sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

DIVIRTA-SE EM CASA #13: TÔ EM CASA, MAS NÃO TÔ PARADO!

Aqui você tem uma lista de vídeos brasileiros e estrangeiros com demonstrações e sugestões de exercícios e atividades físicas para se fazer dentro de casa ou em um ambiente com distanciamento social. Não é porque estamos reclusos que devemos ficar sem nos exercitar, não é mesmo? Ao assistir os vídeos estrangeiros aproveite a oportunidade para também aprender um pouco mais dessa língua, já que enquanto observa você vai aprendendo novas palavras, como verbos de comando e instrução, preposições, e outros tipos de vocábulos, além dos que você já conhece. 

1. EXERCÍCIO FUNCIONAL - REDESCOBRINDO HABILIDADES E CONPETÊNCIAS
(Fonte: NR2 Prof Nilton - YouTube / https://cutt.ly/YlQwzIn)

2. POLICHINELO, SKIP, CORRIDA ESTACIONÁRIA, ATIVIDADE DO DEGRAU, ATIVIDADE DA CADEIRA, PASSADAS LARGAS
(Fonte: canal Givanildo Guarda - YouTube / https://bit.ly/3qVuJ2G)

3. ESTÁTUA YOGA - JÁ BRINCOU DISSO?
(Fonte: canal Prof Ramon Lima - YouTube / https://bit.ly/3dJpXRZ)

4. JOGO DO EQUILÍBRIO
(Fonte: canal Prof. Giovanni Minali - YouTube / https://cutt.ly/QlmTkkJ

5. DESAFIO DE AGILIDADE
(Fonte: canal Professor Ramon de Hollanda - YouTube / https://cutt.ly/ylmD84p)

6. DESAFIO DE EQUILÍBRIO
(Fonte: canal Arat ja Ujot - Our Stories - YouTube / https://cutt.ly/elm3GxO)

7. TRÊS ATIVIDADES DIVERTIDAS COM BAMBOLÊS E DISTANCIAMENTO SOCIAL
(Fonte: canal Motor-skill learning for children - YouTube / https://cutt.ly/Xlm7Nuz)

8. CONDICIONAMENTO COM PAPEL
(Fonte: canal The PE globe - YouTube / https://cutt.ly/ulm5W6r)

9. RALLYBALL 
Observação importante: o apresentador recomenda a prática da atividade em um lugar seguro dentro de casa, onde não haja pessoas ou animais circulando e que sejam retirados quaisquer objetos que possam ser quebrados.)
(Fonte: canal AtHomePhysEd - YouTube / https://cutt.ly/plm6JKZ)

10. QUIZ DE EDUCAÇÃO FÍSICA
(Fonte: canal Prof Ramon Lima - YouTube / https://cutt.ly/HlQehxA)

SUPER DICAS #7: CANAIS E SITES PARA VOCÊ APRENDER MAIS!

A seleção abaixo oferece aos
estudantes e professores uma lista de sites/canais para complementar o ensino/aprendizagem para a maioria dos componentes curriculares (disciplinas). Aqui, prevalece a criatividade, o bom humor e a diversão enquanto se ensina e se aprende. Gostaria de chamar a atenção para o site PhET que é sensacional, com centenas de simulações interativas, bem como para os canais NERDOLOGIA e MANUAL DO MUNDO. O KHAN ACADEMY dispensa elogios, bem como todos os outros da lista. 

1. PTABLE (https://bit.ly/3khRDibé uma tabela de elementos químicos interativa que pode ser visualizada através de: propriedades, elétrons, isótopos e compostos. O site ainda traz vídeos, fotos e informações sobre propriedades dos elementos e isótopos, entre outras utilidades de metais, não-metais e semimetais. 

2. CIÊNCIA TUBE é um portal de vídeos didáticos de QUÍMICA e FÍSICA (https://bit.ly/2ZJhFS1)

3. BIOLOGIA TOTAL PROF. JUBILUT
O apresentador do canal se propõe a ensinar Biologia de forma criativa e divertida, para que você entenda como a vida funciona. (YouTube: https://bit.ly/2NC5CTR)

4. KHAN ACADEMY é uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de mudar a educação para melhor, proporcionando uma educação de classe mundial livre para qualquer pessoa, em qualquer lugar.  As playlists do canal no YouTube estão divididas por assuntos e também pelos anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, abrangendo todos os componentes curriculares (disciplinas). Este é o canal oficial do YouTube em Português: https://bit.ly/3knjmhw. Você também pode visitar o site em: http://pt.khanacademy.org/ 

5. CIÊNCIA EM SHOW 
O objetivo da equipe de professores/apresentadores do canal é “ensinar e comunicar a ciência de maneira eficiente, descomplicada e descontraída.” Segundo eles, suas propostas são fundamentadas em sólidos referenciais teóricos e trazem uma visão atual da educação, que aproveita espaços diversos para facilitar a aprendizagem.
“Entendemos que a ciência é fundamental para o desenvolvimento do país e que o cidadão que sabe lidar com conceitos científicos básicos tem uma melhora significativa na qualidade de vida, torna-se mais crítico e apto ao empreendedorismo.”
(Site: https://bit.ly/3slUjxY)

6. CINEstoria
O canal onde o cinema se mistura com a História. Ou será a História que se mistura com o cinema? CINEstoria - Cinema + História como você nunca viu.
(Site: https://bit.ly/3kjFRnc)


7. MANUAL DO MUNDO
Aqui você encontra entretenimento educativo, com conteúdos que despertam a curiosidade e criatividade. Esta produtora de conteúdos faz vídeos educativos e de treinamento para a internet e produz objetos educacionais digitais para editoras de livros pedagógicos. Também oferece palestras sobre inovação na educação e o bom uso de recursos digitais nas escolas. Uma das seções interessantes é a MAKER(canal YouTube: https://bit.ly/3uuwuWr)
Site: 
https://bit.ly/3klLbqw


8. NERDOLOGIA é um grande canal de comunicação científica do Youtube que preza pelo profissionalismo. Os episódios são roteirizados e narrados por Atila Iamarino – doutor em microbiologia pela USP, e Filipe Figueiredo, historiador formado na mesma instituição. Empresas
como Petrobrás, EA Games, Ubisoft, Universal Pictures, Sony Pictures são apenas algumas das multinacionais que já patrocinaram diversos episódios que foram ao ar no canal. Com 2,2 milhões de inscritos e 200,3 milhões de visualizações em 30 de novembro de 2018, o Nerdologia foi criado em 2010 e é atualizado duas vezes por semana, alternando entre temas de ciências humanas e exatas ou biológicas focalizando, principalmente, em análises científicas de cultura pop, de forma leve e com embasamento teórico, conversando com o público jovem que se interessa por temáticas de quadrinhos, animações, videogames, etc. (https://bit.ly/3aMNFLh)


9. PhET – Site de simulações interativas da Universidade do Colorado, EUA.
Um site voltado ao ensino e aprendizagem que oferece conteúdos ótimos de: Matemática, Física, Química, Biologia, Ciências da Terra, Protótipos e Simulações. Por meio de abordagens inclusivas de design, estamos criando simulações interativas acessíveis que permitem aos alunos vivenciar as ciências e as práticas matemáticas de novas maneiras. No processo, estamos enfrentando os principais desafios no desenvolvimento de software, tecnologia assistiva e educação científica.
PARA OS PROFESSORES: As simulações PhET são ferramentas muito flexíveis que podem ser usadas de muitas maneiras. Aqui você encontra vídeos e recursos para aprender sobre formas eficazes de integrar simulações PhET em sua aula. 
(site: https://bit.ly/2NXqu7Q)


Assista abaixo ao vídeo de apresentação do site PhET que explica sobre as simulações.

(Fonte: canal Física com Mestre Roger - YouTube / https://bit.ly/3usAwP8)

SUPER DICA #6: CAMPANHA #ARQUIVO NOSSO DE CADA DIA

Estes vídeos fazem parte da campanha #ArquivoNossoDeCadaDia​, uma iniciativa do Arquivo Público do Estado de São Paulo, que traz dicas de profissionais da área para ajudar você a cuidar de seus arquivos, impressos ou digitais, além de depoimentos de cidadãos sobre a relação com seus documentos pessoais. Em vídeos curtos, venha aprender com especialistas como organizar, preservar, recuperar e até mesmo gerenciar a produção de documentos do nosso dia-a-dia e coleções pessoais; como fotografias, livros, cds, discos, dvds, vhss, contas pagas, cartas, diários e outros registros de memória familiar.1. 

1. APRESENTAÇÃO DA CAMPANHA
Flávio Ricci Arantes, diretor de difusão e apoio à  pesquisa do Arquivo Público do Estado de São Paulo, apresenta a proposta da campanha #ArquivoNossoDeCadaDia​ no contexto da pandemia da covid-19, quando grande parte da população está passando a quarentena em casa e percebendo a quantidade de documentos e coleções acumulados sem organização em locais nem sempre adequados mas que merecem cuidado, seja porque podem ser utilizados como prova de direitos ou porque precisam ser preservados porque registram a memória pessoal ou familiar.

(Fonte: canal Arquivo Público do Estado de São Paulo - YouTube / https://bit.ly/3dxJF37)

2. COMO ORGANIZAR MEUS DOCUMENTOS EM CASA?
Maria Fernanda Mendes e Freitas, arquivista (Unesp-Marilia) e coordenadora de acervo da Fundação Energia e Saneamento (Museu da Energia), apresenta de uma maneira bem simples, em menos de cinco minutos, algumas dicas de como deixar seus documentos pessoais organizados para acessá-los facilmente sempre que precisar.

(Fonte: canal Arquivo Público do Estado de São Paulo - YouTube / https://bit.ly/37ER0dc)

3. ARQUIVOS PESSOAIS: VOCÊ É SEU ARQUIVO
Elisabete Marin Ribas, que atua na equipe técnica do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP), nos conduz a uma reflexão sobre como nossas memórias e histórias são únicas e que, somadas aos nossos documentos convencionais, compõem nosso arquivo pessoal, como lembranças afetivas nos tornam arquivos vivos e cada arquivo pessoal, único, se entrelaça formando a beleza da História.

(Fonte: canal Arquivo Público do Estado de São Paulo - YouTube / https://bit.ly/3aF7DHQ)

4. COMO ELIMINAR MEUS DOCUMENTOS SEM MEDO
Ieda Pimenta Bernardes - historiadora, professora e diretora do Departamento de Gestão do Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo (DG-SAESP) do Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP) - orienta as pessoas a terem prudência e atenção na hora de eliminar documentos pessoais. Faz a distinção entre documentos que podem ser eliminados após o cumprimento de prazos de guarda determinados em leis, códigos e regulamentos e aqueles que devem ser preservados para a garantia de direitos e para servir de testemunho.

(Fonte: canal Arquivo Público do Estado de São Paulo - YouTube / https://bit.ly/3aHS56b)

Observações:
1. No canal oficial do Arquivo Público do Estado de São Paulo, na plataforma YouTube, você encontrará outros vídeos interessantes e que poderão ajudá-lo em seu dia-a-dia. 
2. Endereço do site: arquivoestado.sp.gov.br

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

LIVRO DA SEMANA 3: GRANDE SERTÃO: VEREDAS, de João Guimarães Rosa

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas

João Guimarães Rosa é um dos grandes escritores da literatura brasileira, considerado um experimentalista, com sua prosa poética cheia de neologismos e variados recursos linguísticos e poéticos que transformam seu texto em uma melodia cheia de significados mais ocultos do que explícitos. Pesquisador de campo, ele andava sempre com um bloco de notas no bolso quando viajava pelo sertões de Minas, Goiás e Bahia,  para anotar o modo de falar das pessoas do campo, o que lhe serviria, mais tarde, de material riquíssimo na elaboração de sua obra literária. Seu pai o estimulava muito quando criança e ainda jovem nesse hábito prazeroso de contar e ouvir “causos”, muitos deles misteriosos. Em suas histórias, cujos personagens são sempre os homens simples do campo, Guimarães Rosa aborda temas existenciais de caráter universal como o bem e o mal, Deus e o diabo, amor, violência, morte, angústias, os quais também são pertinentes ao homem urbano, e, por isso, seus livros estão na categoria de Literatura Universal. Quem diria que um garoto mineiro, da cidadezinha de Cordisburgo, um dia se tornaria médico, depois diplomata poliglota, vivendo em vários países e representando oficialmente nosso Brasil, e ainda seria um escritor renomado e consagrado! Pois é! Talento é talento! E talento com esforço, estudo, curiosidade e criatividade dá nisso!
Considerado não somente sua
obra-prima, mas também um dos melhores romances da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas até hoje desafia a crítica, os leitores e os estudiosos de literatura. A história se assemelha a um monólogo (embora não o seja) do começo ao fim, cujo narrador é o personagem principal, o jagunço Riobaldo. Publicado em 1956, o romance chama atenção não somente pelas suas mais de 600 páginas (um "tour de force"¹ para leitores menos experientes) como também por não ser dividido em capítulos. Nesse romance, Guimarães Rosa utilizou elementos do experimentalismo linguístico característico da primeira fase do Modernismo juntamente com a temática regionalista da segunda fase do movimento, criando uma obra única e diferente de todas as outras. 
Essa obra teve adaptações para o cinema e a mais famosa foi realizada pela Rede Globo no ano de 1985, em forma de minissérie, na qual os personagens principais foram interpretados pelos atores Tony Ramos, como Riobaldo, e Bruna Lombardi, como Reinaldo/Diadorim.
1. "tour de force" é uma expressão francesa utilizada em português que significa "grande esforço"
(Texto: André Luiz Gattás)

Leia abaixo alguns trechos de resenhas sobre Grande Sertão: Veredas (se quiser ler a resenha na íntegra, clique no link em destaque)

[...] Acredito que quase tudo já tenha sido falado e pesquisado sobre “Grande Sertão Veredas” e sobre seu autor, João Guimarães Rosa. Confesso que quando resolvi ler “Grande Sertão: Veredas” me senti entrando em um tipo de atmosfera literária em que eu teria uma imensa dificuldade em ler. A obra traz uma linguagem da qual não sou muito íntimo - a linguagem de Guimarães Rosa não é convencional, é irregular, intimida. Mas tudo isso é passado. Posso dizer, com toda a segurança, que me senti muito envolvido, muito confortável com a história de Riobaldo, e fascinado com a poesia e a erudição do autor. “Grande Sertão Veredas” é realmente uma obra fantástica.
Meu único contato com a obra de Guimarães Rosa havia sido através de “A Terceira Margem”, um conto magistral de seu livro “Primeiras Estórias”, e só. Mas foi graças a esse conto que resolvi tomar coragem e encarar “Grande Sertão Veredas”.
Guimarães Rosa, desde criança, era um ouvinte das histórias que lhe eram contadas. Buscou na fala regional do centro norte de Minas Gerais a matriz do seu estilo. Como médico, antes de ser diplomata, percorreu toda a região, atendendo a doentes e ouvindo histórias no reino dos bois, no reino dos vaqueiros e dos contadores. Seu contato e convívio com os narradores orais, traz a marca desse universo dos mestres da narração. [...]
(Fonte: bonslivrosparaler.com.br / https://cutt.ly/alwN302)

[...] Aos 9 anos, João se mudou para Belo Horizonte com seus avós maternos, apesar de sempre voltar para Cordisburgo nas férias com a intenção de rever sua cidade-natal, seus amigos e outros familiares. Seu avô, de quem recebeu muita influência, foi professor, médico, escritor e filósofo, inclusive envolvendo João em saraus literários semanais que recebiam em sua residência grandes nomes das letras mineiras.
Desde cedo, João Guimarães Rosa foi leitor assíduo: frequentava a biblioteca pública de Belo Horizonte por horas a fio e alguns dizem que ele até levava lanches para não “perder tempo almoçando”. [...]
(Fonte: luizacipriani.medium.com / https://cutt.ly/SlqYNd4)

Tem livros para os quais a gente precisa voltar de vez em quando e Grande sertão: veredas certamente é um deles. Terminei a primeira releitura nas últimas semanas, mais de 10 anos depois da primeira jornada, e o resultado? Gostei ainda mais do romance de Guimarães Rosa, que já era um dos meus preferidos da vida. [...]
O trecho acima é da resenha 5 coisas marcantes em “Grande Sertão: Veredas” que está dividia assim:
1.      Aquele começo desconcertante
2.      É a história de amor mais dolorida da literatura brasileira – quiça, do mundo
3.      Um sertão bem diferente daquele que você acha que conhece
4.      ... mas também muito parecido em outras coisas.
5.      É um livro sobre ética e justiça, numa perspectiva filosófica
(Fonte: lombadaquadrada.com / https://cutt.ly/SlqUT7A)

[...] É em meio ao bando de pistoleiros que o protagonista reencontra Reinaldo, também jagunço do grupo. Riobaldo desenvolve um afeto diferente por Reinaldo, que posteriormente revela que seu nome verdadeiro era Diadorim. [...]
[...] Assim, com a convivência, Riobaldo e Diadorim se tornam mais próximos e o sentimento em Riobaldo cresce ainda mais, até que ele aceite e admita que nutre um “amor torto” pelo colega, algo impossível de se concretizar.
E de repente eu estava gostando dele, num descomum, gostando ainda mais do que antes, com meu coração nos pés, por pisável; e dele o tempo todo eu tinha gostado. Amor que amei – daí então acreditei.
(Fonte: culturagenial.com / https://cutt.ly/dlqIVRc)

[...] Nesse romance totalmente ambíguo, lidamos com os conflitos de um jagunço reflexivo que: apesar de ter uma noiva, se apaixona por um homem; é religioso, mas faz um pacto com o diabo. Os conflitos de Riobaldo podem ser resumidos na disputa entre o bem e o mal. Embora esses valores sejam relativos, a depender de quem os julga.
Esse é um livro que fica melhor a partir da segunda leitura, pois há tantos detalhes para perceber, interpretar e se deliciar que uma leitura apenas não basta. [...]
(Fonte: oquevidomundo.com / https://cutt.ly/KlqOd8p)

[...] Guimarães Rosa era mestre das palavras, transitava como poucos entre a prosa e a poesia. Empregou elementos nunca antes utilizados na prosa brasileira, elementos como metáforas, aliterações, onomatopeias e ritmo. A força criadora de Rosa inventou uma nova linguagem, permeada por neologismos e empréstimos linguísticos, resgatou termos em desuso e explorou novas estruturas sintáticas para recriar a linguagem do homem simples do interior. Por esse e outros tantos motivos, Grande Sertão: Veredas é um daqueles livros inesquecíveis, que fazem parte da bibliografia básica de todo apaixonado pela literatura. [...]
(Fonte: brasilescola.com.br / https://cutt.ly/alwBOHv)

[...] Como já dito, Riobaldo, o narrador em primeira pessoa do livro, é um jagunço que se dispõe a relatar sua história de vida para um “doutor” que vem da cidade e resolve o entrevistar. Em primeira vista, se assemelha muito a um monólogo, apesar de não o ser, devido à presença de sinais sutis de que há um interlocutor, ainda que este não se manifeste diretamente. Somente nos é possibilitado conhecer que há alguém mais ali através de comentários do próprio Riobaldo, já que não há nenhuma fala direta além das suas. [...]
(Fonte: luizacipriani.medium.com / https://cutt.ly/blwNUvF)

VÍDEO-RESENHAS DE "Grande Sertão: Veredas"

(Fonte: canal Companhia das Letras / José Miguel Wisnik - YouTube / https://cutt.ly/qlruCYI)


(Fonte: canal Ler Antes de Morrer, Isabella Lubrano - YouTube / https://bit.ly/3biYsMl)

(Fonte: canal Casa do Saber, Yudith Rosenbaun / https://bit.ly/2ZCPfJ3

(Fonte: canal Carmem Lúcia - YouTube / https://bit.ly/2NJK7A9)

(Fonte: canal Arte 1, Programa Poesia e Prosa, Maria Bethania - YouTube / https://cutt.ly/ulriS0t)

Em entrevista à TV alemã, em 1962, Guimarães Rosa explica 'Grande Sertão Veredas'. As imagens foram retiradas do documentário “Outro Sertão”, dirigido por Adriana Jacobsen e Soraia Vilela e é uma coprodução Galpão Produções/Instituto Marlin Azul.


(Fonte: canal Estadão - YouTube / https://cutt.ly/wlrpVMu)

QUEM FOI JOÃO GUIMARÃES ROSA

Nascido em 27 de junho de 1908, na cidade mineira de Cordisburgo que, em uma mistura de latim e alemão significa algo próximo de “a cidade do coração”, de fato assim a foi para João Guimarães Rosa. A paixão pela sua terra natal é ainda hoje preservada através da transformação de sua casa em museu, com o nome do autor, em cuja entrada se lê:

O pai de Guimarães Rosa era juiz de paz, vereador e comerciante na região. Por isso, seu armazém era um ponto de encontro de tropeiros e viajantes, que desde cedo entusiasmavam o menino com suas aventuras e, mesmo sem saber, semeavam o cerne do que viria a se tornar obras de destaque da literatura nacional.

Aos 9 anos, João se mudou para Belo Horizonte com seus avós maternos, apesar de sempre voltar para Cordisburgo nas férias com a intenção de rever sua cidade-natal, seus amigos e outros familiares. Seu avô, de quem recebeu muita influência, foi professor, médico, escritor e filósofo, inclusive envolvendo João em saraus literários semanais que recebiam em sua residência grandes nomes das letras mineiras.

Desde cedo, João Guimarães Rosa foi leitor assíduo: frequentava a biblioteca pública de Belo Horizonte por horas a fio e alguns dizem que ele até levava lanches para não “perder tempo almoçando”.

“O homem nasceu para aprender, aprender tanto quanto a vida lhe permita.” — João Guimarães Rosa

Influenciado pelo avô médico, João foi aluno da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte (atual UFMG) e ao graduar-se decidiu abrir uma clínica na cidade de Taquara, onde ainda não havia presença desse tipo de profissional. Com isso, tornou-se muito querido na região, atendendo doentes a cavalo pelas fazendas e casebres.

Mais adiante, Guimarães Rosa estudou línguas estrangeiras e acabou optando por tomar o rumo da diplomacia. Para isso, foi morar no Rio de Janeiro e em seguida foi nomeado vice-cônsul em Hamburgo, na Alemanha. Conta-se que o escritor ajudou inúmeras vítimas do nazismo a fugirem do Brasil, assinando o visto em seus passaportes.

Desde menino, porém, Joãozito nutriu verdadeira paixão pelas histórias de jagunços. Apesar de nunca ter morado no sertão (apenas o visitou 2 vezes), pedia ao seu pai detalhes da vida nessa região e dizia que “o sertão está na cabeça”, ou seja, ele mesmo o inventava e o tornava cenário e personagem se suas obras.

“ O sertão é dentro da gente” — João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas

Antes de escrever Grande Sertão: Veredas, inclusive, João Guimarães Rosa realizou uma viagem de 10 dias pelo sertão, acompanhado de jagunços, boiadeiros e um pequeno caderninho, onde fazia anotações daquela linguagem e estilo de vida tão próprios da região. E foi justamente por essa característica, entre tantas outras peculiaridades, que as obras de Guimarães Rosa se tornaram grandiosas, cheias de neologismos, regionalismos e musicalidade (conta-se, inclusive, que o escritor pedia para sua filha ler suas obras em voz alta, para que ele pudesse sentir e aprovar a musicalidade de suas próprias frases).

Suas grandiosas obras o levaram a ser escolhido, por unanimidade, para a Academia Brasileira de Letras. Anos depois de ser convocado, decidiu tomar posse em 16 de novembro de 1967, exatos 3 dias antes de falecer subitamente por causa de um infarto. 

(Fonte: luizacipriani.medium.com / https://cutt.ly/SlqYNd4)


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

LIVRO DA SEMANA 2: SAGARANA, de João Guimarães Rosa

[...] porque o sertão é o terreno da eternidade, da solidão (...). No sertão, o homem é o EU que ainda não encontrou um TU; por ali os anjos e o diabo ainda manuseiam a língua" [...]

A primeira versão de SAGARANA, primeira obra de João Guimarães Rosa, foi escrita em 1938 e participou do concurso literário “Humberto de Campos” promovido pela livraria José Olympio, a mesma que publica livros até hoje. Só oito anos depois, em 1946, veio a ser publicada para o grande público com o título Contos e sob pseudônimo de Viator.

Nessa obra, constituída por nove contos (embora alguns classifiquem esse conjunto de textos como novelas), o autor também revela elementos típicos da fala do sertanejo mineiro, no estilo “contação de causo”, construindo narrativas bastante alegóricas. O que isso quer dizer? Quer dizer que o escritor usa a alegoria como recurso literário quando, ao contar uma história simples sobre qualquer coisa ou fato concreto, na verdade o que pretende é instigar o leitor a refletir sobre ideias abstratas, ocultas à uma primeira vista.

Como já foi mencionado em um artigo anterior sobre este mesmo autor, é através do emprego de uma linguagem de caráter representativo que Guimarães Rosa também leva o leitor por um passeio através do fluxo de sentimentos, pensamentos, angústias e conflitos que se passam no interior dos personagens (característica bastante evidente na estética modernista) através de uma prosa poética, estilo este que faz uso de todos os recursos da poesia.

(Texto: André Luiz Gattás)

Algumas observações importantes sobre o texto de Guimarães Rosa (se quiser ler o texto na íntegra, clique no link em destaque)

[...] Voltada para as forças virtuais da linguagem, a escritura de Guimarães Rosa procede abolindo intencionalmente as barreiras entre narrativa e lírica, revitalizando recursos da expressão poética: células rítmicas, aliterações, onomatopeias, rimas internas, elipses, cortes e deslocamentos sintáticos, vocabulário insólito, com arcaísmos e neologismos, associações raras, metáforas, anáforas, metonímias, fusão de estilos [...]
[...] Guimarães Rosa tinha plena consciência das dificuldades que seus textos apresentam para o leitor: "Como escritor, não posso seguir a receita de Hollywood, segundo a qual é preciso sempre orientar-se pelo limite mais baixo do entendimento. Portanto, torno a repetir: não do ponto de vista filológico¹ e sim do metafísico², no sertão fala-se a língua de Goethe, Dostoievski e Flaubert, porque o sertão é o terreno da eternidade, da solidão (...). No sertão, o homem é o eu que ainda não encontrou um tu; por ali os anjos e o diabo ainda manuseiam a língua"[...]
(Fonte: vestibular.uol.com.br - https://bit.ly/3s4Xx95)
1. Filologia:
a. estudo rigoroso dos documentos escritos antigos e de sua transmissão, para estabelecer, interpretar e editar esses textos.
b. estudo científico do desenvolvimento de uma língua ou de famílias de línguas, baseado em documentos escritos nessas línguas.
 2. Metafísica:
a. no aristotelismo, subdivisão fundamental da filosofia, caracterizada pela investigação das realidades que transcendem a experiência sensível, capaz de fornecer um fundamento a todas as ciências particulares, por meio da reflexão a respeito da natureza primacial do ser; filosofia primeira.
b. no kantismo, estudo das formas ou leis constitutivas da razão, fundamento de toda especulação a respeito de realidades suprassensíveis (a totalidade cósmica, Deus ou a alma humana), e fonte de princípios gerais para o conhecimento empírico.
c. por extensão, qualquer sistema filosófico voltado para uma compreensão ontológica, teológica ou suprassensível da realidade.

Veja alguns trechos de resenhas sobre SAGARANA (Para ler na íntegra, clique no link em destaque).

[...] O título Sagarana é um neologismo, fenômeno linguístico muito presente nas obras de Guimarães. É a junção da palavra "saga" com "rana", de origem tupi, que significa "semelhante com". Assim Sagarana é semelhante a uma saga. [...]
(Fonte: culturagenial.com / https://bit.ly/2OO0DQr)

[...] Entre as experiências vividas pelo autor estão as viagens pelo sertão brasileiro, principalmente o mineiro, acompanhadas pelos famosos caderninhos de anotações. Neles, Guimarães Rosa registrava palavras e expressões do povo brasileiro que, mais tarde, transformaria em metáforas poéticas. [...]
(Fonte: vestibular.uol.com.br / https://bit.ly/3ashd0l

Vida, obra e curiosidades sobre João Guimarães Rosa

Neste vídeo você conhecerá mais sobre esse homem que além de grande escritor, foi médico, diplomata e tinha muito bom humor e sabedoria para com a vida. Verá também trechos de uma entrevista com a filha de Guimarães Rosa num programa de TV sobre literatura. 
(Fonte: Nina & Suas Letras - YouTube / https://bit.ly/3beKawd)

Aqui você pode assistir à entrevista completa com a filha de Guimarães Rosa no programa de TV Trilhas & Letras, da TV Brasil.
(Fonte: tvbrasil - YouTube / https://bit.ly/3bfu0m8)

Entrevista rara do escritor e diplomata brasileiro João Guimarães Rosa para um canal de televisão independente em Berlim, em 1962. São uma das únicas imagens em movimento deste grande autor da literatura brasileira.
(Fonte: canal Fernando Graça - YouTube / https://bit.ly/3bl3Bn5)

VÍDEO-RESENHAS  E VÍDEO-AULAS DE SAGARANA

(Fonte: canal Ler Antes de Morrer, Isabella Lubrano - YouTube / https://bit.ly/3dqC72a

(Fonte: canal Brasil Escola - YouTube / https:// bit.ly/3k8aADW)

(Fonte: canal Brasil Escola - YouTube / https://cutt.ly/hk56HjJ)

(Fonte: canal Literature-se - YouTube / https://cutt.ly/Tk56MjV)

(Fonte: canal Vá ler um Livro - YouTube / https://cutt.ly/2k6qNu7)

(Fonte: canal Explica Mais, Prof. Ricardo - YouTube / https://cutt.ly/Fk6ewoh)

Abaixo você pode conhecer um pouco do enredo de cada conto de SAGARANA

O Burrinho Pedrês
Esse conto retrata o afogamento de um grupo de vaqueiros e cavalos quando vão atravessar o Córrego da Fome. Dois dos vaqueiros sobrevivem ao episódio: Francolim e Badu.

A Volta do Marido Pródigo
O personagem principal é Lalino, um homem preguiçoso e malandro, que abandona sua mulher e viaja para o Rio de Janeiro. Quando retorna, sua mulher, Ritinha, está casada com Ramiro. No final do conto, ele reata com ela.

Sarapalha
Esse conto revela a história de Ribeiro e Argemiro, que são afetados pela malária. Abandonados por todos, Argemiro revela a Ribeiro o interesse que ele tinha em sua mulher, Luísa. Depois da revelação, Ribeiro expulsa Argemiro de suas terras.

O Duelo
A história se concentra no adultério da mulher de Turíbio, Silvana, com Cassiano. Diante disso, Turíbio resolve matar seu adversário, mas por engano tira a vida do irmão dele. Acaba por fugir e sendo morto por Vinte-e-Um, um conhecido de Cassiano.

Minha Gente
Emílio vai visitar seu tio e acaba se apaixonando por sua prima: Maria Irma. O amor não é correspondido pois Maria estava interessada em Ramiro que, por fim, torna-se seu marido.

São Marcos
José, mais conhecido como “Izé”, não acredita em feiticeiros e sempre recita a Oração de São Marcos, como forma de zombar dessa crença. Para se vingar dele, um feiticeiro consegue um retrato dele e coloca uma venda na região de seus olhos na foto, deixando-o cego por um tempo.

Corpo Fechado
O conto revela o interesse de Antonico das Pedras-Águas, o feiticeiro, sobre a mula pertencente a Manuel Fulô. Com o intuito de conseguir a mula, o feiticeiro promete “fechar o corpo” de Manuel.

Conversa de Bois
Esse conto descreve a trajetória de um carro de bois que leva rapadura e o defunto pai de Tiãozinho. Paralelamente, o boi Brilhante conta a história de outro, enquanto revela os maus-tratos que os animais sofrem.

A Hora e Vez de Augusto Matraga
Essa é a história de Augusto Estêves, depois de perder seus bens e seus capangas. Além disso, sua mulher e filha fogem com Ovídio Moura. Indignado, resolve ir à propriedade de seu adversário Major Consilva. Ele estava com seus capangas. No entanto, Augusto é espancado e marcado com ferro. Consegue fugir da propriedade do Major, sendo encontrado por um casal de pretos, que cuida dele. Mais tarde, o bando de Joãozinho Bem-Bem, o mais temido jagunço do sertão, chega a cidade em que estava Augusto. Embora tenham ficado amigos, no momento em que Augusto fala para Joãozinho não matar uma família, ele resolve revidar. No duelo final, ambos morrem.

Assista ao filme baseado no conto acima, A Hora e a Vez de Augusto Matraga, que também foi adaptado como minissérie pela Rede Globo.
(Fonte: canal Deije Alejandro - YouTube / https://cutt.ly/ok6rxmY)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

LIVRO DA SEMANA 1: PRIMEIRAS ESTÓRIAS, de João Guimarães Rosa

“Tudo, aliás, é a ponta de um mistério. Inclusive, os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo.” 
(trecho do conto O Espelho, em Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa)

Esta obra reúne vinte e um contos desse escritor que tem um cantar em sua prosa, porque resgata, o tempo todo, o modo de falar do sertanejo mineiro, criando neologismos¹ e fazendo uso de vocábulos que muitos de nós, cidadãos urbanos, desconhecemos. Então, quando lemos os livros de Guimarães Rosa, somos levados a entrar na “vibe”² do som das palavras e do modo que se usa tais palavras, desse regionalismo linguístico e cultural, num mundo que, em muitos aspectos, se mostra diferente do nosso. Embora seus textos e seu estilo tenham sido criticados  pelas elites acadêmicas com alguma frequência, isso não deixou de leva-lo ao topo da classificação de um dos grandes escritores mundiais, colocando suas obras na categoria de “literatura universal” e, assim, foi traduzido (tarefa dificílima nesse caso) e publicado em vários países. Outra coisa interessante diz respeito ao título desse livro. Vocês devem ter notado a palavra “estória” ao invés de “história”, como seria o correto ortograficamente. Isso foi proposital, já que na língua inglesa existe esta diferença entre “history” (a história geral, do homem, do mundo, etc.) e “story” (uma narrativa ficcional ou não, uma história que alguém conta). E porque ele utilizou esse recurso? Para chamar a atenção para as antigas histórias contadas oralmente pelos sertanejos, os conhecidos “causos” contados ao pé da mesa da cozinha, na varanda das casas das fazendas, em volta da fogueira no meio da mata quando a tropa descansava durante o jantar. Isso fez e faz parte do imaginário das pessoas daquela região do Brasil e Guimarães Rosa faz um resgate dessa cultura com muita arte e criatividade. Um tema recorrente nesses vinte e um contos é o desejo de imortalidade em contraste com o inevitável encontro com a morte e todos os aprendizados que a vida oferece ao ser humano antes do dia da travessia. Os contos narram situações banais, com personagens simples, mas que demostram a beleza, o amor pela terra e o encantamento com a vida, a natureza e o mistério que elas guardam.

1. Neologismo:
a. emprego de palavras novas, derivadas ou formadas de outras já existentes, na mesma língua ou não.
b. atribuição de novos sentidos a palavras já existentes na língua.
2. Vibe: é um termo utilizado para falar da energia, seja de alguém ou de alguma coisa. É uma diminuição da palavra vibration (do inglês), que significa vibração, e é muito usada por jovens para descrever pessoas, lugares ou coisas. Mas o termo vibe também pode ser utilizado para falar sobre um momento ou um lugar. 
(Texto: André Luiz Gattás)

CONHEÇA OS ENREDOS DOS CONTOS DE “PRIMEIRAS HISTÓRIAS”, de Guimarães Rosa

I - "As margens da alegria".

Um menino descobre a vida, em ciclos alternados de alegria (viagem de avião, deslumbramento pela flora, e fauna) e tristeza (morte do peru e derrubada de uma árvore).

II - "Famigerado".

O jagunço Damázio Siqueira atormenta-se com um problema vocabular: ouviu a palavra "famigerado" de um moço do governo e vai procurar o farmacêutico, pessoa letrada do lugar, para saber se tal termo era um insulto contra ele, jagunço.

III - "Sorôco, sua mãe, sua filha".

Um trem aguarda a chegada da mãe e da filha de Sorôco, para conduzi-las ao manicômio de Barbacena. Durante o trajeto até a estação, levadas por Sorôco, elas começam surpreendentemente a cantar.

Quando o trem parte, Sorôco volta para casa cantando a mesma canção, e os amigos da cidadezinha, solidariamente, cantam junto.

IV - "A menina e lá".

Nhinhinha possuía dotes paranormais: seus desejos, por mais estranhos que fossem, sempre se realizavam. Isolados na roça, seus parentes guardam em segredo o fenômeno, para dele tirar proveito. As reticentes falas da menina tinham caráter de premonição: por exemplo, o pai reclamara da impiedosa seca.

Nhinhinha "quis" um arco-íris, que se fez no céu, depois de alentadora chuva. Quando ela pede um caixãozinho cor-de-rosa com enfeites brilhantes ninguém percebe que o que ela queria era morrer...

V - "Os irmão Dagobé".

O valentão Damastor Dagobé, depois de muito ridicularizar Liojorge, é morto por ele. No arraial, todos dão como certa a vingança dos outros Dagobé : Doricão , Dismundo e Derval. A expectativa da revanche cresce quando Liojorge comunica a intenção de participar do enterro de Damastor.

Para surpresa de todos, os irmãos não só concordam, como justificam a atitude de Liojorge, dizendo que Damastor teve o fim que mereceu.

VI - "A terceira margem do rio".

Um homem abandona família e sociedade, para viver à deriva numa canoa, no meio de um grande rio. Com o tempo, todos, menos o filho primogênito, desistem de apelar para o seu retorno e se mudam do lugar. O filho, por vínculo de amor, esforça-se para compreender o gesto paterno: por isso, ali permanece por muitos anos.

Já de cabelos brancos e tomado por intensa culpa, ele decide substituir o pai na canoa e comunica-lhe sua decisão. Quando o pai faz menção de se aproximar, o filho se apavora e foge, para viver o resto de seus dias ruminando seu "falimento" e sua covardia.

VII - "Pirlimpsiquice".

Um grupo de colegiais ensaia um drama para apresentá-lo na festa do colégio. No dia da apresentação, há um imprevisto, e um dos atores se vê obrigado a faltar. Como não havia mais possibilidade de se adiar a apresentação, os adolescentes improvisam uma comédia, que é entusiasticamente bem recebida pela platéia.

VIII - "Nenhum, nenhuma".

Uma criança, não se sabe se em sonho ou realidade, passa férias numa fazenda, em companhia de um casal de noivos, de um homem triste e de uma velha velhíssima, de quem a noiva cuidava.

O casal interrompe o noivado, e o menino, que conhecera o Amor observando-os, volta para a casa paterna. Lá chegando, explode sua fúria diante dos pais ao notar que eles se suportavam, pois tinham transformado seu casamento num desastre confortável.

IX - "Fatalidade".

Zé Centeralfe procura o delegado de uma cidadezinha, queixando-se de que Herculinão Socó vivia cantando sua esposa. A situação tornara-se tão insuportável que o casal mudara de arraial. Não adiantou: o Herculinão foi atrás.

O delegado, misto de filósofo, justiceiro e poeta, depois de ouvir pacientemente a queixa, procura o conquistador e, sem a mínima hesitação, mata-o, justificando o fato como necessário, em nome da paz e do bem-estar do universo.

X - "Seqüência".

Uma vaca fugitiva retorna a sua fazenda de origem. Decidido a resgatá-la, um vaqueiro persegue-a com incomum denodo. Ao chegar à fazenda para onde a vaca retornara, o vaqueiro descobre que havia outro motivo para sua determinação: a filha do fazendeiro, com quem o rapaz se casa.

XI - "O espelho".

Um sujeito se coloca diante de um espelho, procurando reeducar seu olhar, apagando as imagens do seu rosto externo. A progressão desses exercícios lhe permite, daí a algum tempo, conhecer sua fisionomia mais pura, a que revela a imagem de sua essência.

XII - "Nada e a nossa condição".

O fazendeiro Tio Man 'Antônio, com a morte da esposa e o casamento das filhas, sente-se envelhecido e solitário. Decide vender o gado, distribuindo o dinheiro entre as filhas e genros.

A seguir, divide sua fazenda em lotes e os distribui entre os empregados, estipulando em testamento uma condição que só deveria ser revelada quando morresse. Quando o fato ocorre, os empregados colocam seu corpo na mesa da sala da casa-grande e incendeiam a casa: a insólita cerimônia de cremação era seu último desejo.

XIII - "O cavalo que bebia cerveja".

Giovânio era um velho italiano de hábitos excêntricos: comia caramujo e dava cerveja para cavalo. Isso o tornara alvo da atenção do delegado e de funcionários do Consulado, que convocam o empregado da chácara de "seo Giovânio", Reivalino, para um interrogatório.

Notando que o empregado ficava cada vez mais ressabiado e curioso, o italiano resolve então abrir a sua casa para Reivalino e para o delegado: dentro havia um cavalo branco empalhado.

Passado um tempo, outra surpresa: Giovânio leva Reivalino até a sala, onde o corpo de seu irmão Josepe, desfigurado pela guerra, jazia no chão. Reivalino é incumbido de enterrá-lo, conforme a tradição cristã. Com isso, afeiçoa-se cada vez mais ao patrão, a ponto de ser nomeado seu herdeiro quando o italiano morre.

XIV - "Um moço muito branco".

Os habitantes de Serro Frio, numa noite de novembro de 1872, têm a impressão de que um disco voador atravessou o espaço, depois de um terremoto. Após esses eventos, aparece na fazenda de Hilário Cordeiro um moço muito branco, portando roupas maltrapilhas.

Com seu ar angelical, impõe-se como um ser superior, capaz de prodígios: os negócios de Hilário Cordeiro, o fazendeiro que o acolheu, têm uma guinada espantosamente positiva. Depois de fatos igualmente miraculosos, o moço desaparece do memo modo que chegara.

XV - "Luas-de-mel".

Joaquim Norberto e Sa- Maria Andreza recebem em sua fazenda um casal fugitivo, versão sertaneja de Romeu e Julieta. Certos de que os capangas do pai da moça virão resgatá-la, todos se preparam para um enfrentamento: a casa da fazenda transforma-se num castelo fortificado.

É nesse clima de tensão que se celebra o casamento dos jovens, a que se segue a lua-de-mel, que acontece em dose dupla: dos noivos e do velho casal de anfitriões, cujo amor fora reavivado com o fato. Na manhã seguinte, a expectativa se esvazia com a chegada do irmão da donzela, que propõe solução satisfatória para o caso.
(Fonte: mundodovestibular.com.br / https://bit.ly/2ZjBZsW

Abaixo você encontra trechos de resenhas sobre a obra. Caso queira ler a resenha na íntegra, clique o link em destaque.

(...) Em Primeiras Estórias, parecem existir "leis" desconhecidas que regem as vidas das personagens, pressupõe-se um "mundo paralelo", metafísico, que influencia a conduta humana. O contato com essas "forças invisíveis" depende de uma sensibilidade aguçada. Por isso muitas das personagens dos contos de Guimarães Rosa são estranhas. "Loucos" (como Darandina ou Tarantão), crianças extremamente sensíveis (como o Menino, de "As Margens da Alegria", ou Brejeirinha, de "A Partida do Audaz Navegante"), apaixonados (como Sionésio, de "Substância"), todos representam seres especiais, que parecem viver em outra dimensão, demonstrando uma sabedoria inata, intuitiva. São, enfim, seres iluminados. 
Essa iluminação relaciona-se à teoria platônica da reminiscência. A alma, sendo imortal, teria vivido em contato com o Mundo Ideal, o plano da Perfeição. Ao encarnar, a alma guardaria lembranças difusas, inconscientes, desse mundo "bom, belo e verdadeiro", para o qual deseja profundamente retornar. Algumas experiências no plano terreno teriam o poder de despertar na alma o gosto da Perfeição, possibilitando uma "redescoberta" de uma alegria até então adormecida....
Esses momentos de epifania, reveladores de uma Verdade oculta, transformam a vida das personagens. Nesse sentido, o encontro com o belo, o desejo de livrar-se do peso da matéria, o sentimento amoroso são situações de aprendizado: libertam a alma das impurezas da vida e levam o ser humano a uma condição "superior", mesmo que não tenha plena consciência disso. Como se diz em "Nenhum, Nenhuma", "a gente cresce sempre, sem saber para onde". (...)
(Fonte: vestibular UOL - https://bit.ly/2ZmE9Io)

(...) Porém o autor não se prendeu a um estilo único, nem a um gênero. Temos histórias com doses de comédia, outras mais sérias, algumas psicológicas, autobiográficas e até mesmo certos contos fantásticos. Ao experimentar esse novo estilo de prosa, Guimarães Rosa também experimentou diversos gêneros literários, formas variadas de falar sobre o cotidiano da vida no sertão. (...)
(Fonte: anatomiadapalvra.com / https://bit.ly/3djA0wT

(...) Afinal, ler Guimarães é ler o interior do Brasil -- e que pode ser que nem exista mais. É sentar numa mesinha de madeira, no fim da tarde, e comer um café coado observando a natureza, a vizinhança, a vida. Ler suas histórias é entender as várias facetas do Brasil profundo e entender quem somos nós, brasileiros. Ainda mais neste potente livro Primeiras Estórias. (...)
(Fonte: esquinadacultura.com.br / https://bit.ly/2Zjdhc2)

VÍDEO-RESENHAS SOBRE "PRIMEIRAS ESTÓRIAS"
                (Fonte: canal Textando Português - YouTube / https://bit.ly/37kuaY9)
(Fonte: canal Aventuras na Leitura - YouTube / Kelly Cominoti / https://bit.ly/3dkZ6vw)

UM POUCO SOBRE GUIMARÃES ROSA

João Guimarães Rosa foi um escritor brasileiro. O romance "Grande Sertão: Veredas" é sua obra prima. Fez parte do terceiro tempo do Modernismo, caracterizado pelo rompimento com as técnicas tradicionais do romance.

Guimarães Rosa nasceu dia 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, interior de Minas Gerais. Era filho de comerciante da região e realizou seus estudos primários na própria cidade. Em 1918 mudou-se para a casa de seus avós em Belo Horizonte para continuar os estudos. Assim formou-se médico na Universidade de Minas Gerais, em 1930.

São dessa época os seus primeiros contos, que foram publicados na revista “O Cruzeiro”. Depois de formado, mudou-se para Itaguara, município de Itaúna, onde permaneceu por dois anos.

Em 1932 voltou para Belo Horizonte para servir como médico voluntário da Força Pública, durante a Revolução Constitucionalista.

Em 1934, Guimarães Rosa vai para o Rio de Janeiro e presta concurso para o Itamarati. Culto, sabia falar mais de nove idiomas e conseguiu aprovação em segundo lugar.

Em 1936 participou de um concurso ao Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras, com a coletânea de contos "Magma". Conquistou o primeiro lugar, mas não publicou a obra. Em 1937 iniciou a produção de "Sagarana", volume de contos que retrata a vida das fazendas mineiras.

Entre os anos de 1938 e 1944, foi nomeado cônsul-adjunto na cidade de Hamburgo, Alemanha. Nesse período, especificamente no ano de 1942, Guimarães foi preso quando o Brasil rompeu a aliança com a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

No ano seguinte foi para Bogotá, como Secretário da Embaixada Brasileira.


Em 1946, publica "Sagarana" que se transforma em sucesso de crítica e público. As duas edições esgotam-se no mesmo ano e a obra é vencedora do Prêmio da Sociedade Felipe d'Oliveira.

De 1946 a 1951, Guimarães Rosa reside em Paris. Em 1952, realiza excursão ao Estado de Mato Grosso e escreve uma reportagem poética, "Com o Vaqueiro Mariano", que foi publicada no Correio da Manhã.

Após dez anos de sua estreia literária, o escritor publica “Corpo de Baile” e "Grandes Sertões: Veredas" em 1956.

Em 1958 Guimarães é promovido a embaixador, mas opta por não sair do Brasil e permanece no Rio de Janeiro.

Em 1963 é eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo empossado somente em 1967. Três dias depois do ato, Guimarães Rosa tem um infarto e falece no Rio de Janeiro, dia 19 de novembro de 1967.

Com uma trajetória de vida dedicada à medicina, diplomacia e literatura, Guimarães Rosa renovou o romance brasileiro e conquistou leitores em diversos países.

(Fonte: infoescola.com.br / https://bit.ly/3pmvjox)

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