A autora fala sobre cada ponto
em que o feminismo toca em nossas vidas. A proposta é clara: todos precisam
entender o verdadeiro feminismo para que se juntem ao movimento. Mas como fazer
a mensagem chegar em todos? Ela inicia o livro dizendo que uma revolução
feminista não se faz sozinha e pontua a necessidade de acabar com o racismo,
elitismo e o imperialismo. Dessa forma, homens e mulheres poderão criar um
espaço unido.
Nos primeiros parágrafos, Bell
fala sobre a confusão das pessoas ao definirem o feminismo. Tudo o que diziam
era uma reprodução do discurso da mídia patriarcal, principalmente a falsa
mensagem de que o feminismo é um movimento anti-homem. O apagamento de mulheres
não brancas dentro do movimento também é bastante colocado durante a narrativa.
Mesmo mulheres negras atuando como revolucionárias e aliadas da luta, elas não
eram vistas como líderes.
"Estava claro para as
mulheres negras que jamais alcançariam a igualdade dentro do patriarcado
capitalista de supremacia branca existente"
O livro foi se desenrolando de
forma fácil durante a minha leitura, Hooks cita suas vivências para
exemplificar grande parte da teoria feminista que ela expõe na obra. Isso para
mim é fantástico, pois deixa evidente que ela sabe do que está falando, pois
vivenciou grande parte dessas experiências.
Ainda no primeiro capítulo, Bell
Hooks faz uma diferenciação entre pensamento revolucionário e o pensamento
reformista. O pensamento revolucionário se tornou popular no meio acadêmico e
por causa da linguagem difícil não saiu da bolha dos letrados. Uma pena na
época, pois esses trabalhos ofereciam uma visão libertadora da transformação
feminista e não recebia tanta atenção da imprensa, pois a mesma focou suas
energias em falar apenas de igualdade de gênero no mercado de trabalho,
esquecendo de dialogar sobre a desigualdade de classe.
Por outro lado, o feminismo na
academia permitiu que pensadoras e escritoras ganhassem nota, como por exemplo,
Toni Morrison, que não era muito lida na época, mas Bell pôde usá-la como
referência em seus trabalhos. O problema mesmo, como já disse ali em cima, foi
quando a linguagem da teoria começou a ficar restrita ao grupo acadêmico. As
ideias eram visionárias, porém, não alcançavam as pessoas do lado de fora, o que, de certa forma,
enfraquecia o movimento.
"Ensinar pensamento e
teoria feminista para todo mundo significa que precisamos alcançar além da
palavra acadêmica e até mesmo da palavra escrita"
Bell Hooks também reforça que
o feminismo precisa ser presente em nosso dia a dia, para que essas práticas
sejam naturalizadas. É preciso ter mais estudos feministas nas coisas que
lemos, ouvimos e assistimos. Principalmente na educação infantil, escola e
faculdade. Mas não pense que a autora ficou só nisso, ela escreveu com
profundidade ao falar que uma pessoa feminista precisa entender o direito
reprodutivo da mulher. Mais do que pedir a legalização do aborto, Bell explica
o porque precisamos dar condições para mulheres escolherem se querem ou não ter
filhos.
"Se educação sexual,
medicina preventiva e fácil acesso a métodos contraceptivos forem oferecidos
para todas as mulheres, menos de nós teremos gravidez indesejada", ou
seja, se a educação sexual de mulheres, ricas ou pobres, fossem uma das prioridades
de nossos governantes, menos mulheres ficariam grávidas e menos abortos
aconteceriam. É simples. Direito reprodutivo é uma questão de saúde pública, é
necessário criar mais políticas que visam proteger a mulher de riscos.
No capitulo "Beleza por
dentro e por fora", Bell inicia lembrando de que as mulheres, jovens ou
mais velhas, são socializadas para acreditarem que o nosso valor está na
aparência, e esse é mais um pensamento sexista.
"A revolução do vestuário
e do corpo criada pelas intervenções feministas fez com que mulheres
aprendessem que nossa carne merecia amor
e adoração em seu estado natural"
A revolução na indústria da
moda, saúde e beleza se deu a partir da luta feminista. No movimento existem
mulheres de todos os estilos e gosto, o capitalismo precisou se adequar a isso.
Grandes marcas precisam se adequar a essas mudanças ou podem perder para as
mulheres que criam seus próprios produtos. É nesta parte que entendemos que as
mulheres feministas precisam ocupar todos os espaços, para que sempre tenhamos
alternativas. Assim, o movimento se fortifica e mulheres podem continuar
consumindo produtos sem praticar o auto-ódio.
"Criticar imagens
sexistas sem oferecer alternativas é uma intervenção incompleta"
Há assuntos neste livro que
ainda não foram explorados de forma correta dentro da mídia de massa e que
seria bastante interessante que mais pessoas falassem sobre. Como por exemplo,
os relacionamentos abusivos entre pais e filhos. Quando Bell fala que mulheres
também podem ser sexistas e abusivas, é algo certeiro, pois a mídia sempre
menciona a desigualdade de gênero e/ou coloca a mulher como sexo frágil, sendo
que há muitas mulheres que praticam atos de violência e são sexistas com outras
mulheres. Abrir essa discussão nas rodas de conversa abre caminhos para
criarmos uma comunidade mais amorosa e mais ciente de seus direitos e deveres.
O progresso no movimento
feminista permitiu que as pessoas se atentassem ao fato de que violência
doméstica também acontecia em relacionamentos homoafetivos e contra crianças.
Focar apenas na violência contra mulher não ajuda o movimento a progredir
porque é preciso acabar com TODAS as estruturas de violência. Mulheres também
podem ser violentas e perpetuar esses comportamentos através de seus filhos. A
partir do momento em que aceitamos o nosso papel dentro desses problemas,
conseguimos acabar com eles.
"A violência patriarcal
em casa é baseada na crença de que só é aceitável que um indivíduo mais
poderoso controle outros por meio de várias formas de força coercitiva"
Aqui nesta resenha eu digitei
e digitei, mas ainda não falei nem metade da mensagem de Bell Hooks em "O
feminismo é para todo mundo". Recomendo que vocês leiam também para
espalhar a mensagem de forma ainda mais acessível. A autora recomenda que
façamos como as pessoas que saem batendo nas portas para falar de religião, que
possamos dar essa mesma importância ao movimento para que a convivência entre
nós melhore.
Ainda que a intenção da autora
seja trazer uma linguagem fácil para o seu livro, acredito que ele ainda não é
o ideal para alcançar as pessoas de todas as classes. O trabalho ainda é longo.
Façam resenhas nos blogs, espalhem folhetos, discuta em seu canal no YouTube e
reflita suas atitudes no dia a dia. Deixe que as pessoas perguntem sobre essas
perspectivas.
E isso não é só para as
mulheres CIS, é para homens CIS e LGBTQI+ também, apesar da Bell Hooks não
falar de pessoas TRANS no livro (é algo para se discutir), a proposta serve
para todos. Desde o início, o movimento feminista deveria ter trabalhado com
alternativas que incluísse o papel do homem na luta contra o sexismo, porém a
mídia focou no pequeno grupo anti-homem e só enfraqueceu os ideais
revolucionários que beneficiaria todo mundo. Precisamos reverter essa situação!
Assim como ficou claro para mim, eu espero que também fique para vocês: O FEMINISMO É PARA TODO MUNDO.
(Fonte: DOMINGOS, Bruna. Resenha: o feminismo é para todo mundo. Disponível em: leiapop.com / https://bit.ly/3jE8YTL)
Alguns depoimentos sobre esta obra:
Manual simples e necessário
O livro é realmente um manual. Básico, direto, linguagem fácil; como a própria autora diz que gostaria que fosse no início do livro.
bell hooks perpassa o feminismo por diversos outros temas como relação sexual, política e até espiritualidade evidenciando a juventude do movimentos, o quanto ainda temos que aprimora-lo.
A leitura é ótima tanto pra quem já tem noção do assunto quanto pra quem quer começar a aprender sobre ele. (Fonte: beatrizsamogim 19/08/2021 - skoob.com.br / https://bit.ly/38xpu1w)
"Se qualquer mulher sentir que precisa de qualquer coisa além de si para legitimar e validar sua existência, ela já estará abrindo mão de seu poder de se autodefinir, de seu protagonismo."
Um livro a se recomendar pra todo mundo que se interesse sobre feminismo. A autora consegue abordar diversos aspectos relacionados ao assunto de uma forma bem clara e didática. Mesmo não sendo tão aprofundado, é muito completo e excelente tanto pra quem quer começar a entender sobre feminismo, quanto pra quem já é bastante engajado. (Fonte: Rebeca Vilela 23/08/2021 - skoob.com.br / https://bit.ly/38xpu1w)
Outras resenhas sobre esta obra:
- O Feminismo É Para Todos: políticas arrebatadoras - Bell Hooks. Disponível em: impressoesdemaria.com.br / https://bit.ly/3kRHE3w
- MIRANDA, Júlia. O feminismo é para todo mundo, ainda bem! Disponível em: azmina.com.br / https://bit.ly/3Bye1es
Um artigo interessante sobre este livro de Bell Hooks. Veja abaixo os tópicos:
2. Quando escrever, partir sempre de uma experiência concreta
3. É um movimento para acabar com o sexismo, a exploração sexista e a opressão
4. Uma revolução feminista sozinha não acabará com a opressão sem acabar com o racismo, o elitismo e o imperialismo
5. Feministas são formadas, não nascem feministas
6. Sem ter homens aliados à luta, o movimento feminista não vai progredir
7. O foco na pauta dos direitos reprodutivos como um todo
8. A maioria das pessoas ainda socializa só com pessoas do seu próprio grupo
9. O fim de todas as formas de violência
10. Não há amor onde há dominação
- FILGUEIRAS, Mariana. 10 lições do livro "O Feminismo É Para Todo Mundo". Disponível em: hysteria.etc.br / https://bit.ly/3BA03c3
Vídeo-resenhas sobre a obra e entrevista com a escritora:
(Fonte: canal Impressões de Maria - YouTube / https://bit.ly/2YhebIN)
(Fonte: canal Ana Lis Soares - YouTube / https://bit.ly/2WJ5irf)
(Fonte: canal Trama Literária - YouTube /https://bit.ly/3yMjxIt)
(Fonte: canal Litera Tamy - YouTube / https://bit.ly/3kV3xiH)
(Fonte: canal Fundação Rosa Luxemburgo Brasil e Paraguai - YouTube / https://bit.ly/3n1uKmq)
(Fonte: canal Gabriela Manna - YouTube / https://bit.ly/3BFSQXS)
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(Foto: geledes.org.br) |
O
nome "bell hooks" foi inspirado na sua bisavó materna, Bell Blair
Hooks. A letra minúscula pretende dar enfoque ao conteúdo da sua escrita e não
à sua pessoa. O seu objetivo, porém, não é ficar presa a uma identidade em
particular, mas estar em permanente movimento.
hooks
publicou mais de trinta livros e numerosos artigos acadêmicos, apareceu em
vários filmes e documentários, e participou de várias palestras públicas. Sua
obra incide principalmente sobre a interseccionalidade de raça, capitalismo e
gênero, e aquilo que hooks descreve como a capacidade destes para produzir e
perpetuar sistemas de opressão e dominação de classe. hooks tem uma perspectiva
pós-moderna e influenciada pela pedagogia crítica de Paulo Freire.
Em
2014, fundou o bell hooks Institute com sede no Berea College, em Berea,
Kentucky.
Biografia
Gloria Jean Watkins nasceu em Hopkinsville, numa pequena cidade segregada no Kentucky. Vem de uma família afro e nativa americana de classe trabalhadora: o pai, Veodis Watkins, trabalhava como porteiro e a mãe, Rosa Bell Watkins, como empregada doméstica em casas de famílias brancas. O casal teve seis filhos: 5 raparigas e 1 rapaz.
hooks
foi educada em escolas públicas segregadas racialmente, nas quais, segundo ela,
foi possível experimentar a educação como a prática de sua liberdade. Aos 10
anos começa a escrever os seus primeiros poemas.
Ao
fazer a transição para uma escola integrada, onde professores e alunos eram
predominantemente brancos, hooks enfrentou grandes adversidades.
Depois
de ter frequentado a Escola Secundária de Hopkinsville, em Hopkinsville,
Kentucky, foi-lhe oferecida uma bolsa de estudo para concretizar a sua licenciatura
em inglês na Universidade de Stanford em 1973. Começa a escrever Não
Serei Eu Mulher? aos 19 anos, ao mesmo tempo em que trabalha como
operadora de telefone. Fez mestrado em inglês na Universidade de
Wisconsin-Madison, em 1976.
Em
1983, após vários anos de ensino e escrita, concluiu o seu doutoramento em
literatura na Universidade da Califórnia, Santa Cruz, com uma
dissertação sobre a autora Toni Morrison.
![]() |
(Foto: wikipedia.org) |
A
sua carreira de professora começou em 1976 como professora de Inglês e
professora sénior de Estudos Étnicos na Universidade do Sul da Califórnia,
depois de terminado o doutoramento em literatura inglesa. Durante os anos que
leccionou nesta Universidade, Golemics, uma editora de Los Angeles,
publicou a sua primeira obra, um livro de poemas intitulado "And
There We Wept" (1978), escrito sob o pseudónimo de "bell
hooks".
Ensinou
em várias instituições pós-ensino secundário no início dos anos 80 e 90,
incluindo a Universidade da Califórnia, Santa Cruz, Universidade do Estado
de São Francisco, Yale, Oberlin College e City College of New York. Em
1981, a South End Press publicou o seu primeiro trabalho principal, "Ain't
I a Woman? Black Women and Feminism", escrito anos antes quando
era uma estudante universitária. A seguir à publicação de "Ain't I a
Woman?" ganhou um reconhecimento generalizado pela contribuição para o
pensamento feminista.
Depois
de ter ocupado vários cargos na Universidade da Califórnia em Santa Cruz,
Califórnia, no início da década de 1980, aceitou o cargo para lecionar Estudos
Afro-Americanos na Universidade de Yale em New Haven, Connecticut. Em 1988
entrou para o corpo docente de Oberlin College, em Ohio, para em Estudos
sobre as Mulheres.
Quando
começou a trabalhar no City College de Nova Iorque em 1995, hooks
mudou-se para a editora Henry Holt e saiu da Killing Rage.
(Fonte: wikipedia.org / https://bit.ly/3jERV3V)
Outras biografias sobre a autora:
- Biografia e idéias de bell hooks. Disponível em psicanaliseclinica.com / https://bit.ly/3kTzbgm
- ALMEIDA, Mariléa. bell hooks. Disponível em: Mulheres na Filosofia - blogs.unicamp.br / https://bit.ly/3zHxKYA
- JACOB, Paula. A importância dos livros de bell hooks nas livrarias brasileiras. Disponível em: casavogue.globo.com / https://glo.bo/38A4kzQ
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