sexta-feira, 12 de março de 2021

LIVRO DA SEMANA: IRACEMA, de José de Alencar

Iracema, romance classificado como pertencente ao gênero indianismo romântico, faz parte do projeto de José de Alencar de consolidação de uma cultura nacional onde os cidadãos do país se reconhecessem como tendo uma única origem, aquela proveniente da miscigenação entre várias raças. Nesse romance uma índia pagã e um colonizador português e cristão se apaixonam e enfrentam várias dificuldades, conflitos e preconceitos para poder vivenciar esse amor.

O fato de José de Alencar ter sido um leitor assíduo de Walter Scott, escritor inglês do século XIX e criador do gênero romance histórico, fez com que sua obra sempre misturasse ficção com realidade, baseada em documentos históricos e desenvolvendo o enredo com base nesses fatos. O contexto em que se desenvolve a trama de Iracema ocorre num período em que duas etnias indígenas diferentes apoiavam dominadores europeus também diferentes. Enquanto os índios potiguaras, que habitavam as praias cearenses, eram aliados dos portugueses, os tabajaras, habitantes das serras cearenses, eram aliados dos franceses. Estabelecia-se aí, então, outra polaridade. Para criar um enredo de amor romântico nos moldes dos romances europeus, José de Alencar constrói a personagem de Iracema com alguns comportamentos e crenças de uma mulher europeia cristã, e aqui, pode-se citar, por exemplo, o fato de ela se manter virgem para o amado, princípio esse que não existe e nem é valorizado nas sociedades indígenas, já que isso é um dogma do cristianismo.

José de Alencar também faz uso, com maestria, de uma linguagem poética com muitas metáforas e imagens quando se trata de representar o pensamento dos “selvagens”, uma vez que sabe-se que as etnias indígenas tem uma mitologia muito rica e é dela que fazem uso para expressar sua concepção de mundo e contar sua(s) história(s).   O escritor faz uso também de muita adjetivação para descrever a natureza em detalhes, revelando a exuberância de nossos trópicos, criando um cenário idílico, um verdadeiro paraíso, o que vem a ser um dos objetivos dessa estética literária, o indianismo romântico.

A personagem Moacir, fruto do amor entre Iracema e Martin e cujo nome significa “nascido da dor”, mediante todos os sofrimentos que sua mãe enfrentou para  tê-lo, inclusive durante o parto, acaba por ser usada como um recurso para justificar vários fatos, tais como a união de dois povos diferentes, a necessidade do choque, do embate e do sofrimento para o nascimento de algo melhor, que seria uma nova nação (justificando a violência dos colonizadores em relação aos povos indígenas) e nesse tipo de raciocínio podemos fazer várias outras afirmações onde o autor vai justificando todos os crimes cometidos pelos colonizadores contra a cultura indígena.

Iracema foi publicado em 1865, e faz parte da tríade dos romances indianistas juntamente com O Guarani e Ubirajara. Naquela época o Brasil vivia uma euforia nacionalista motivado pelo movimento de independência, ocorrido em 1822. Esses fatos influenciaram os escritores da época que se inspiravam no romantismo europeu, o qual também tinha ideais nacionalistas. Assim, os autores brasileiros adaptavam suas obras à realidade local. Portanto, Iracema pertence à primeira fase do romantismo brasileiro, no qual, tanto na prosa como na poesia, dava-se muito destaque à “língua brasileira”, um português impregnado com dialetos africanos bem como com palavras e expressões indígenas e também construiu-se uma imagem artificial do índio, na tentativa de torná-lo semelhante a um cavaleiro medieval, transformando-o em um verdadeiro herói nacional. Tudo muito idealizado e distante da realidade. Tudo muito "romantizado", como se diz. 

(Texto: André Luiz Gattás)

O Romantismo no Brasil
A despeito de possuir características semelhantes dessa fase, o romantismo é dividido em três fases.
A primeira geração romântica (1836 a 1852) está pautada no nacionalismo-indianismo, visto como a fase inicial para a busca de uma identidade nacional.
segunda geração romântica (1853 a 1869), denominada de “mal do século” ou “ultrarromântica”, destacou-se pela abordagem de temas como a morte, a dor, o amor não correspondido.
terceira geração romântica, chamada de “geração condoreira” (1870 a 1880), ressalta a importância da liberdade.
(Fonte: todamateria.com.br / https://bit.ly/2OgbhQ9)

Características
A Primeira Geração Romântica tem como principais características:
·         Exaltação da natureza e da liberdade
·         Religiosidade
·         Figura do índio ou indianismo
·         Sentimentalismo, emoções
·         Nacionalismo-ufanista
·         Brasileirismo (linguagem)

(Fonte: todamateria.com.br / https://bit.ly/2OgbhQ9)

Para saber mais sobre o movimento literário do Romantismo no Brasil, acesse: 
- todamateria.com.br / https://bit.ly/38w0qse

Algumas resenhas sobre o livro IRACEMA, de José de Alencar

- BASTOS, Natacha. Iracema. educação. literatura / globoeducacao.com. Disponível em: https://bit.ly/3bDlOO0 
- PRADO, Luiz. Iracema apresenta a origem mítica do povo brasileiro. Jornal da USP, 14/10/2018. Disponível em: https://bit.ly/3bHV5Qp

Vídeo-resenhas sobre o livro IRACEMA, de José de Alencar

(Fonte: canal Ler Antes de Morrer / Isabella Lubrano - YouTube / https://bit.ly/3bGbWDa)

(Fonte: canal LíteraBrasil - YouTube / https://bit.ly/38yApsi)


QUEM FOI JOSÉ DE ALENCAR?

José de Alencar (José Martiniano de Alencar), advogado, jornalista, político, orador, romancista e teatrólogo, nasceu em Messejana (atual bairro de Fortaleza), CE, em 1º de maio de 1829, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1877. É o patrono da cadeira n. 23, por escolha de Machado de Assis.

Era filho do padre, depois senador, José Martiniano de Alencar e de sua prima Ana Josefina de Alencar, com quem formara uma união socialmente bem aceita, desligando-se bem cedo de qualquer atividade sacerdotal. É neto, pelo lado paterno, do comerciante português José Gonçalves dos Santos e de D. Bárbara de Alencar, matrona pernambucana que se consagraria heroína da revolução de 1817. Ela e o filho José Martiniano, então seminarista no Crato, passaram quatro anos presos na Bahia, pela adesão ao movimento revolucionário irrompido em Pernambuco.

As mais distantes reminiscências da infância do pequeno José mostram-no lendo velhos romances para a mãe e as tias, em contato com as cenas da vida sertaneja e da natureza brasileira e sob a influência do sentimento nativista que lhe passava o pai revolucionário. Entre 1837-38, em companhia dos pais, viajou do Ceará à Bahia, pelo interior, e as impressões dessa viagem refletir-se-iam mais tarde em sua obra de ficção. Transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro, onde o pai desenvolveria carreira política e onde frequentou o Colégio de Instrução Elementar. Em 1844 vai para São Paulo, onde permanece até 1850, terminando os preparatórios e cursando Direito, salvo o ano de 1847, em que faz o 3º ano na Faculdade de Olinda. Formado, começa a advogar no Rio e passa a colaborar no Correio Mercantil, convidado por Francisco Otaviano de Almeida Rosa, seu colega de Faculdade, e a escrever para o Jornal do Comércio os folhetins que, em 1874, reuniu sob o título de Ao correr da pena. Redator-chefe do Diário do Rio de Janeiro em 1855. Filiado ao Partido Conservador, foi eleito várias vezes deputado geral pelo Ceará; de 1868 a 1870, foi ministro da Justiça. Não conseguiu realizar a ambição de ser senador, devendo contentar-se com o título do Conselho. Desgostoso com a política, passou a dedicar-se exclusivamente à literatura.

A sua notoriedade começou com as Cartas sobre A Confederação dos Tamoios, publicadas em 1856, com o pseudônimo de Ig, no Diário do Rio de Janeiro, nas quais critica veementemente o poema épico de Domingos Gonçalves de Magalhães, favorito do Imperador e considerado então o chefe da literatura brasileira. Estabeleceu-se, entre ele e os amigos do poeta, apaixonada polêmica de que participou, sob pseudônimo, o próprio D. Pedro II. A crítica por ele feita ao poema denota o grau de seus estudos de teoria literária e suas concepções do que devia caracterizar a literatura brasileira, para a qual, a seu ver, era inadequado o gênero épico, incompatível à expressão dos sentimentos e anseios da gente americana e à forma de uma literatura nascente. Optou, ele próprio, pela ficção, por ser um gênero moderno e livre.

Ainda em 1856, publicou o seu primeiro romance conhecido: Cinco minutos. Em 1857, revelou-se um escritor mais maduro com a publicação, em folhetins, de O Guarani, que lhe granjeou grande popularidade. Daí para frente escreveu romances indianistas, urbanos, regionais, históricos, romances-poemas de natureza lendária, obras teatrais, poesias, crônicas, ensaios e polêmicas literárias, escritos políticos e estudos filológicos. A parte de ficção histórica, testemunho da sua busca de tema nacional para o romance, concretizou-se em duas direções: os romances de temas propriamente históricos e os de lendas indígenas. Por estes últimos, José de Alencar incorporou-se no movimento do Indianismo na literatura brasileira do século XIX, em que a fórmula nacionalista consistia na apropriação da tradição indígena na ficção, a exemplo do que fez Gonçalves Dias na poesia. Em 1866, Machado de Assis, em artigo no Diário do Rio de Janeiro, elogiou calorosamente o romance Iracema, publicado no ano anterior. José de Alencar confessou a alegria que lhe proporcionou essa crítica em Como e por que sou romancista, onde apresentou também a sua doutrina estética e poética, dando um testemunho de quão consciente era a sua atitude em face do fenômeno literário. Machado de Assis sempre teve José de Alencar na mais alta conta e, ao fundar-se a Academia Brasileira de Letras, em 1897, escolheu-o como patrono de sua cadeira.

Sua obra é da mais alta significação nas letras brasileiras, não só pela seriedade, ciência e consciência técnica e artesanal com que a escreveu, mas também pelas sugestões e soluções que ofereceu, facilitando a tarefa da nacionalização da literatura no Brasil e da consolidação do romance brasileiro, do qual foi o verdadeiro criador. Sendo a primeira figura das nossas letras, foi chamado “o patriarca da literatura brasileira”. Sua imensa obra causa admiração não só pela qualidade, como pelo volume, se considerarmos o pouco tempo que José de Alencar pôde dedicar-lhe numa vida curta. Faleceu no Rio de Janeiro, de tuberculose, aos 48 anos de idade. 

(Fonte: academia.org.br / https://bit.ly/2PTZ3gh)

quinta-feira, 11 de março de 2021

MULHERES EXCEPCIONAIS 4: NISE DA SILVEIRA

Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: Vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas ajuizadas.
É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade.”
Nise da Silveira

Conforme levantamento realizado pela OMS no ano passado, o Brasil ocupou em 2020 o 1º lugar no ranking de países com a população mais ansiosa do mundo, e no que diz respeito ao planeta como um todo, a OMS contabilizou quase 20 milhões de pessoas com algum tipo de transtorno emocional. E o que isso tem a ver com Nise da Silveira? Tudo, porque até os dias de hoje suas ações e estudos são motivo de inspiração de políticas públicas para o tratamento de transtornos mentais. Nise da Silveira, alagoana, formada em medicina psiquiátrica na década de 1930, se transformou ao longo do tempo em uma mulher plena em todos os sentidos, não ficando restrita aos estudos e e aos profissionais de sua área de formação.  Uma de suas primeiras e grandes lutas foi a de se posicionar contra a internação de pacientes psiquiátricos em manicômios e contra os métodos agressivos a que eram submetidos, tais como eletrochoque, camisa de força e confinamento, entre outros. Numa época em que o emprego de ocupações terapêuticas como tratamento era desdenhado pela medicina praticada nas instituições psiquiátricas do país, Nise foi pioneira no emprego da terapia ocupacional, de atividades artísticas e no contato com animais de estimação como formas de tratamentos mais humanizados de pacientes com transtornos mentais. Existem vídeo-documentários e livros sobre essas práticas e as produções artísticas dos pacientes, bem como a melhora de sua saúde mental.

Nise desenvolveu sua carreira como médica psiquiátrica depois que veio do nordeste para o Rio de Janeiro. Ali, casou-se com um conterrâneo que era médico sanitarista, Mario Magalhães e formaram um casal engajado nos círculos artísticos, literários e marxistas. Em 1933, após ter estagiado em uma clínica neurológica de renome, entrou para o serviço público, trabalhando no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental. No regime do Estado Novo, de Getúlio Vargas, entre os anos de 1936 e 1937, após ser denunciada por uma enfermeira à polícia política de Filinto Müller, Nise ficou 15 meses presa por conta de seu envolvimento com o comunismo. Na prisão, conheceu pessoalmente outro conterrâneo famoso, também comunista, o escritor Graciliano Ramos, que relata esse encontro em seu livro “Memórias do Cárcere”.

Em 1944, ao ser reintegrada ao serviço público, foi lotada no Hospital Pedro II (antigo Centro Psiquiátrico Nacional) e como era contra os métodos de tratamento agressivos e até mesmo brutais utilizados na época com os pacientes, em colaboração com o psiquiatra Fábio Sodré, introduziu a TO (terapia ocupacional) naquela instituição. A partir daí suas ideias ganharam adeptos e ela criou neste hospital a Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (STOR) do Centro Psiquiátrico Pedro II. Em 1954 essa seção foi regulamentada e somente em 1961 (quinze anos mais tarde!) a STOR foi oficializada através de decreto presidencial e Nise a dirigiu desde sua criação, em 1946, até sua aposentadoria compulsória, em 1974. Dentre as várias práticas terapêuticas desenvolvidas na STOR, a criação de um ateliê de pintura tornou a seção de práticas terapêuticas famosa pois Almir Mavignier, ex-funcionário do hospital e estagiário de Nise, acabou por se tornar um dos primeiros pintores abstratos do Brasil e professor da Escola Superior de Belas Artes Plásticas de Hamburgo, na Alemanha. Almir organizou a “Exposição de Arte Psicopatológica” no I Congresso Internacional de Psiquiatria, em Paris, em 1950, e depois, em 1957 a mostra “A Esquizofrenia em Imagens”, durante o II congresso Internacional de Psiquiatria, em Zurique, na Suiça, evento no qual Nise teve a oportunidade de conhecer pessoalmente o psicoterapeuta e teórico da teoria dos arquétipos que tanto admirava, Carl Jung (foto acima). Nise, através de seus estudos e convivência com os pacientes, foi quebrando vários paradigmas atribuídos aos pacientes de transtornos mentais e estabeleceu formas de comunicação e expressão não-verbais com os mesmos através das artes, da terapia ocupacional, do contato com animais de estimação, provando que muitas vezes há um mundo afetivo guardado dentro do paciente e que só pode ser expresso assim, sem palavras.

Embora desse crédito a todas as linhas de estudo da mente da época (Kraepelin, Bleuler, Scheneider, Simon, Freud, Jung), não se atinha a um único cientista. Os estudos de Carl Jung em psicologia profunda lhe deram suporte teórico para compreender e explicar a produção artística dos psicóticos no ateliê da STOR e o processo de psicose. Assim, acabou por fundar o Museu das Imagens do Inconsciente e o grupo de estudos Carl Jung, que funciona até hoje no Rio de Janeiro.

Nise da Silveira costumava dizer que seu conhecimento prático de psicologia ela aprendeu mesmo foi lendo Machado de Assis, na biblioteca de seu pai, e seus conhecimentos do homem, através dos textos de Karl Marx. Era também grande conhecedora da obra de Freud e lia seus trabalhos em várias línguas.

(Texto: André Luiz Gattás)

Leia abaixo trechos de biografias de Nise da Silveira (para ler na íntegra clique no link em destaque)


[...] Em 1954 travou contato com Jung através de cartas, onde discutia as mandalas de seus psicóticos. Desde então, Jung impressionou-se com o material do Museu de Imagens do Inconsciente e aconselhou Nise a estudar mitologia e religiões comparadas para encontrar a fonte ou arquétipos de tudo aquilo, que ele afirmava, como ela já percebera lendo suas obras, ser a manifestação do inconsciente coletivo. Jung lhe enfatizara que o inconsciente coletivo fala a linguagem dos mitos, que os mitos resumem toda experiência ancestral da humanidade simbolizada em figuras que ele denominou "arquétipos", e que o inconsciente coletivo era o depositário desta experiência e, portanto, das representações arquetípicas.[...]
(Fonte: CÂMARA, Fernando Portela. História da Psiquiatria – Vida e Obra de Nise da Silveira. Psychiatry on line Brasil, setembro de 2002 – vol. 7 – nº 9. Disponível em: https://bit.ly/3vfHDuI)


[...] Desde cedo teve contato com a obra de Spinoza, tendo, inclusive, publicado um livro intitulado "Cartas a Spinoza", que evidencia seu profundo conhecimento sobre o "teórico da loucura". [...]
[...] LG-Jung, para Você foi uma pista ou um mestre?
NS - As duas coisas. Une mestre e pista.
LG- No entanto Você não é apegada exclusivamente a ele...
NS - Ah! Claro. Eu tenho um encanto por Laing. Porque o que caracteriza meu trabalho em psiquiatria, meu entusiasmo pela psiquiatria, meu apego ao que se chama de psiquiatria, é a pesquisa do mundo interno do processo psicótico. Do que se passa no mundo interno do psicótico, sem desprezar naturalmente o mundo externo, porque nós vivemos simultaneamente em dois mundos, o mundo externo e o mundo interno. Mas o que acontece é que a maioria dos psiquiatras, mesmo atualmente, só valorizam o mundo externo. O movimento Baságlia, que eu aprecio, e estou de acordo de que estes velhos manicômios que se parecem prisões sejam implodidos, é um movimento que ao meu ver não se ocupa do mundo interno do paciente. [...]
(Fonte: SANTOS, Luiz G. P. Nise da Silveira. Scielo. Disponível em: https://bit.ly/3t9tiOA)


[...] De uma inteligência rara e inquietação gigantesca, Nise também inspirou quem conviveu com ela, como é o caso de Gonzaga Leal, artista e terapeuta ocupacional. Ele foi amigo pessoal da alagoana e afirma que "estar junto dela era objeto de amor". "A Nise, para mim, é uma grande inspiração. Ela era uma mulher de uma cultura muito superior e de uma curiosidade absurda; uma mulher que, como ela dizia, era um Lampião, no melhor sentido da coragem, de ser destemida e, além de tudo, uma nordestina; uma mulher que andava de braços colados com o seu desejo." [...]
(Fonte: DULCE, Emilly. Nise da Silveira: a mulher que revolucionou o tratamento mental por meio da arte. Brasil de Fato, 15/02/2018. Disponível em: https://bit.ly/3tdo4l7)


UMA VIDEOBIOGRAFIA DE NISE

(Fonte: canal FortificaeEmpodera - YouTube / https://bit.ly/3bCLeLQ)


FRASES DE NISE DA SILVEIRA

“Para navegar contra a corrente são necessárias condições raras: espírito de aventura, coragem, perseverança e paixão.”

“Não sou muito do passado. Sou do futuro. Quem olha demais para trás, fica.”

“A palavra que mais gosto é liberdade. Gosto do som desta palavra.”

“O que melhora o atendimento é o contato afetivo de uma pessoa com outra. O que cura é a alegria, o que cura é a falta de preconceito.”

"É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade."

“As coisas não são ultrapassadas tão facilmente, são transformadas.”

“A criatividade é o catalisador por excelência das aproximações de opostos. Por seu intermédio, sensações, emoções, pensamentos, são levados a reconhecerem-se entre si, a associarem-se, e mesmo tumultos internos adquirem forma.” (no livro "Imagens do inconsciente". Rio de Janeiro: Alhambra, 1981, p.11.)

MAIS SOBRE NISE DA SILVEIRA

"Nise da Silveira Posfácio: Imagens do Inconsciente" - Documentário de Leon Hirszman, produzido entre 1986 e 2014. Entrevista feita em 15 e 19 de abril de 1986.

(Fonte: canal Iara Simonetti Raci - YouTube / https://bit.ly/3l4FOMq)

Imagens do Inconsciente - parte 1/2, de Leon Hirszman, produzido entre 1983 e 1985, surgiu de um grande trabalho de cooperação entre Leon Hirszman e a psicanalista junguiana Nise da Silveira.
(Fonte: canal Tony Luis - Livre para Pensar - YouTube / https://bit.ly/3vgIAmv)

Imagens do Inconsciente - parte 2/2, de Leon Hirszman, produzido entre 1983 e 1985, surgiu de um grande trabalho de cooperação entre Leon Hirszman e a psicanalista junguiana Nise da Silveira.

 (Fonte: canal Tony Luis - Livre para Pensar - YouTube / https://bit.ly/3tddkTR)

Para conhecer um pouco mais sobre a psiquiatra alagoana, assista ao filme Nise - O coração da Loucura, lançado em 2016, estrelado por Glória Pires e dirigido por Roberto Berliner. Confira o trailer abaixo.

(Fonte: canal TvZERO - YouTube / https://bit.ly/3qCv1u4)


DICA: O filme BICHO DE SETE CABEÇAS tem tudo a ver com os temas estudados e vivenciados por Nise da Silveira em toda sua vida. Com Rodrigo Santoro e Othon Bastos. 
Seu Wilson (Othon Bastos) e seu filho Neto (Rodrigo Santoro) possuem um relacionamento difícil, com um vazio entre eles aumentando cada vez mais. Seu Wilson despreza o mundo de Neto e este não suporta a presença do pai. A situação entre os dois atinge seu limite e Neto é enviado para um manicômio, onde terá que suportar as agruras de um sistema que lentamente devora suas presas.
Assista na íntegra, abaixo.

(Fonte: canal Rafael Vieira Pires - YouTube / https://bit.ly/2Okoibg)

MULHERES EXCEPCIONAIS 3: SIMONE DE BEAUVOIR

Não se pode falar em Simone de Beauvoir sem falarmos de Jean-Paul Sartre, seu companheiro de uma vida toda. Sartre, filósofo conhecido como pai do “existencialismo”, diz que a liberdade e a autenticidade de cada ser humano são essenciais, não importa a angústia que tal liberdade possa nos trazer; diz que são nossas escolhas que definem nossa essência e podem afetar nosso próprio mundo; diz ainda que, ao invés de aceitarmos os valores prontos de uma religião ou tradição qualquer, devemos nos conscientizar que cada ser humano é único e completamente responsável por seus atos, valores e sentidos. Nessa mesma linha de pensamento, em sua obra O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir diz: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre macho e o castrado que qualificam o feminino”. Simone faz uma separação entre os conceitos de sexo, que é um fator biológico, o corpo humano e gênero, que para ela são todas as características que a sociedade associa ao que é “ser mulher” e “ser homem”. Portanto, para ela, o gênero não está ligado à natureza biológica mas à uma elaboração social, ou seja, algo que tem sido criado de maneira diferente em cada sociedade humana ao longo da história, construindo padrões de ação e comportamento para os gêneros masculino e feminino. Para a filósofa, há ainda um terceiro fator que difere do gênero ou do sexo, que é a orientação sexual, a qual nos remete a quais gêneros nos sentimos atraídos física, romântica ou emocionalmente.

Detentora de uma grande produção intelectual através de ensaios, tratados, peças de teatro, manifestos, romances, contos, novelas, relatos de viagem, memórias, cartas, diários e reportagens, observa-se sua grande contribuição para o “existencialismo”, a fenomenologia¹ e a filosofia feminista.
Outro tema de estudo importante que faz parte de sua obra desde seus primeiros textos, escritos na década de 1940, é a ética, já que em consequência das situações criadas pela Segunda Guerra Mundial na Europa, especificamente em seu país, a França, deparou-se com questões como a resistência, o colaboracionismo², o desengajamento ou neutralidade política de alguns cidadãos, a legitimidade da violência contra os invasores e os colaboracionistas, e a responsabilidade em relação aos outros indivíduos. Por isso, para Simone de Beauvoir, a velha ideia de que “os fins justificam os meios” não combina com uma atitude ética em relação a tudo na vida, inclusive quando nos deparamos com uma situação de violência ou estamos enfrentando um opressor.

(Texto: André Luiz Gattás)

1.  1.  Fenomenologia é o estudo de um conjunto de fenômenos e como se manifestam, seja através do tempo ou do espaço. É uma matéria que consiste em estudar a essência das coisas e como são percebidas no mundo.
2. A palavra colaboracionismo deriva do francês collaborationniste, termo atribuído àquele que tende a auxiliar ou cooperar com o inimigo. Entendida como forma de traição, refere-se à cooperação do governo e cidadãos de um país com as forças de ocupação inimiga.

Curiosidade

Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre
, visitaram o Brasil em 1960, passando por dez cidades, em sua maioria capitais. A maior parte do roteiro da viagem foi organizada pelo casal de escritores Jorge Amado e Zélia Gatai, de quem se tornaram amigos na França, em reuniões do Partido Comunista. Essa viagem do ilustre casal de filósofos foi amplamente divulgada na mídia da época (jornais, revistas e televisão). Tiveram encontros com personagens comunistas 
históricos como o político Carlos Prestes e o arquiteto Oscar Niemeyer. Porém, o local que mais mereceu destaque, foi sua passagem por nossa cidade, Araraquara, onde Sartre proferiu uma conferência sobre filosofia, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que na época ficava situada onde hoje temos a Casa da Cultura, na Rua São Bento. Na foto acima, à esquerda vemos o filósofo e professor da FFCL, Fausto Castilho, responsável pela vinda do casal à Araraquara.
Conferência na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara

Na foto acima  o casal Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre passeiam pelas ruas de Araraquara com o escritor baiano Jorge Amado (à direita).

(Texto: André Luiz Gattás)

[...] No ano dia 04 de setembro de 2018, Araraquara comemoramos 58 anos da visita do filósofo Sartre à cidade de Araraquara e relembramos que sua vinda ao nosso município se deu pelo filósofo Fausto Castilho, docente na época da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, hoje FCLar/UNESP. [...]

[...] A palestra proferida no dia 04 de setembro de 1960, na então Faculdade de Filosofia, hoje atual Casa da Cultura, na sala que posteriormente seria nomeada com o nome do filósofo, teve na plateia aproximadamente 100 pessoas, entre elas Ruth Cardoso, socióloga e ex-primeira-dama, Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente do Brasil; Bento Prado Jr., filósofo da USP, Jorge Nagle, ex-reitor da UNESP, Miriam Moreira Leite, educadora da USP,  Dante Moreira Leite, psicólogo, Antonio Candido, professor aposentado de Teoria Literária da USP, Gilda Mello e Souza, ensaísta, professora de Estética da USP, Nilo Scalzo – jornalista, Michel Debrun, francês, professor-visitante da USP, José Celso Martinez Corrêa, dramaturgo, criador do Teatro Oficina, Dante Tringalli, professor aposentado de Latim da UNESP, José Aluysio Reis de Andrade, professor aposentado de Filosofia da UNESP, Jorge Amado, entre outras autoridades.
Nesse mesmo dia, Sartre e Simone tiveram um encontro com estudantes e trabalhadores rurais, no antigo Teatro Municipal da cidade de Araraquara. [...]
(Fonte: portal RCIA / https://bit.ly/3cgoLDl)

Para ler a reportagem sobre essa visita na íntegra acesse:
- acervo.oglobo.globo.com /   https://glo.bo/3eixzez)
- unesp.br / https://bit.ly/38kVK89

[...] Beauvoir fez uma concorrida conferência na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), frequentada quase que exclusivamente por mulheres. Entre outras atividades, escreveu um perfil de Sartre para o suplemento cultural de O Estado de São Paulo e foi entrevistada para o caderno feminino do mesmo jornal. A matéria sobre ela abre da seguinte forma, como se pode ler nos valiosos arquivos do Estadão, muito importantes para este texto. Mantenho a grafia original “De Simone de Beauvoir é um dos mais lúcidos e interessantes estudos sobre a condição da mulher: O Segundo Sexo, fundamentado no princípio de que não existe uma dada natureza feminina mas uma situação feminina imposta.” [...]
(Fonte: VAZ, Alexandre Fernandez. Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir: uma visita, muitas ideias – exclusivo. Pensar a Educação em pauta, 08/11/2017. Disponível em: https://bit.ly/3qnyrRz)

[...] BEAUVOIR HOJE
Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir parecem ser os autores mais importantes para muitos movimentos sociais contemporâneos. Em grande medida, os movimentos feministas e LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) trabalham com a reinvindicação de liberdade de construção e reconhecimento de suas identidades. Por exemplo, a mundialmente conhecida Marcha das Vadias, manifestação feminista iniciada no Canadá, luta contra diversas formas de violência contra a mulher. Faz parte dos ideais do movimento combater a noção de que a mulher, devido às suas roupas ou comportamento, seria a culpada pela violência sofrida: cada uma pode construir sua personalidade à sua maneira, como propõe Beauvoir, não cabendo nem ao homem nem ao Estado ditarem as normas de comportamento feminino. Cabe a ele, pelo contrário, ajudar na luta contra a cultura do estupro.
(Fonte: guiadoestudante.abril.com.br / https://bit.ly/3t0sCel)

Assista abaixo a alguns vídeos que retratam a vida e a obra de Simone de Beauvoir

Entrevista feita pela Radio-Canada, em Paris, em 1959, cuja transmissão foi censurada pelo arcebispo de Montreal. Aqui, Simone discorre sobre existencialismo, religião, casamento, amor livre, dentre outros temas
(Fonte: canal Alonso Moreira - YouTube / https://bit.ly/3qupeHd)

Djamila Ribeiro, mestre em filosofia e política, fala, nos três vídeos abaixo sobre:
a. a importância do pensamento de Simone de Beauvoir para o feminismo. E conta que a filósofa francesa escreveu O Segundo Sexo em 1949, quando ela própria ainda não se entendia como feminista. O livro faz uma reflexão sobre a condição da mulher e serve até hoje como ponto de partida para outras diversas teorias ligadas às questões da mulher e às questões de gênero;
b. sobre a frase "Não se nasce mulher, torna-se", de Simone de Beauvoir e também explica o conceito criado pela filósofa francesa de que a mulher é sempre o "Outro do homem";
c. a militância feminista de Simone de Beauvoir e sua aproximação com os movimentos de luta contra o racismo.
(Fonte: canal VOCÊ É FEMINISTA E NÃO SABE - YouTube / https://bit.ly/3rvykEX)

(Fonte: canal VOCÊ É FEMINISTA E NÃO SABE - YouTube / https://bit.ly/3t2YQG2)

(Fonte: canal VOCÊ É FEMINISTA E NÃO SABE - YouTube / https://bit.ly/3cdyWbG)

Professora preparadora para prova do ENEM fala sobre a obra de Simone de Beauvoir
(Fonte: canal Se Liga - Enem e Vestibulares - YouTube / https://bit.ly/38iTsXe)

Neste trecho de reportagem em homenagem aos seus 80 anos, cedida ao canal de assinaturas Globo News, a atriz Fernanda Montenegro recita parte de uma obra de Simone Beauvoir.
(Fonte: canal Daniel Aquino - YouTube / https://bit.ly/3kXEk6E)

PRINCIPAIS OBRAS DE SIMONE DE BEAUVOIR:
- Memórias de uma Moça Bem-Comportada
- A Força das Coisas
- Tudo Dito e Feito
- O Segundo Sexo
- Uma Morte Suave 

Biografias de Simone de Beauvoir
- FRAZÃO, Dilva. Simone de Beauvoir - escritora e filósofa francesa. Site: ebiografia. Disponível em: https://bit.ly/30pMzim
- MOREIRA, Daniela Fernanda Feliz. Simone de Beauvoir. Site: InfoEscola. Disponível em: https://bit.ly/3qvsOAK
- MARCELO, Carolina. Simone de Beauvoir: biografia e principais obras. Site: Cultura Genial. Disponível em:  https://bit.ly/3rItnbC

sexta-feira, 5 de março de 2021

MULHERES EXCEPCIONAIS 2: NINA SIMONE

O sucesso de Nina Simone cresceu paralelamente aos conflitos raciais que se desenvolveram nos EUA entre 1954 a 1968. Embora desde criança tenha sofrido os efeitos danosos do racismo, Nina foi muito perseverante em se tornar a primeira pianista erudita negra do país. Filha de um marceneiro e de uma empregada doméstica que era ministra metodista, acabou realizando seu sonho e também se tornou pianista e cantora de jazz, blues e gospel. Foi na igreja que ela teve seu contato com o piano aos 4 anos de idade, e a partir dali se desenvolveu na música. Teve um grande apoio de sua professora de piano, Muriel Mazzanovich, que além de a iniciar na música clássica, criou um fundo social para que Nina pudesse continuar estudando piano. Nina tornou-se uma das primeiras artistas negras a frequentar a renomada Julliard School, em Nova Iorque. Quando terminou seu curso, pretendendo dar continuidade a seus estudos em piano clássico, tentou um bolsa de estudos através de uma famosa instituição da Filadélfia, o Curtis Institute, mas apesar de seu enorme talento, teve seu pedido recusado por ser negra. Sem dinheiro para sustentar seus objetivos e sonhos, passou a tocar piano em um bar em Atlantic

City e acabou por cantar por insistência do proprietário. A partir daí, seu talento foi notado por uma gravadora e Nina começou sua vida profissional no mundo da música. Seu ativismo político contra as leis de segregação racial que vigiam nos EUA foi prejudicando gravemente sua carreira, fazendo com que perdesse contratos com as gravadoras. Nina despertou para sua condição de mulher negra oprimida em um país extremamente racista e violento contra os negros após um atentado racista, no qual quatro crianças negras morreram em uma igreja batista, na cidade de Birmingham, Alabama, no sul do país, logo após o assassinato de um ativista negro no Mississipi. A partir desses fatos, Nina começou a se conscientizar mais e mais sobre o que era ser negra no contexto social norte-americano da época e incluiu o ativismo político em prol dos direitos civis e da luta contra o racismo em suas composições e performances artísticas. Através de suas composições podemos traçar a história das lutas contra as injustiças sofridas pelos negros naquele país, algumas delas se tornando verdadeiros hinos que explicitavam revolta, raiva e desespero. O movimento negro continuou sofrendo vários golpes com o passar dos anos, mas o maior deles ocorreu com a morte de seu principal líder, Martin Luther King, assassinado a tiros em 4 de abril de 1968.
Em sua homenagem Nina compôs “Why? The King of Love Is Dead” (Por que? O Rei do Amor Está Morto), cantando-a em seu funeral. Depois de muitas batalhas, lutas, desgastes na vida artística e pessoal também, Nina resolveu se afastar dos palcos e deixou os EUA em 1970. Viveu em Barbados, no Caribe, depois foi para a Libéria, na África, onde ficou por dois anos e finalmente chegou à Europa, morando na Suíça, na Holanda e por último na França, onde se fixou. Durante sua vida teve muitos romances sem finais felizes e chegou a revelar que era bissexual. “Pra mim, a liberdade é não ter medo”, costumava dizer.
Essa sua frase valia também para suas apostas em estilos musicais os mais diversos, já que apesar de muitos hits emplacados, também teve muitos fracassos. Dona de uma voz singular e de muito carisma e sentimento em suas interpretações vocais, além do fato de ser uma exímia pianista nos mais variados estilos e técnicas, Nina é até hoje respeitada e serve como referência para músicos profissionais do mundo todo. Na década de 1990 ela esteve no Brasil e fez um show no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, para 35 mil pessoas. Faleceu em 2003, deixando marcado na história a beleza e força de suas interpretações, sua coragem e seu talento revolucionário.  
(Texto: André Luiz Gattás)









Assista a algumas performances de Nina Simone pelo mundo

Nina Simone canta "My Baby Just Cares For Me" no show Music Of The Millennium
(Fonte: canal soulbrotherjimmy - YouTube / https://bit.ly/3ecyPzS)

Nina Simone- "Work Song" Live (Merv Griffin Show 1966)

(Fonte: canal Merv GriffinShow - YouTube / https://bit.ly/3bjjM5z)

Nina Simone ao piano cantando "Love Me Or Leave Me" no programa de Ed Sullivan
(Fonte: canal Víctor Pérez - YouTube /https://bit.ly/3GjkaOK)

Assista a entrevistas com Nina Simone falando sobre a negritude e outros assuntos
(Fonte: canal Pedro Cardoso - YouTube / https://bit.ly/3bhiyHN)

(Fonte: canal Undercover - YouTube / https://bit.ly/30dLo5x)

Filmes que contam a vida de Nina Simone:
- Nina (EUA/2016): Conta a história da musicista de jazz e pianista clássica, incluindo sua ascensão à fama e seu relacionamento com o empresário artístico Clifton Henderson.
- What Hapened to Miss Simone? (O Que Aconteceu com a Senhorita Simone?) - documentário da NETFLIX
DicaDe Clementina a Nina Simone; de Marie Curie a Angela Davis: filmes e séries para assistir no Dia Internacional da Mulher, 08 de março, nos canais por assinatura Curta! e Curta!On (https://bit.ly/3qfQcC1)

quinta-feira, 4 de março de 2021

MULHERES EXCEPCIONAIS 1: Chiquinha Gonzaga

Como em março comemora-se o Dia Internacional da Mulher, vamos homenageá-las contando aqui um pouco da vida e fatos importantes de algumas mulheres brasileiras e estrangeiras que são excepcionalmente notáveis. E para começar, vamos falar de uma brasileira que quebrou vários paradigmas e enfrentou vários preconceitos com muito talento, sofrimento, suor, mas sobretudo, coragem, perseverança e trabalho. Estamos falando de Chiquinha Gonzaga, cujo pioneirismo batia de frente com o establishment¹ do Segundo Império, no Brasil, 
e seu olhar machista e dominador sobre as mulheres. Entre seus feitos, Chiquinha foi a primeira mulher a reger uma orquestra, foi autora da primeira marchinha de carnaval, divorciou-se duas vezes (o que já era um escândalo, motivo para ser "mal-falada") e, para dar o que falar, aos 52 anos casou-se com seu aluno de piano, que tinha apenas 16. Enfrentou tudo isso, sempre compondo, regendo, tocando e lutando por sua categoria profissional até quase seus 90 anos. Conquistou sua liberdade, fazendo o que amava e sendo quem queria ser, e conquistando, também, o respeito dos maiores músicos da época e das pessoas da classe alta. Além disso, conseguiu levar a música popular para os salões da elite carioca! Isso é que é ser um "mulherão"! Chiquinha era mestiça, filha de um militar com uma escrava alforriada.
1. Establishment significa a ordem econômica, política e legal que constitui uma sociedade e um Estado.
(Texto: André Luiz Gattás)

Para entendermos mais sobre como era o mundo, o contexto social da época em que Chiquinha Gonzaga viveu

A Mestra do Mundo que trazemos a esta obra, viveu entre o século XIX e o primeiro terço do século XX. Nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1847, no Brasil Império, ex-Colônia portuguesa. Seu nome de família: Francisca Edwiges Neves Gonzaga, filha bastarda de José Basileu Neves Gonzaga, “militar de ilustre linhagem”, e de Rosa, escrava alforriada. Trazendo o sangue de escravos em suas veias, também trouxe a capacidade e a coragem para romper com as estruturas patriarcais da sociedade em que nascera.
– Abram alas que eu quero passar! [...]
Francisca cresceu no fechado mundo de uma casa-grande saindo do domínio do pai para o do marido. Viveu em um período da história em que o país passava por intensas mudanças visando o rompimento com seu passado escravocrata e colonial. Ainda criança pequena viu a proibição do Tráfico Escravo (1850), depois, a promulgação da Lei do Ventre Livre (1871), a seguir a Lei dos Sexagenários (1885) e, finalmente, acompanhou a promulgação da Lei Áurea da Abolição da Escravatura (1888). Quando o Brasil chegou à República (1889), Francisca já havia publicado suas composições (1877), se “anunciara publicamente como professora de várias matérias” (1880), se fizera compositora musical e havia estreado como maestrina (1885). Talvez por ter sido pioneira, tenha sido apagada, esquecida, da história hegemônica, durante cinquenta anos. No final do século passado, no entanto, sua biografia foi recuperada, e, por tal, podemos trazê-la a estaobra. Trazemos Francisca Edwiges Neves Gonzaga para ocupar seu espaço como a Chiquinha Gonzaga, Mestra do Mundo, a mulher que se auto-afirmou musicista, admitiu suas paixões, transformou-se e criou seu lugar na história dos saberes populares. É ela que nos diz cantando: Abram alas que eu quero passar! [...]

(Fonte: LEITE, Denise. Chiquinha Gonzaga. Alice Strange Mirrors Unsuspected Lessons, 2020-10-12. Disponível em: https://bit.ly/3sMo1MO)

O repertório de Chiquinha abrange mais de 77 peças de teatro e 2 mil músicas, e é interpretado por nomes importantes do cenário cultural, como o compositor Pixinguinha (1897-1973). A artista é retratada no teatro na peça Ó Abre-Alas, de Maria Adelaide Amaral, (1983); na televisão, na minissérie Chiquinha Gonzaga, de Jayme Monjardim, da TV Globo, (1999); e em sambas-enredos das escolas Mangueira e Imperatriz Leopoldinense.
Chiquinha Gonzaga tem um papel crucial na mediação cultural entre as ruas e as salas de concerto, com composições que partem da influência tradicional europeia para criarem algo novo e nacional. A trajetória corajosa da artista antecipa bandeiras feministas da segunda metade do século XX, nos âmbitos pessoal e profissional. 
(Fonte: enciclopediaitaucultural.org.br / https://bit.ly/3ecbfDc)

Observação: Para ler a biografia completa de Chiquinha Gonzaga acesse https://cutt.ly/Ol6btNV (Wikipedia.org)

Assista a este vídeo em que o pianista e youtuber Franz Ventura conta com muito humor a história da vida de Chiquinha Gonzaga.

(Fonte: canal Franz Ventura - YouTube / https://bit.ly/30pQlIV)

Conheça algumas das composições mais famosas de Chiquinha Gonzaga

1. Gaúcho, o Corta-Jaca
(Fonte: canal Hercules Gomes - YouTube / https://bit.ly/3v2HOd1)

2. Atraente
(Fonte: canal Hercules Gomes - YouTube / https://cutt.ly/Ll5VrID)

3. Maxixe
(Fonte: canal Olinda Allessandrini - YouTube / https://cutt.ly/xl5VBJr)

4. Gaúcho, o Corta-Jaca
(Fonte: canal Lysia Condé - YouTube / https://cutt.ly/7l5NvQt)

5. A Meia Noite!...
(Fonte: canal Priscila Matos - YouTube / https://cutt.ly/Rl6cZV1)

6. Lua Branca
(Fonte: canal Sr. Brasil - YouTube / https://bit.ly/2O2IT3T)

6. Ó Abre Alas
(Fonte: canal Guia de Mídia do Brasil - YouTube / https://cutt.ly/Rl6k248)

7. Coreografia de maxixe (o ritmo que era um escândalo no final de século XIX, tornou-se muito popular nos salões de baile das primeiras décadas do século XX durante a chamada "Belle Époque"
(Fonte: canal Bailado Gaúcho - YouTube / https://cutt.ly/Hl6QkUx)



Assista à algumas cenas curtas da minissérie Chiquinha Gonzaga (criada por Lauro Cesar Muniz e dirigida por Jayme Monjardim - Rede Globo/1999) nas quais estão representadas as danças polca e lundu, e que ao se misturarem deram origem ao que se chama de maxixe.
(Fonte: canal Eliza Rebeca Vasquez - YouTube / https://cutt.ly/ql52ynr)

ANO 2024 - Bem-vindos!

CARDÁPIO DO MÊS - Abril 2024

O projeto CARDÁPIO DO MÊS tem por objetivo chamar a atenção dos usuários da Sala de Leitura para determinadas obras que a cada mês são sel...