quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Livro da Semana: A HORA DA ESTRELA, de Clarice Lispector

“Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o sei desespero. E agora só queria ter o que eu tivesse sido e não fui.” – trecho de "A Hora da Estrela"

A Hora da Estrela” foi o último romance lançado por Clarice Lispector, onde ela usou  um alter-ego chamado Rodrigo S. M. para contar a história de Macabéa. Uma jovem pobre órfã que foi criada pela tia, que não teve conforto, amigos ou amor, apenas uma infância bem miserável.

O livro começa com o narrador/escritor contando sobre seu processo criativo para começar a produzir a história da garota que ele viu um dia na rua, e com apenas uma troca de olhares sentiu que já sabia toda a sua história; Junto acompanhamos o que ele sente ou pelo o que ele se passa enquanto tenta dar início a história, junto com algumas reflexões, e como ele se sente em relação a produção do livro. Ao longo do livro ele começa a apresentar Macabéa, a jovem com quem ele se deparou em uma rua da cidade, e apenas com uma troca de olhares ele toma conhecimento de toda sua história. [...]

(Fonte: cultetc.com / https://bit.ly/47V7Im5)

Dentro do leitor há um grito desde o primeiro momento da leitura até o último. Quando a última página termina, fica um eco, eterno, para sempre, cheio de perguntas sobre quem é Macabéa, sobre o quanto, cada um de nós é Macabéa, ao mesmo tempo que essa constatação causa espanto e repulsa, porque não podemos ser Macabéa, porque dentro de sua simplicidade, mora a perfeição e nós estamos muito longe disso. Assim, A hora da Estrela se torna eterno dentro de cada leitor, pois a verdade é que mergulhamos num espaço muito particular de consciência que, de um jeito que não se explica, mas percebe-se como algo muito concreto, não há palavra, não há linguagem capaz de expressá-la. [...]

(Fonte: RAMOS, Francine. A Hora da Estrela (Clarice Lispector): um soco. Disponível em: Livro&Café / https://bit.ly/3OYO3JB

Resenhas sobre A HORA DA ESTRELA

- Sonhando Através das Palavras / https://bit.ly/3L3mBcd

- Vortex Cultural / https://bit.ly/3YWkA7w

- PIMENTEL, Rossana Kátia. Resenha - A Hora da Estrele (contém spoilers). Disponível em: bibliotecapublica.mg.gov.br / https://bit.ly/44zkRP4

- DANTAS, Eriane. [Resenha] A Hora da Estrela. Disponível em: Histórias Sem Mim / https://bit.ly/44ujXmN


Ultima entrevista com Clarice Lispector dada ao jornalista Junio Lerner para o programa Panorama em 1977

(Fonte: canal Israel Barros - YouTube / https://bit.ly/47UnnSZ)

Vídeo-resenhas sobre A HORA DA ESTRELA

A Hora da Estrela, de Clarice Lispector

(Fonte: canal Ler Antes de Morrer - YouTube / https://bit.ly/3L8wxkP)


A Hora da Estrela, de Clarice Lispector
(Fonte: Tergiverso - Canal Literário - YouTube / https://snip.ly/ny9q9c

A Hora da Estrela, de Clarice Lispector
(Fonte: canal Vra Tatá - YouTube / https://snip.ly/os8cjj)

A Hora da Estrela, de Clarice Lispector
(Fonte: canal Ana Lis Soares - YouTube / https://snip.ly/dt9vmh)

QUEM FOI CLARICE LISPECTOR?

De uma fuga em busca de sobrevivência até uma autora consagrada. Clarice Lispector é um dos maiores nomes da literatura brasileira. Sua obra é, por vezes, comparada a de Franz Kafka, escritor tcheco, autor de “A Metamorfose”.

A autora fez parte da terceira geração modernista, a chamada “geração 45”. E foi uma das primeiras autoras do seu tempo a ganhar notoriedade nacional, ao lado de outros nomes consagrados como Rachel de Queiroz e Cecília Meireles.

Sua narrativa quebrou a sequência, até então, padronizada, de começo, meio e fim. Utilizando características da prosa e as misturando com métodos da poesia, Clarice deixava os pensamentos de seus personagens dominarem a narrativa.

A ordem cronológica também foi redimensionada, devido à fusão de prosa e poesia. Como em sua primeira obra publicada, “Perto do Coração Selvagem”, que esmiúça o interior de Joana causando impacto a quem lê.

Infância, juventude e primeiros passos literários de Clarice Lispector.

Foto: iMS

Poucos sabem, mas Clarice Lispector não nasceu no Brasil. Em 1920, na aldeia Tchetchelnik, Ucrânia, a filha de Pinkouss e Mania Lispector veio ao mundo. Seus pais eram de origem judaica e precisaram fugir para o Brasil devido a perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa.

Nem sempre seu nome foi Clarice Lispector, o primeiro nome que ela recebeu foi Haya Pinkhasovna Lispector. Quando ela, aos dois meses de idade, e sua família chegaram ao Brasil, seu pai decidiu que todos mudariam de nome. Nesse momento, o Brasil ganhou um dos maiores nomes de sua literatura.

Vale ressaltar que Clarice sempre salientava não ter nenhuma espécie de ligação com a Ucrânia – “Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo” - ela dizia que a sua verdadeira pátria era o Brasil.

Clarice passou a infância no Bairro da Boa Vista, em Recife. Fez o curso primário no grupo escolar João Barbalho. Além de estudar inglês e francês, cresceu ouvindo o idioma de seus pais, o iìdiche. Estudou no melhor colégio público da cidade, o Ginásio Pernambucano e desde esse período já escrevia seus primeiros contos.

Clarice com os filhos Pedro e Paulo, na praia

Aos 12 anos foi com sua família para o Rio de Janeiro, onde residiu no Bairro da Tijuca. Em 1941, ingressou na Faculdade Nacional de Direito e conseguiu uma vaga como redatora na “Agência Nacional”, tempos depois, passou para o jornal “A Noite”. Já em 1942, casou-se com Maury Gurgel Valente, seu colega de universidade da turma de direito.

Um de seus maiores sucessos literários, “Perto do Coração Selvagem”, foi encaminhado para os dirigentes do jornal “A Noite”. O livro acabou sendo publicado, após insistência de jornalistas e foi recebido com imenso êxtase no meio literário. Devido a isso, Clarice foi comparada a importantes escritores europeus como Virginia Woolf, James Joyce, Jean-Paul Sartre e Marcel Proust. 

Dos muitos conflitos que a autora passou, em 1966, ocorreu um de seus maiores martírios. Clarice sofreu diversas queimaduras pelo corpo, principalmente nas mãos, devido a um incidente ocasionado por um de seus cigarros.

Como foi a vida profissional de Clarice Lispector?

Foto: Acervo Pessoal Rocco / Divulgação
Clarice Lispector não foi somente escritora, a influente autora do século XX, dominava cerca de sete idiomas.  Traduziu diversos contos e artigos, além de livros de variados gêneros e escritores.

Em 1941, antes de iniciar sua carreira literária, trabalhou na revista “Vamos Ler!”, como repórter e atuou, também, na área de traduções. Sua primeira tradução foi a do conto “Le missionaire”, de Claude Farrère.

A autora trocou diversas correspondências com amigos escritores brasileiros, entre eles Manuel Bandeira. Essas cartas estão reunidas em diversas coletâneas e tornaram-se extensão de suas obras.

Clarice não apenas traduziu obras, mas também teve as suas traduzidas para mais de dez idiomas. Seus livros mais traduzidos foram os seguintes romances: A Hora da Estrela; A Paixão segundo G.H.; Perto do Coração Selvagem; Laços de Família; e Uma Aprendizagem ou O livro dos Saberes.

Clarice e o marido, Maury Gurgel Valente em Veneza, Itália
O casamento de Clarice com um diplomata a fez viver em diversos países, fato que, às vezes, lhe causava certa melancolia. Clarice nunca escondeu a falta que sentia do Brasil.

Não apenas suas obras literárias, a escritora nos deixou um vasto acervo de publicações, incluindo as publicadas em jornais e revistas. A autora nunca se importou com as críticas e sempre fez questão de deixar claro que a sua relação com a escrita não era de um mero trabalho, segundo ela:

“Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada… Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro…”.

Como Clarice Lispector morreu? (ÚLTIMA OBRA)

Citação da obra “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector.

“O fato é que tenho nas minhas mãos um destino e, no entanto, não me sinto com o poder de livremente inventar. Sigo uma oculta linha fatal. Sou obrigado a procurar uma verdade que me ultrapassa.”

Em 1977 Clarice Lispector escreveu a que seria sua última publicação em vida, o livro “A Hora da Estrela”, no qual narra a história de Macabéa, uma jovem alagoana que passa a residir no Rio de Janeiro.

Olhe que interessante! Você pode curtir um fim de semana e estudar para o Enem. É só preparar a pipoca e assistir a versão cinematográfica de a “Hora da Estrela”, que foi dirigida por Suzana Amaral em 1985, conquistando um dos maiores prêmios do festival de cinema de Brasília e consagrando a atriz Marcélia Cartaxo com o troféu Urso de Prata em Berlim, 1986.

Clarice Lispector faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977, devido a um câncer de ovário. Durante o período que lutou contra o câncer escreveu “Um Sopro de Vida”, obra publicada postumamente.  Seu corpo está sepultado no cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro. [...]

(Fonte: beduka.com / https://snip.ly/wmhriz)

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Livro da Semana: PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM, de Clarice Lispector

Nascida no Império Russo, em uma família de judeus-russos que vivia em uma região que hoje pertence à Ucrânia, Clarice Lispector, filha mais nova de três irmãs, emigrou com a família para o Brasil aos 2 anos de idade, em 1922. Perto do Coração Selvagem, publicado em 1943, logo após a escritora se casar e terminar seu curso de Direito, 
foi seu primeiro romance, o qual ganhou o Prêmio Graça Aranha como melhor romance do ano. Clarice agregou muita cultura e conhecimento a seu talento como escritora, pois teve oportunidade de viver em vários países do mundo (Itália, Suiça, Inglaterra, EUA) acompanhando seu marido, que era cônsul. Pôs-se a escrever, talvez para tirar da alma aquilo que povoava seus sonhos, seus mais profundos desejos e questionamentos, aquilo que não se pode explicar com simples frases ou mera racionalidade, aquilo que, mesmo oculto, anseia por ser expresso de alguma maneira e ganhar vida. Muitos estudos acadêmicos comparam Clarice a escritores como Fiódor Dostoiévski, Franz Kafka, James Joyce, Wirginia Wolf, Herman Hesse, Guimarães Rosa, Julio Cortázar, Gabriel Garcia Márquez, Machado de Assis, Honoré de Balzac, Augusto dos Anjos, Jean Genet, Simone de Beauvoir entre tantos outros que seguem a mesma linha de investigação e exposição da alma humana em sua essência e profundidade, em sua sombra e luz e, também, em sua sensatez e seu delírio, em sua leveza e densidade, em sua feiura e beleza. Como sempre, as obras de Clarice impõem certa dificuldade aos críticos e estudiosos da literatura em classificá-las. Este romance, por exemplo, pode ser classificado como romance de formação, romance psicológico, romance de aproximação com o narrador, e muitas outras classificações. Na verdade, Clarice Lispector nunca gostou dessas classificações e pouco se importava com isso. O que realmente importava era dar voz aos pensamentos, alegrias e angústias, aos sonhos e pesadêlos, na viagem do auto-conhecimento, que nunca termina. 
(Texto: André Luiz Gattás)

Abaixo, trechos de uma ótima resenha sobre esta obra

"Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.” (pág. 60)
“E ela, solitária como o tique-taque de um relógio numa casa vazia. […] Sozinha no mundo, esmagada pelo excesso de vida, sentindo a música vibrar alta demais para um corpo.” (pág. 116)
"Clarice Lispector no seu romance de estreia “Perto do Coração Selvagem” alcança o que mais nenhum autor de sua época almejou: a descoberta das particularidades do sentir e do ser. Ao revelar-nos o pulsar das necessidades aprisionadas e desnudar os pensamentos e os desejos de um coração selvagem, pela voz da personagem Joana, mostra a força do seu romance psicológico, explorando os cantos mais obscuros do coração e da mente humana."
[...]
(Fonte: gotasdeepifania.wordpress.com / https://snip.ly/abnbwo)

Outras Resenhas Sobre "PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM"

- HOLANDA, Gabriela. Perto do Coração Selvagem: Clarice, Joana e a sede de liberdade. Disponível em: Delirium Nerd (25/06/2020) / https://snip.ly/41i3ku

- NASCIMENTO, Adriana R. do. Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector. Disponível em: Leitor Cabuloso (17/06/2019) / https://snip.ly/iojdlp 

- BENGOZI, Bruna. Cem anos de Clarice Lispector: estamos perto do coração selvagem da vida? Disponível em: Livro&Café / https://snip.ly/krotjg

- ZASSO, Bianca. Perto do Coração Selvagem - Somos Todas Joanas! Disponível em: Formiga Elétrica (30/07/2019) / https://snip.ly/9spt6e

Vídeo-Resenhas Sobre "PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM"

Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector
(Fonte: canal Julia Leal - YouTube / https://snip.ly/zyb28o

O primeiro romance de Clarice Lispector
(Fonte: canal Página 99 - YouTube / https://snip.ly/2l4btb)

Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector
(Fonte: canal Junior Costa - YouTube / https://snip.ly/xd8pmm)

Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector
(Fonte: canal Diego Cardoso - Di Cultura / YouTube / https://snip.ly/katoeu)

Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector
(Fonte: canal Ana Lis Soares - YouTube /https://snip.ly/yax2ow)

Perto do Coração Selvagem - Clarice Lispector
(Fonte: canal Lidos e Curtidos - YouTube /https://snip.ly/boqimo)

QUEM FOI CLARICE LISPECTOR?

[...]

Infância e Adolescência
Clarice Lispector nasceu na aldeia de Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920. Era filha de Pinkouss e Mania Lispector, casal de origem judaica que fugiu de seu país diante da perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa.
Ao chegarem ao Brasil, fixaram residência em Maceió, Alagoas, onde morava Zaina, irmã de sua mãe. Clarice tinha apenas dois meses de idade. Por iniciativa de seu pai, todos mudaram o nome. Nascida Haya Pinkhasovna Lispector, passou a se chamar Clarice.
Depois, a família mudou-se para a cidade do Recife, onde Clarice passou sua infância no Bairro da Boa Vista.
Aprendeu a ler e escrever muito nova e logo começou a escrever pequenos contos.
Foi aluna do grupo escolar João Barbalho, onde fez o curso primário. Estudou inglês e francês e cresceu ouvindo o idioma dos seus pais, o iídiche. Ingressou no Ginásio Pernambucano, o melhor colégio público da cidade.
Com 12 anos, Clarice mudou-se com a família para o Rio de Janeiro indo morar no Bairro da Tijuca. Ingressou no Colégio Sílvio Leite onde terminou o ginasial. Era frequentadora assídua da biblioteca.
Em 1941, Clarice ingressou na Faculdade Nacional de Direito e empregou-se como redatora da "Agência Nacional". Depois, passou para o jornal "A Noite". Em 1943 casou-se com o amigo de turma, Maury Gurgel Valente. Em 1944 formou-se em direito.

Primeiro livro
Em 1944, Clarice publicou seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem, que retrata uma visão interiorizada do mundo da adolescência, que abriu uma nova tendência na literatura brasileira.
O romance provocou verdadeiro espanto na crítica e no público da época. Sua narrativa quebra a sequência de começo, meio e fim, assim como a ordem cronológica, e funde a prosa à poesia.
A obra Perto do Coração Selvagem teve calorosa acolhida da crítica e, no mesmo ano, recebeu o Prêmio Graça Aranha.

Viagens e novas publicaçõe

Clarice Lispetcor e seu marido,
o diplomata Maury Gurgel Valente, em Berna, Suíça, 1946
(Foto: acervo Clarice Lispector / Instituto Moreira Salles)
Ainda em 1944, Clarice Lispector acompanhou seu marido – diplomata de carreira, em viagens fora do Brasil. Sua primeira viagem foi para Nápoles, na Itália. Com a Europa em guerra, Clarice ingressou, como voluntária, na equipe de assistentes de enfermagem do hospital da Força Expedicionária Brasileira.
Em 1946, morando em Berna, Suíça, publicou O Lustre. Em 1949 publicou A Cidade Sitiada. Nesse mesmo ano, nasceu seu primeiro filho, Pedro. Dedicou-se a escrever contos e em 1952 lançou Alguns Contos.
Depois de seis meses na Inglaterra, em 1954, o casal foi para Washington, Estados Unidos, onde nasceu seu segundo filho, Paulo. Nesse mesmo ano, seu livro Perto do Coração é publicado em francês.

Jornalismo e Literatura Infantil
Em 1959, Clarice se separou do marido e retornou ao Rio de Janeiro, acompanhada de seus dois filhos. Logo começou a trabalhar no "Jornal Correio da Manhã", assumindo a coluna "Correio Feminino".
Em 1960 trabalhou no "Diário da Noite" com a coluna "Só Para Mulheres" e nesse mesmo ano lançou Laços de Família, um livro de contos que recebeu o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.
Em 1967 publicou O Mistério do Coelhinho Pensante, seu primeiro livro infantil, que recebeu o Prêmio Calunga, da Campanha Nacional da Criança.
Nesse mesmo ano, ao dormir com um cigarro aceso, Clarice Lispector sofreu várias queimaduras no corpo e na mão direita. Passou por várias cirurgias e viveu isolada, sempre escrevendo. No ano seguinte publicou crônicas no Jornal do Brasil.
Clarice passou a integrar o Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Livro. Era considerada uma “pessoa difícil”. Em 1976, pelo conjunto de sua obra, Clarice ganhou o primeiro prêmio do X Concurso Literário Nacional de Brasília.

Última Publicação em Vida
A versão cinematográfica desse romance, dirigida por Suzana Amaral em 1985, conquistou os maiores prêmios do festival de cinema de Brasília e deu à atriz Marcélia Cartaxo, que fez o papel principal, o troféu Urso de Prata em Berlim em 1986.
Em 1977, Clarice Lispector escreveu Hora da Estrela, sua última obra publicada em vida, no qual conta a história de Macabéa, uma moça do interior em busca de sobreviver na cidade grande.

Características da obra de Clarice Lispector
Clarice Lispector fez parte da “Terceira Geração Modernista” ou “Geração de 45” - época de renovação das formas de expressão literária na prosa e, principalmente, nos gêneros conto e romance.
Em busca de uma linguagem especial para expressar paixões e estado da alma, a escritora utilizou recursos técnicos modernos como a análise psicológica e o monólogo interior.
Clarice Lispector é considerada uma escritora intimista e psicológica, mas sua produção acaba por se envolver também em outros universos, sua obra é também social, filosófica e existencial.
As histórias de Clarice raramente têm um começo meio e fim. Sua ficção transcende o tempo e o espaço, e os personagens, postos em situações limite, são com frequência femininas, quase sempre situadas em centros urbanos.
Clarice Lispector nunca aceitou o rótulo de escritora feminista. Apesar disso, muitas de suas obras, romances e contos têm como protagonistas personagens femininas, entre elas: Joana, de Perto do Coração Selvagem, Virgínia, de O Lustre, Lucrécia Neves, de A Cidade Sitiada e Macabéa, de A Hora da Estrela. 

As cartas de Clarice
Clarice Lispector viveu quase duas décadas fora do Brasil e escreveu muitas cartas aos amigos, e com olhar cosmopolita, fala nas correspondências sobre os absurdos do cotidiano, as agruras da condição humana e as banalidades da vida. Suas cartas foram reunidas na obra Todas as Cartas publicada em 2020.
A amizade que manteve com o escritor Fernando Sabino também foi registrada no livro “Cartas Perto do Coração” (2001), que revela uma profunda ligação entre os dois. As cartas dela foram enviadas de Berna e de Washington, onde morou. Nelas, Clarice revela uma série de frustrações por estar longe de casa.
Clarice Lispector faleceu no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977, vítima de um câncer de ovário, um dia antes de seu aniversário. Seu corpo foi sepultado no cemitério Israelita do Caju.
[...]

(Fonte: FRAZÃO, Dilva. Clarice Lispector - Escritora e Jornalista Brasileira. Disponível em: ebiografia.com / https://snip.ly/xf8xaf)

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Livro da Semana: Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector

A obra Felicidade Clandestina de Clarice Lispector reúne diversos textos da autora que foram escritos ao longo de sua vida, por isso é considerada um livro de contos.

Clarice não gostava dos rótulos de gêneros, por isso muitos dos textos inclusos nesta obra têm características de contos, outros de crônica e alguns ainda com certo ar de ensaio. "Felicidade Clandestina" foi lançado em 1971, Clarice escreveu muito desses contos para o Jornal do Brasil, para onde ela escrevia semanalmente e eram publicados como crônicas.

No total são 25 textos, sendo eles: Felicidade Clandestina; Uma Amizade Sincera; Miopia Progressiva; Restos do Carnaval; O Grande Passeio; Come, Meu filho; Perdoando Deus; Tentação; O Ovo e a Galinha; Cem Anos de Perdão; A Legião Estrangeira; Os Obedientes; A Repartição dos Pães; Uma Esperança; Macacos; Os Desastres de Sofia; A Criada; A mensagem; Menino a Bico de Pena; Uma História de Tanto Amor; As Águas do Mundo; A Quinta História; Encarnação Involuntária; Duas Histórias a Meu Modo; O Primeiro Beijo.

Os textos de Clarice Lispector em “Felicidade Clandestina” possuem temas como infância, adolescência, família, amor, e questões da alma. Muitos deles são considerados autobiográficos e trazem passagens que realmente aconteceram na vida da autora. Como é comum de algumas de suas obras, ela faz uma análise psicológica, uma espécie de avaliação autoanálise. Muitas das narrativas não possuem um fluxo sequencial e funcionam como divagações de pensamentos dos personagens. A epifania, associação de ideias e revelações súbitas são comuns na prosa.
(...)
(Fonte: coladaweb.com / https://shorturl.at/bop18

RESENHAS SOBRE O LIVRO
- FUCKS, Roberta. Livro Felicidade Clandestina de Clarice Lispector. Disponível em: culturagenial.com / https://shorturl.at/jyKV7
- MARIOTTI, Carol. [Resenha] Felicidade Clandestina - Clarice Lispector. Disponível em: blogleituravirtual / https://shorturl.at/kruL8

VÍDEO-RESENHAS SOBRE O LIVRO

Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector
(Fonte: canal Junior Costa / YouTube / https://shorturl.at/mpvAM)

Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector
(Fonte: canal Ana Lis Soares - YouTube / https://tinyurl.com/5n8nub35)

Uma análise do conto Felicidade Clandestina que dá título à coletânea
(Fonte: canal Literatura Fora da Escola - YouTube /https://tinyurl.com/5n956436)

QUEM FOI CLARISSE LISPECTOR

(Foto: divulgação Editora Rocco)
Chaya Pinkhasovna Lispector nasceu em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920. A mais jovem de três irmãs, recebeu esse nome, cujo significado é "vida". Dois anos após o seu nascimento, no ápice da guerra civil russa, com os judeus sofrendo uma grande perseguição, sua família emigra para o Brasil. Desembarcaram inicialmente em Maceió - AL, mas logo depois foram morar em Recife - PE. Ao chegar ao Brasil, a família adaptou seus nomes ao português, e foi assim que Haia se tornou Clarice. Aos oito anos, Clarice perdeu a mãe que sofria de paralisia. Nessa época, já estudando em um Colégio Hebreu Iídiche Brasileiro e dominando alguns idiomas, Clarice apostou na carreira de escritora. Foi quando escreveu sua primeira peça de teatro, Pobre Menina Rica, além de ter tentado publicar alguns textos na imprensa de Recife, embora sem muito sucesso. Em 1935, já com quatorze anos, Clarice, suas irmãs e seu pai foram morar no Rio de Janeiro.

A autora estudou Direito na instituição que hoje é a UFRJ. Em 1940, com dezenove anos, demonstra desinteresse pelo Direito, ao passo que se dedica mais à Literatura, publicando seu primeiro conto conhecido, Triunfo, no qual narra as reflexões de uma mulher abandonada por seu companheiro. Deslocada com o trabalho de escritório, buscou seguir carreira no jornalismo. Foi durante a faculdade de Direito que Clarice conheceu Maury Gurgel Valente, com quem se casou, no ano de 1943, e começou uma vida itinerante, devido ao trabalho de diplomata do marido.

Não demorou muito para que Clarice fosse trabalhar em diversas revistas, publicando seus contos e também sendo repórter em alguns periódicos cariocas. Toda essa experiência foi essencial na construção do desejo de publicar o primeiro romance, que atestou seu talento como escritora e construiu uma carreira que lhe consagrou como uma das maiores escritoras do Brasil.

Casada com o diplomata Maury Gurgel Valente entre 1943 e 1959, com quem teve dois filhos: Pedro Lispector Valente e Paulo Lispector Valente. Poucos meses após publicar “A Hora da Estrela”, Clarice foi hospitalizada, com um câncer de ovário detectado tardiamente e sem possibilidade de operar. A doença havia se espalhado por todo o seu organismo. O seu corpo foi sepultado no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro. Durante toda a sua vida, Clarice foi amiga de grandes escritores, como Fernando Sabino, Lúcio Cardoso e Rubem Braga.

Clarice Lispector era poliglota, tendo dominado mais de sete idiomas. Esse seu conhecimento linguístico lhe permitiu traduzir textos e obras de diversos autores, a maior parte deles de língua inglesa e francesa. Entre diversos romances, contos e crônicas, ela traduziu cerca de 35 livros ao longo de sua exitosa carreira literária. Contudo, Clarice não fora também apenas tradutora. Muitos de seus livros foram traduzidos para outros idiomas, tais como espanhol, inglês e francês. Ao todo, foram cerca de duzentas traduções para mais de dez idiomas, entre romances e crônicas. 

(...)

(Fonte: VICTOR, Luan; BENÍCIO, Lucas; COELHO, Eduardo. 100 Anos de Clarice Lispector - Sempre é Hora da Estrela. Disponível em: Blog Literatura, Engenharia e Reflexões / https://snip.ly/ltfw64)

ANO 2024 - Bem-vindos!

CARDÁPIO DO MÊS - Abril 2024

O projeto CARDÁPIO DO MÊS tem por objetivo chamar a atenção dos usuários da Sala de Leitura para determinadas obras que a cada mês são sel...