente, no decorrer da leitura, começamos a notar mais e mais complexidades nessa história do que um simples olhar à primeira vista. Aqui, algumas questões surgem. Quem tem o verdadeiro poder nesta relação? A mulher, ali, era o sexo frágil, a representação da inocência e fragilidade? Será que a traição realmente aconteceu? O amor de um filho vale menos do que uma dúvida sobre sua origem? O grande amigo, é culpado ou inocente? Bentinho manipula a história a seu favor? Nascer em uma família de posses e já ter um destino previsto e traçado pelos pais é bom? É válido realizar um desejo a qualquer custo? Para refletir sobre tudo isso, você terá que ler o romance. E é justamente isso que intenciona o autor: a sua reflexão e possíveis conclusões sobre os fatos contados, contados parcialmente e não contados! Boa leitura!
1. Para saber mais sobre a estética realista busque uma publicação deste blog intitulada "Estética Literária: Realismo na Literatura - Uma Breve História", publicado em agosto de 2020, ou apenas digite na busca a palavra "realismo"
(Texto: André Luiz Gattás)
CINCO MINUTOS PRA CONHECER MELHOR O AUTOR E SUA OBRA
[...] Dom Casmurro (1899) é a
última obra da chamada trilogia realista de Machado de Assis, depois de Memórias
Póstumas de Brás Cubas (1881) e Quincas Borba (1891).
Neste livro, como nos dois anteriores, Machado de Assis produz retratos do seu
tempo, com fortes críticas sociais trespassando as narrativas. [...] (Fonte: culturagenial.com /
[...] O tempo da narrativa segue o modelo do Realismo: é psicológico ao invés de cronológico. É uma narrativa digressiva, pois toda a hora os fatos contados em ordem cronológica são interrompidos para se contar alguma lembrança passada, ou para refletir algo. O tempo da narração é diferenciado: a história é contada do presente para o passado, justificando que para que o leitor entenda o que se sucedeu, é necessário que saiba tudo desde o começo. [...] (Fonte: medium.com / https://bit.ly/2MD0e2n)
[...] Sobre ler os clássicos, sabe o que eu gosto? É da fidelidade dos escritores com o leitor que não passa batido em “Dom Casmurro”. Machado já começa a narrativa explicando o porquê do nome. Ele conversa diretamente com leitor, é como se fosse diálogo antigo onde às vezes seja necessário perguntar de novo e no caso consultar o dicionário para entender. [...] (Fonte: literalmenteuai.com.br / https://bit.ly/3bXu624)
[...] Fica a nosso critério construir a personalidade de Bento a partir de jeitos e trejeitos dele enquanto narra a história, e é fácil perceber que ele é um homem teimoso, ciumento, facilmente influenciável, amargurado e o mais importante, IRÔNICO e SARCÁSTICO. [...] (Fonte: contudoeentretanto.com.br / https://bit.ly/301xFPg)
[...] A forma como o autor mesclou a crítica de costumes com o enredo é surpreendente. Durante as páginas vemos ”Bentinho” resmungar sobre dezenas de fatos e personagens. É perceptível o paralelo das situações que o autor via na época com as situações que acontecem na obra, desde promessas familiares nas quais os filhos seguiam os desejos dos pais, quando agregados convivendo com as famílias. Ou seja, a obra também detém a função chocar a sociedade mostrando suas incongruências tais como casos extraconjugais, vidas falsas, profissões por status e relacionamentos sem amor mantidos pelo dinheiro. Bentinho não poupa ninguém. [...] (Fonte: canaldarafa.com.br / https://bit.ly/2PgpBIf)
Vídeo-Resenhas sobre Dom Casmurro (tem até o filósofo Luiz Felipe Pondé analisando a obra!)
Machado de Assis (1839-1908) foi um escritor brasileiro, um dos nomes mais importantes da literatura do século XIX. Escreveu poesias, contos, e romances. Foi também jornalista, teatrólogo, crítico de teatro e crítico literário.
Joaquim
Maria Machado de Assis nasceu na Chácara do Livramento no Rio de Janeiro, no
dia 21 de junho de 1839. Foi o primeiro filho de Francisco José de Assis,
um decorador de paredes, e da imigrante portuguesa Maria Leopoldina.
Infância
e adolescência
Machado
de Assis passou sua infância e adolescência no bairro do Livramento. Seus pais
viviam na propriedade do falecido senador Bento Barroso Pereira e D. Leopoldina
era a protegida de D. Maria Jose Pereira.
Machado
fez seus primeiros estudos na escola pública do bairro de São Cristovão.
Tornou-se amigo do padre Silveira Sarmento, o ajudava nas missas,
familiarizava-se com o latim.
Quando
tinha dez anos perdeu sua mãe. Viúvo, seu pai saiu da Chácara e foi morar em
São Cristovão. Logo passou a viver com Maria Inês da Silva, só vindo a casar-se
em 1854.
Sua
madrasta trabalhava como doceira em uma escola e levava o enteado para assistir
algumas aulas. À noite, Machado ia para uma padaria, local onde aprendia
francês com o forneiro.
À
luz de velas, Machado lia tudo que passava em suas mãos e já escrevia suas
primeiras poesias.
Em
busca de um emprego, com 15 anos, conheceu Francisco de Paula e Brito, dono da
livraria, do jornal e da tipografia.
Carreira
de jornalista
No
dia 12 de fevereiro de 1855, o jornal “Marmota Fluminense” trazia na página 3 o
poema “Ela”, de Machado de Assis:
"Dos lábios de
Querubim
Eu quisera ouvir um sim
Para alívio do coração"...
Daí
por diante não parou de escrever na Marmota e de fazer amizades com os
políticos e literatos, frequentadores da livraria, onde o assunto principal era
a poesia.
Em
1856, Machadinho, como era
conhecido, entrou para a Imprensa Oficial como aprendiz de tipógrafo, mas além
de mau funcionário, escondia-se para ler tudo que lhe interessava.
O
diretor decidiu incentivar o jovem e o apresentou a três importantes
jornalistas: Francisco Otaviano, Pedro Luís e Quintino Bocaiúva.
Otaviano
e Pedro dirigiam o Correio-Mercantil e para lá foi Machado de Assis, em 1858,
como revisor de provas. Colaborava também para outros jornais, mas ganhava
pouco e estava sempre sem dinheiro.
Com 20 anos, Machado de Assis já frequentava os círculos literários e jornalísticos do Rio de Janeiro, capital política e artística do Império.
Em
1860, Machado de Assis foi chamado por Quintino Bocaiúva para trabalhar na
redação do “Diário do Rio de Janeiro”, que estava sendo preparado
para reaparecer sob a direção política de Saldanha Marinho.
Além
de escrever sobre todos os assuntos e manter uma coluna de crítica literária,
Machado tornou-se o representante do jornal no Senado.
Em
1864, Machado de Assis publicou “Crisálidas”, uma coletânea de seus
poemas. O livro foi dedicado a seus pais, Maria Leopoldina e a Francisco, que
morrera naquele ano.
Em
1867, o Imperador concedeu a Machado o grau de "Cavaleiro da Ordem da
Rosa", por serviços prestados às letras nacionais. No dia 8 de abril
Machado foi nomeado ajudante do diretor do Diário Oficial, iniciando sua
"carreira burocrática".
Em
1868 ele conheceu Carolina Xavier de Novais, uma portuguesa culta, irmã do
poeta português Faustino Xavier de Novais, que lhe revelou os clássicos
lusitanos.
No
dia 12 de novembro de 1869, o casamento de Machado e Carolina é realizado,
tendo como testemunhas, Artur Napoleão e o Conde de São Mamede, em cuja
residência se realizou a cerimônia.
Em
1872, Machado de Assis publicou seu primeiro romance, “Ressurreição”. No dia 30
de janeiro de 1873, a capa do décimo número do “Arquivo Contemporâneo”,
periódico do Rio de Janeiro, coloca lado a lado as fotos de José de Alencar,
até então o maior romancista do Brasil, e a de Machado de Assis.
Ainda em 1873, ele foi nomeado primeiro oficial da Secretaria da Agricultura e, três anos depois assumiu a chefia da seção.
Em 1881, Machado de Assis publica o romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que marca o início da fase acentuadamente realista de sua obra. A obra havia sido publicada, no ano anterior, em folhetins na Revista Brasileira.
Academia
Brasileira de Letras
Em 1896, fundou com outros intelectuais, a Academia Brasileira de Letras. Nomeado para a cadeira n.º 23, tornando-se, em 1897, seu primeiro presidente, cargo que ocupou até sua morte.
Na
entrada do prédio há uma estátua de bronze do escritor. Em sua homenagem, a
academia chama-se também “Casa de Machado de Assis”.
Últimos
anos e morte
Em
outubro de 1904 morreu sua esposa, Carolina, companheira de 35 anos, que além
de revisora de suas obras era também sua enfermeira, pois Machado de Assis
tinha a saúde abalada pela epilepsia.
Após
a morte da esposa o romancista raramente saía de casa, Em homenagem à sua
amada, escreveu o poema "À Carolina":
À Carolina
Machado
de Assis faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de setembro de 1908. Em seu
velório, comparecerem as maiores personalidades do país. Rui Barbosa, um dos
juristas mais aplaudidos da época, fez um discurso de despedida com
elogios ao homem e escritor.
Levado em uma carreta do Arsenal de Guerra, só destinada às grandes personalidades, um grande cortejo fúnebre saiu da Academia para o cemitério de São João Batista, onde foi enterrado. [...]
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