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quinta-feira, 4 de março de 2021
MULHERES EXCEPCIONAIS 1: Chiquinha Gonzaga
Como em março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, vamos homenageá-las contando aqui um pouco da vida e fatos importantes de algumas mulheres brasileiras e estrangeiras que são excepcionalmente notáveis. E para começar, vamos falar de uma brasileira que quebrou vários paradigmas e enfrentou vários preconceitos com muito talento, sofrimento, suor, mas sobretudo, coragem, perseverança e trabalho. Estamos falando de Chiquinha Gonzaga, cujo pioneirismo batia de frente com o establishment¹ do Segundo Império, no Brasil, e seu olhar machista e dominador sobre as mulheres. Entre seus feitos, Chiquinha foi a primeira mulher a reger uma orquestra, foi autora da primeira marchinha de carnaval, divorciou-se duas vezes (o que já era um escândalo, motivo para ser "mal-falada") e, para dar o que falar, aos 52 anos casou-se com seu aluno de piano, que tinha apenas 16. Enfrentou tudo isso, sempre compondo, regendo, tocando e lutando por sua categoria profissional até quase seus 90 anos. Conquistou sua liberdade, fazendo o que amava e sendo quem queria ser, e conquistando, também, o respeito dos maiores músicos da época e das pessoas da classe alta. Além disso, conseguiu levar a música popular para os salões da elite carioca! Isso é que é ser um "mulherão"! Chiquinha era mestiça, filha de um militar com uma escrava alforriada.
1. Establishment significa a ordem econômica, política e legal que constitui uma sociedade e um Estado.
(Texto: André Luiz Gattás)
Para entendermos mais sobre como era o mundo, o contexto social da época em que Chiquinha Gonzaga viveu
A Mestra do Mundo que trazemos
a esta obra, viveu entre o século XIX e o primeiro terço do século XX. Nasceu
no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1847, no Brasil Império, ex-Colônia
portuguesa. Seu nome de família: Francisca Edwiges Neves Gonzaga, filha
bastarda de José Basileu Neves Gonzaga, “militar de ilustre linhagem”, e de
Rosa, escrava alforriada. Trazendo o sangue de escravos em suas veias, também
trouxe a capacidade e a coragem para romper com as estruturas patriarcais da
sociedade em que nascera. – Abram alas que eu quero passar! [...] Francisca cresceu no
fechado mundo de uma casa-grande saindo do domínio do pai para o do marido.
Viveu em um período da história em que o país passava por intensas mudanças
visando o rompimento com seu passado escravocrata e colonial. Ainda criança
pequena viu a proibição do Tráfico Escravo (1850), depois, a promulgação da Lei
do Ventre Livre (1871), a seguir a Lei dos Sexagenários (1885) e, finalmente,
acompanhou a promulgação da Lei Áurea da Abolição da Escravatura (1888). Quando
o Brasil chegou à República (1889), Francisca já havia publicado suas
composições (1877), se “anunciara publicamente como professora de várias
matérias” (1880), se fizera compositora musical e havia estreado como maestrina
(1885). Talvez por ter sido pioneira, tenha sido apagada, esquecida, da
história hegemônica, durante cinquenta anos. No final do século passado, no
entanto, sua biografia foi recuperada, e, por tal, podemos trazê-la a estaobra.
Trazemos Francisca Edwiges Neves Gonzaga para ocupar seu espaço como a
Chiquinha Gonzaga, Mestra do Mundo, a mulher que se auto-afirmou musicista,
admitiu suas paixões, transformou-se e criou seu lugar na história dos saberes
populares. É ela que nos diz cantando: –
Abram alas que eu quero passar![...] (Fonte: LEITE, Denise. Chiquinha Gonzaga. Alice Strange Mirrors
Unsuspected Lessons, 2020-10-12. Disponível em: https://bit.ly/3sMo1MO)
O repertório de Chiquinha
abrange mais de 77 peças de teatro e 2 mil músicas, e é interpretado por nomes
importantes do cenário cultural, como o compositor Pixinguinha
(1897-1973). A artista é retratada no teatro na peça Ó Abre-Alas,
de Maria Adelaide Amaral, (1983); na televisão, na minissérie Chiquinha
Gonzaga, de Jayme Monjardim, da TV Globo, (1999); e em sambas-enredos das
escolas Mangueira e Imperatriz Leopoldinense. Chiquinha Gonzaga tem um papel
crucial na mediação cultural entre as ruas e as salas de concerto, com
composições que partem da influência tradicional europeia para criarem algo
novo e nacional. A trajetória corajosa da artista antecipa bandeiras feministas
da segunda metade do século XX, nos âmbitos pessoal e profissional. (Fonte: enciclopediaitaucultural.org.br / https://bit.ly/3ecbfDc)
Observação:Para ler a biografia completa de Chiquinha Gonzaga acesse https://cutt.ly/Ol6btNV (Wikipedia.org)
Assista a este vídeo em que o pianista e youtuber Franz Ventura conta com muito humor a história da vida de Chiquinha Gonzaga.
7. Coreografia de maxixe (o ritmo que era um escândalo no final de século XIX, tornou-se muito popular nos salões de baile das primeiras décadas do século XX durante a chamada "Belle Époque"
Assista à algumas cenas curtas da minissérie Chiquinha Gonzaga (criada por Lauro Cesar Muniz e dirigida por Jayme Monjardim - Rede Globo/1999) nas quais estão representadas as danças polca e lundu, e que ao se misturarem deram origem ao que se chama de maxixe.
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